O meu orgulho e, às vezes teimosa e repentina timidez sempre me atrapalharam um pouco. Mas desta vez, fui mais forte, engoli o orgulho como se ele fosse um copo de água gelada em pleno deserto e guardei a timidez em um dos bolsos da minha calça jeans.
Estava à quase um mês e meio sem frequentar uma clínica de estética (os preços dos tratamentos subiram e o dinheiro, como sempre, abaixou). Prezando pela minha integridade física e corporal, não poderia abrir mão da depilação nas pernas. Sempre tive uma liberdade com minhas pernocas, elas sempre realçam as minhas minissaias e me deixam muito mais feminina naquela cruzada de pernas fatal.
Não hesitei, peguei o telefone e marquei um horário, em uma clínica diferente, mas com o mesmo prestígio e qualidade da que frequentava. Na manhã seguinte, acordei apreensiva, mal podia espera para estrear meus modelitos de verão.
Chegando à clínica me veio uma sensação de dúvida, e a timidez que até então estava guardada no bolso queria saltar para fora. Foi quando a depiladora me disse: - Vamos, está na hora da sua avaliação. Ainda me levantando do sofá, minha mãe perguntou baixinho: - Você terá coragem de deixar o orgulho de lado? Acenei, querendo dizer que sim.
A depiladora me guiou até a sala onde se realiza os procedimentos. Então, engolindo seco, uma ou duas vezes, soltei: - Para saber se a depilação valerá a pena, preciso fazer um teste. Você poderia depilar minhas pernas como teste? A depiladora olhou para mim como se se soubesse da minha estratégia. Depois de alguns segundos, talvez por ter tentado acreditar em mim ou por entender que nos mulheres não conseguimos enfrentar o mundo sem estarmos belas, disse: - Tudo bem. Vou fazer o teste e depois me diga se gostou.
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