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O Professor
S. Ribeiro

Resumo:
Uma história curta de paixão e desejo. Não recomendado para pessoas pudicas.

     Era quase noite, estava saindo da minha última aula da faculdade, um laboratório que se estendeu além do horário normal. Esta escuro e ventava frio. Os postes já começavam a iluminar o caminho que eu precisava percorrer para pegar o ônibus como sempre. Já estava me preparando mentalmente para a enorme fila que eu teria que enfrentar na parada, cheia de estudantes para poder pegar o maldito 110 que sempre lotava.
     Saindo do prédio eu o vi, o professor gato que eu tanto desejava platonicamente, parado na entrada mexendo no celular. Aqueles olhos azuis que me hipnotizavam durante a aula e um cabelo perfeitamente liso e loiro. Como eu tinha vontade de passar a mão em seus cabelos e sentir a maciez, mas só nos meus sonhos... eu nunca sei me portar normalmente perto dele, fico sempre imaginando como seria beijar aquela boca.
     - Boa noite, professor - eu disse, como quem não quer nada.
     - Boa noite. E parabéns, você foi muito bem na minha prova. A melhor nota. - ele diz com um sorriso de me tirar do chão.
     - Que bom. - sorrio de volta.
     - Indo para casa, já?
     - Sim, tentar enfrentar a fila do ônibus, a viagem vai ser longa até chegar em casa.
     - Quer uma corona? Já estou saindo também.
     - Obrigada, mas eu moro muito longe, eu pego o metrô.
     - Posso te deixar em uma estação, não tem problema.
     Fico pensando se devo ir, não vou me sentir muito confortável com ele sozinha no carro, só espero não fazer papel de idiota. Vou arriscar. Mas sobre o que eu vou falar com ele?? Me dá um branco toda vez que eu o vejo. Não sou exatamente o tipo extrovertido de mulher.
     - Tudo bem, então. - E me arrependi de ter falado isso um segundo depois. Pensei na merda que isso ia dar.
     Caminhamos até o carro, não dava mais pra voltar atrás, não sabia se ria ou se chorava. Acho que ele percebeu meu sorriso de canto de nervosa, porque vi ele sorrir também. Sabe aquele sorrisinho malicioso? Esse mesmo.
     Sempre achei que ele sentia um pouquinho de atração por mim também, ele olhava muito durante as aulas, até mesmo porque não tem muitas mulheres na sala de aula. E um amigo meu também mencionou algo sobre isso. Até comentou um dia quando eu tinha faltado uma aula que ele tinha perguntado por mim. Ou podia ser viagem minha também... Melhor não pensar demais em algo que nunca vai acontecer. Ele é meu professor, deve ter alguma norma que proíbe que professores se relacionem com alunos. Mas ninguém precisa saber... Tenho que parar de viajar!
     Mil coisas passaram na minha cabeça. Que bom que estava bonita, ou quase isso, cabelo bem cuidado e a maquiagem bem simples.
     - Se importa se eu passar em casa rapidinho? Preciso pegar o carregador do meu celular, estou esperando um e-mail importante. É aqui perto. - Disse ele, quando entramos no carro.
     - Tudo bem, não estou com pressa. - Eu disse, pensando que queria sumir dali e pular em cima dele ao mesmo tempo.
     Conversamos sobre amenidades e sobre a faculdade durante o caminho. E eu não conseguia parar de pensar em onde isso ia acabar, mesmo já sabendo no que ia dar. Nervosa, feliz, preocupada...
     Chegamos no prédio dele, e ele perguntou se eu queria subir pra comer alguma coisa ou beber uma água. Como eu não sou burra, lógico que eu fui. A tensão já estava tão grande que eu tentava controlar a minha respiração pra não ficar tão forte e pesada e não dar tão na cara, apesar de que ele já tinha percebido. O elevador foi uma tortura.
      - Tá bem bagunçado. Casa de homem. - Falou enquanto abria a porta e me deixou entrar primeiro.
     - Até que não está tão ruim. Parece a casa de um professor. - A verdade é que o lugar parecia bastante aconchegante. Muitos livros por todos os lugares, anotações em cima da mesa, próximo ao computador.
     - Pode ficar a vontade, já volto. - E sumiu por um corredor. Assumi que foi colocar o celular para carregar.
     Me senti deslocada. Não sabia o que pensar. Não parecia nada certo estar ali. Queria ir embora, mas também queria ficar. Então respirei fundo para tentar organizar meus pensamentos e tentar diminuir os meus batimentos, acho que estava ficando vermelha àquele ponto, precisava respirar fundo e parar de pensar demais.
     - Quer beber algo? - Falou quando voltou, me pegando meio que surpresa durante minha meditação. Já estava mais calma.
     - Água, por favor.
     Fomos para a cozinha. No caminho ele esbarrou em mim sem querer e eu senti como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo. Era o mesmo efeito de todas as vezes que ele me tocou durante as aulas. Às vezes, ele se mantinha tão próximo que eu mal podia respirar. Como temos a mesma altura, nossos olhos ficavam no mesmo nível, e olhos azuis me hipnotizam de uma forma que eu não consigo explicar. Mas não é qualquer azul, é um azul muito claro e profundo que parecia ver através de mim. Me sentia exposta e atraída por ele.
     - Então, pensou na minha proposta? - Ele me perguntou de repente, e eu fiquei confusa. - De trabalhar no laboratório, na área de projetos, é uma ótima oportunidade, e sei que seria muito bom pra você.
     Tinha esquecido disso.
     - Sim, eu gostaria muito, mas fico em dúvida, tem tantas opções boas. Não sei o que escolher. - Isso era verdade.
     - Eu posso te ajudar. Vamos marcar uma reunião semana que vem, você vê as opções que mais te interessam. Podemos discutir os detalhes e você escolhe um.
     - Parece uma boa ideia. Eu dei uma pesquisada no site, mas não tinham muitas informações. Mas, com certeza, quero participar de algum. Seria bom focar em alguma coisa no momento.
     - Está com algum problema? - Ele perguntou interessado.
     - Não, só um pouco perdida academicamente. - Falei rindo.
     Ele estava do outro lado da mesa que havia no meio da cozinha. Apoiado no encosto de uma cadeira ainda em pé, olhando pra mim com um sorriso de lado.
     - Quem sabe isso não me guia um pouco.
     Terminei minha água e coloquei na pia, onde eu estava encostada. Virei e ele estava na minha frente, muito perto, desconfortavelmente perto, tão lindo e eu não podia resistir àquilo. Eu sei quando um homem me quer, e eu sei dar os sinais pra ele saber que eu também quero. Desde a hora que eu aceitei entrar no carro dele ele já sabia. E ele estava ali, não havia como fugir, e eu também não queria. Ele foi se aproximando lentamente, como que se me testasse pra saber se eu ia fugir. Mas não, fiquei parada, sem desviar os olhos dos dele, vendo aquele olhos se aproximando lentamente. Estava tão absorta que não percebi muito bem quando os lábios dele tocaram os meus, porque já estava acontecendo. Um beijo leve mas cheio de desejo. Eu respondi beijando-o da mesma forma, um beijo gostoso, macio... Ele se afastou por um segundo para ver a expressão no meu rosto. Depois de saber que eu queria tanto quanto ele, me beijou com mais força, com um desejo ardente, me pressionando contra a bancada, era tão gostoso sentir a mão dele passeando pelas minhas costas, meu cabelo...
     - Você é tão linda. - Dizia enquanto beijava meu pescoço. - Eu não conseguia parar de te olhar durante as aulas.
     - Acho que eu percebi isso. - E dei uma gargalhada.
     Ele riu e continuou a me beijar com urgência. Ele me desejava tanto quanto eu o desejava. Me apertou forte contra ele e eu senti seu membro duro pela calça contra minha virilha e senti um tesão enorme. Não falamos muito, continuamos a pegação.
     O telefone dele começou a tocar.
     - Merda! - Ele falou irritado por termos sido interrompidos. - Eu preciso ver quem é, pode ser importante. - Falou com ar de condescendência.
     - Tudo bem, vai lá, não vou sair daqui. - Ele me deu um selinho e foi atender o telefone.
     Comecei a pensar, obviamente. Precisava me preparar psicologicamente pra isso. Eu queria, ele queria, que mal faria, não é? Não ia deixar uma oportunidade dessas passar assim.
     Ouvi ele falando no quarto, coisas de trabalho aparentemente. Fui pra lá, como quem não quer nada, fiquei encostada na porta. Ele falava ao telefone olhando pra mim, com uma carinha tão doce. Falou por mais alguns segundos e se despediu, ainda olhando pra mim.
     - Isso é muito errado. - Falou com olhar de zombeteiro.
     - Eu não vejo nada de errado aqui. Só duas pessoas que se desejam fazendo o que querem fazer. Não se preocupe, não contarei a ninguém. - Falei andando em direção dele.
     Ele segurou a minha mão ainda sentado na cama. E se levantou, olhou fundo nos meus olhos. Passou a mão pelo meu rosto delicadamente e depois pelo meu cabelo, atento aos detalhes. Pousou a mão no meu pescoço e começou a me beijar de novo, docemente.
     Passeou as mãos pelo meu corpo, testando os limites. Naquele momento, não havia mais limites. Comecei a desabotoar sua camisa, e ele começou a beijar meu pescoço. Ele tirou a camisa e depois a minha. Só de sutiã, já completamente exposta e entregue ele me deitou de costas na cama. Começou a beijar meu corpo, começando pelos ombros, descendo pela barriga, usando as mãos para massagear meu seios. Foi beijando a linha nos limites da calça, estava sensível, sentia cada beijo como uma descarga elétrica. Ele abriu o zíper e tirou a minha calça. Fiquei feliz por estar usando uma calcinha boa no dia de renda, fio dental. Depois tirou a dele.
     Começou a passar a mão sobre a minha calcinha me deixando mais excitada ainda. Ele sabe o que faz, por isso que eu gosto de homens mais experientes. Eles sabem como enlouquecer uma mulher. Estava já me contorcendo de desejo. Ele baixou a alça do meu sutiã sem tirá-lo totalmente, revelou um dos meus seios olhando pra mim, isso só me deixava mais louca, começou a lambê-lo ainda olhando pra mim, e gemi alto de tesão...

† † † †

     Acordei meio perdida, desnorteada. Numa cama estranha. Por um segundo havia esquecido onde estava. Achando que tinha acabado de ter um sonho incrível, daqueles que você nunca quer acordar. Mas ele estava ali, do meu lado, ainda dormindo. Tão bonito, seus cabelos loiros bagunçados. Olhei a hora, haviam passado três horas desde que eu tinha entrado naquele carro. Olhei meu celular, vi que não havia mensagens e fiquei mais tranquila.
     Ele se mexeu do meu lado e abriu os olhos.
     - Oi. - Eu falei, com olhar de culpada.
     - Oi. - Ele suspirou. Me olhou com olhos meio fechados ainda. - Isso foi incrível. Está tudo bem? - Me perguntou preocupado.
     - Está sim. Também gostei. - Estava com uma expressão pensativa no rosto.
     - Posso te fazer uma pergunta?
     - Olha, não se preocupa, nunca vou contar pra ninguém. - As palavras simplesmente saíram da minha boca. Ele riu, olhando para baixo.
     - Eu sei disso, você não é do tipo que gosta de fofocas e intrigas. Não era isso que eu ia te perguntar.
     Ele é muito observador, ou tinha me observado por algum tempo. Eu já não sentia o nervosismo do início. Já havia me exposto completamente, estava confortável. Estávamos deitados de lado virados um para o outro.
     - O que eu queria saber era se você já tinha ficado com algum cara mais velho antes, pode ser estranho pra você.
     - Já sim, na verdade, prefiro assim. Gosto de caras mais velhos. Meu último namorado era mais velho que você, então acredite, isso não é problema. - Passei a mão pelo cabelo dele, era tão macio. Ele fechou os olhos como se para sentir melhor. - Eu preciso ir, já está tarde. Queria ficar, mas realmente tenha que ir.
     - Tudo bem. Eu te levo.
     - Não precisa, eu pego um ônibus.
     - Não. Eu insisto, já está tarde, não vou deixar você sair sozinha é perigoso.
     - Tudo bem, me deixe em uma estação do metrô então.
     - Por que não quer que eu te deixe em casa? - Perguntou confuso.
     - Por que é longe e desnecessário.
     - Está arrependida? - Falou muito sério. Me assustou um pouco. Sentei na cama meio de lado, tentado me cobrir sem muito sucesso, olhando para ele.
     - Não, claro que não. Foi incrível! Mas foi só essa vez, você não precisa ficar assim. Vamos nos ver semana que vem e será como se nada tivesse acontecido. Então não surte, ok?
     Precisava ser assim, não posso me deixar levar por algo totalmente sem futuro. Era só uma noite, nada mais.
     Levantei da cama, totalmente nua e caminhei até o banheiro pegando minhas roupas pelo caminho, sem pressa. Sentia os olhos dele me seguindo enquanto eu andava. Não falou nada. Fechei a porta atrás de mim e me olhei no espelho. Me sentia bem, tinha sido muito bom, mas seria só essa vez eu dizia mentalmente. Não se iluda. Somos apenas duas pessoas satisfazendo seus desejos.
     Arrumei o cabelo meio bagunçado e me vesti. Não sei porque, mas me senti poderosa.
     Quando saí do banheiro ele estava sentado na beira da cama. Já vestido. Estava pensativo, olhando para baixo. Me olhou com aqueles olhos azuis e deu um sorriso de canto. Fui até ele. Passei a mão em seu cabelo, depois em seu rosto, olhando docemente pra ele.
     - Você é tão linda. Que sorte a minha. - Ele riu. Estava de melhor humor. Acho que aceitou o que eu disse. Levantou e me deu um beijo suave me apertando contra ele. - Você me deixa louco, sabia? – Disse se afastando por um segundo.
     Eu não disse nada. Só queria que aquele beijo não terminasse nunca. Porque sabia que nunca mais iria acontecer...


          


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