De repente, fui arremessado para um templo oval gigantesco. Não havia uma pessoa ali, ninguém. Mas a beleza do lugar não me deixava sentir só. O templo era a céu aberto; o chão de uma pedra lisa e brilhante, todo azul; cercado por um grande muro branco, como se uma grande muralha de mármore branco o cercasse. A muralha era como nuvens. E o chão azul como a cor do céu.
Algo fluía ali sem haver qualquer tipo líquido – se havia, era invisível. E podia sentir sua limpidez sem vê-lo. Fluía no ambiente e dentro de mim. Essa fluidez era a vida, me livrava de uma solidão amarga.
“Quem crê em mim, do seu interior correrão rios de água viva” Jo, 7; 37-38.
E algo me perguntou: Que tens a dizer?
Eu me ajoelhei, fiquei calado o tempo todo e imaginava: Nada do que eu disse na minha vida até então teria valor ali. Eu não era digno de pronunciar uma palavra.
“Cuide do seu templo”, foi a ultima coisa que ouvi.
Estando lá, eu não poderia descer mais, só me restaria a queda.
Depois de um certo tempo, pensei em colocar objetos neste templo. Mas, depois, imaginei que isso seria supérfluo. Se Deus o ajeitou assim, que mais acrescentar? Eu deveria mantê-lo como estava.
Pensei também nos meus familiares, nos meus amigos, como seria bom tê-los lá! E mais uma vez me corrigi: melhor seria visita-los cada um em seu templo, em vez de me trazê-los para cá. O amor, a oração, poderia ajudá-los. Trazê-los à sua verdadeira moradia.
Eu não posso sair mais de lá. Ou me perco ou me fortaleço. E o encanto do lugar não se perde.
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