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COISAS QUE EU VI
fazendo tudo errado....
ANTONIO FERREIRA BISPO

Resumo:
Texto escrito pelo Bacharelando em Teologia, Capelao Evangelico e estudande Religioes e Filosofia, Antonio Ferreira Bispo. escrevo sobre algo que me chocou em minha carreira de obreiro. um evangelho pregado e nao vivido.


Após começar estudar teologia e filosofia passei a ver o mundo sob uma perspectiva diferente nas áreas que dizem respeito a integridade, honestidade, liberdade e felicidade.
Vi pessoas que se dizem grandes, serem pessoas minúsculas. Vi tolos que se acham sábios, fracos que são fortes e lideres cegos que se acham guias.
Em certa ocasião, pedi ajuda ao meu grupo religioso por uma mãe de 5 filhos pequenos, cujo marido viajara a dias para conseguir algum sustento para sua família e ainda não havia retornado. Informei a situação a liderança daquele grupo e ele simplesmente foi consultar o livro dos dizimistas para ver se ela era “fiel”. Como não achou seu nome lá, simplesmente disse que não poderia fazer nada. Meu Deus....
A jovem senhora estava frequentando aquele nosso ambiente a menos de 40 dias, procurando um auxilio da parte de Deus ou dos homens, como exigir dela algo que ela já veio buscar?. Eu fiquei de tomar minha providencias pessoais para no outro culto entregar a irmã. Mas ela não compareceu nem naquela nem nas próximas 3 semanas. Procurei saber onde ela morava e fui a sua casa. Ela não quis me atender, e ficou dentro do quarto trancada. Mandou seu filho pegar o que eu trouxera e a gradeceu muito. Pedi pra que ela saísse pra eu poder vela, mas ela insistiu que não queria me ver. Não entendia o porque. Então se filho me falou que ela havia vendido o cabelo pra comprar comida... Meu Pai... Uma lágrima teimosa rolou em minha face. Jesus, aquilo me dissolveu por dentro. Então ela saiu do quarto e me abraçou chorando dizendo “Pastor, não me mande pra o inferno, nem me expulse da igreja pois foi necessidade, não foi por que eu quis...”( não sou pastor, mas alguns me tratavam assim por eu estar a frente de alguns serviços religiosos). Aquela jovem senhora, de cabelos longos agora usava um corte militar, mostrando seu couro cabeludo embranquecido devido a ausência de sol. Ela chorava e soluçava ao meu ombro. Ela estava se sentindo culpada. Culpada por providenciar alimento para seus filhos? Culpada por imaginar que Deus a condenaria ao sofrimento por realizar o instinto natural materno   que é o de prover alimento para suas crias? Culpada por absolver as ideias de um Deus carrancudo e incompreensível que é demonstrado na maioria das vezes em nossas igrejas a qual eu representava naquele momento ? Não, eu não represento esse Deus. Eu não creio assim. Mas como lhe dizer isso naquele momento? Afinal eu representava aquela igreja naquele momento. A mesma igreja que a três semanas atrás lhe havia ficado indiferente quanto a sua necessidade física pelo fato de ela não ser dizimista. Eu tinha de engolir em seco, apesar de não ser assim. Percebi que eu havia sido um covarde. Que esperei a opinião do meu líder para poder agir. Que esperei ainda chegar um outro dia para prover oque ela precisava naquele dia. Por quê? Perguntei-me centenas de vezes. Quem saber por ser influenciado pelo sistema, agir pelo sistema e em favor do sistema. Por ter sido orientado por alguém que se diz conhecer ao criador, mas que na verdade apenas serve também a um sistema falido que é pregado na maioria das religiões.
Então passei a me questionar, se valeria a pena eu continuar levantando essa bandeira denominacional. Percebi que não valeria. Que não me levaria a lugar nenhuma. Que me afastaria ainda mais do criador ao invés de me aproximar dele. Não quero ser representante desse “Deus” que tem sido difundido por ai, que estar esperando apenas você tropeçar para poder te julgar, um deus insensível, distante, ausente, que não se importa com você, que te pôs no mundo apenas pra sofrer. Não. Não sirvo mais a esse Deus. Não quero mais servir a um sistema onde as coisas que mais são incentivadas nas pregações dos púlpitos são ensinar os crentes a serem dizimistas e falar em “línguas estranhas”. A base de toda boa religião segundo o próprio Cristo é: ame a Deus acima de tudo, ame próximo e se ponha no lugar do outros.
Após esses fatos, comecei a pensar o que leva pessoas boas a terem atitudes como as que eu tive naqueles dias, de se omitir diante da necessidade dos outros. Em minhas conclusões e analisando a opinião de grandes mestres da psicologia , percebi que o que falta a maioria de nós é a questão de auto aceitação. Temos inerente em nosso ser, a necessidade de sermos aceito pelo grupo em que estamos, seja esse um grupo religioso, politico, artístico ou até de pessoas de baixa índole. Precisamos ser aceitos pelos outros para nos sentirmos bem. Então falamos como o grupo, pensamos como o grupo e não temos coragem de se expressar de modo diferente para não sermos ridicularizados. Então em nossa fraca mentalidade religiosa, ser aceito pelo grupo é igual a ser aceito por Deus, não importando as vezes o que preguem e tal grupo. Então nossa consciência de liberdade é fraca. Não somos libertos com a bíblia diz, devido ao fato da autoaceitação. Após sermos aceitos por Cristo, precisamos nos aceitar. Precisamos sentir a paz que ele prometeu a mulher na beira da fonte, que “rios de agua viva” fluiriam de dentro do nosso ser. O problema é que aceitamos de modo inconsciente o fardo dos sistemas religiosos ao invés do julgo de Jesus que é suave e leve. Precisamos encontrar Deus dentro de nós, ao invés de vivermos procurando onde alguns lideres nos mandam buscar. E geralmente sempre é em lugares ditos por ele.
Jesus uma vez disse: “o Reino de Deus esta entre vós, o Reino de Deus já começou”...não é comida, nem bebida, mas justiça amor e paz.
Não podemos dar nada sem que primeiro o tenhamos recebido. O problema é que não podemos segurar o novo enquanto abraçamos o velho. Precisamos nos despir do velho e receber o novo. Precisamos pensar, refletir no que fazemos, para quem fazemos , por que fazemos e pensarmos deque forma nossas ações afetarão a sociedade como um todo, pois não existe ações isoladas. Penso que alguns minutos de reflexões diárias valeriam mais a pena do que meses de campanhas de “jejum e oração”, pra derrubar as muralhas, “espantar u cão” e ter vitória. Certas campanhas é como correr atrás do vento. Algo só se realizará em nossas vidas se estivermos alinhados a vontade de Deus, caso contrário ficaremos sempre frustrados devido ao nosso egoísmo bobo.
Uma vez, em uma reunião sobre um projeto social , ouvi um aspirante a politico dizer uma frase que me marcou. Ele disse: O MAL SÓ REINA POR QUE OS BONS SE CALAM... Nunca havia pensado nisso. Os bons são maioria. Os maus são minoria. Mas os maus governam devido a “bondade” dos bons, que são tão bons que não querem se “sujar” enfrentando o mal. Seja essa mal em forças visíveis, ou seja apenas em argumentos ou conceitos pré-estabelecidos.
Não estou convidando ninguém a anarquia, pois seria algo muito ruim tirar o auxilio do cego ou aleijado, sem lhes dar outro apoio. Mas estou convidando os “bons”, os “íntegros”, os “honestos” e os que usam uma parte do seu raciocínio para ocuparem seus devidos lugares, se aceitarem, se amarem, conhecerem o amor para distribuírem o amor.
Esperamos que os políticos, os lideres religiosos ou militares, a bolsa escola ou algo extraordinário aconteça pra que o mundo seja mudado. A mudança deve ocorrer em cada um de nós.
Tenho pena de certas pessoas, que pagam valores altíssimos em certas “campanhas de fé”, pra obter algo que já lhes foi prometido de graça.
Algumas denominações chegam quase a invalidar o sacrifício de Cristo, pedindo coisas que ele não pediu. Nesse caso o corpo de obreiros de modo inconsciente tem uma participação enorme nesse sentido, pois nenhum líder leva nas costas sozinhas qualquer tipo de trabalho seja intelectual ou físico, precisa-se de alguém para executar.
Em vários períodos da historia do cristianismo, nos últimos 1.700,00 anos, a igreja tem invertido o seu papel. Aquela que foi chamada a trazer liberdade ao povo, esta se tornando uma ferramenta de opressão social. Não toques, não proves, não faça, não veja, tem sido mais ensinado que as boas novas de Cristo. Não importa se foi na inquisição onde a tortura era física, ou no modo evangélico onde a maioria das torturas são psicológicas e emocionais, alguns lideres tem conseguido trazer certo crentes a um estado irracional, semelhante a um animal, privando o ser humano do ato de pensar, dizendo lhes apenas “obedeça a seu líder pois é o melhor que você faz, pois não devemos ferir o ungindo do Senhor”. Se fosse dada a oportunidade a certos membros de se expressarem sem o risco da excomunhão em certos templos, iria se fazer fila enormes para que todos pudessem expor suas queixas.
De acordo com um certo ramo da pesquisa do intelecto, apenas dois isntintos movem o homem: o medo da dor e a busca pelo prazer. Concluímos então que a maioria das ações geralmente são movidas por esses dois instintos. Eu poderia dizer que a maioria agem pelo medo da dor. Do desprezo, do escarnio, do ridículo....foram privados do amor.
Então devemos voltar a amar. Independente do que o grupo pensará de nós. A solução não esta em sair de um ministério e abrir outro, pois cada vez que isso acontece, se repete a cultura do erro e em certos casos, o incentivo a ganancia. De nada adianta sair de um grupo e levar um montão de gente usando a mesma mentalidade. Não foi feito nada de novo nessa ação. Não fomos chamados a sair por ai abrindo igrejas. Fomos chamados a ir as nações ensinando as em nome do Senhor. A fundação de um grupo religioso é a consequência, e não a causa principal. É preciso ocupar os espaços que poucos se preocupam em ocupar. Joao Batista, Elias e o próprio Cristo se destacaram pois ao invés de escolherem os melhores lugares nos púlpitos e sinagogas escolhem os desertos. Nas sinagogas eles jamais conseguiriam por pra fora tudo que era necessário devido ao fato de os “donos” das igrejas não os permitirem. É vergonhosa a posição que certos obreiros se sujeitam em troca de um titulo bobo que não serve pra nada, ou de um tapinha nas costas do seu líder. Vendem sua integridade, seu raciocínio e seu caráter por algo tão barato, quando dizem que o que importa é manter as tradições da igreja e que não adianta lutar contra o sistema que vamos perder.
Que o Senhor nos ajude, mas acredito que uma nova classe de servos do Senhor aparecera do meio dos escombros.


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