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RESENHA DO LIVRO TRISTEZAS NÃO PAGAM DÍVIDAS DE MARA LUQUET
DÍVIDAS
Ismael Monteiro

Resumo:
Um método novo para não ficar triste com as dívidas.

TRISTEZAS NÃO PAGAM DÍVIDAS
Mara Luquet



     Num primeiro momento, ela fala de algumas performances de sua vida, deixando claro que não existem soluções milagrosas ou dinheiro que cai do céu para quitar as dívidas. É necessário disciplina e não há vergonha em não ter dinheiro para pagar dívidas. Para ela, o devedor é a vítima, e ficar devendo tem de ser encarado com responsabilidade e precisa-se buscar a rota correta para recuperar a saúde financeira. A autora acha que boa parte dos brasileiros são desorganizados quanto às suas finanças, geralmente por causa da história econômica do país que nos empurrou para uma situação de total falta de planejamento financeiro. Critica também os bancos por cobrarem taxas abusivas. Mas existe um consolo: as dívidas que não podem ser pagas devem ser reestruturadas. A partir dessas considerações, a autora vai contar a sua própria história e as de outros que a acompanharam em sua trajetória profissional.
     Sua vida profissional começou como jornalista financeira e trabalhava num jornal de economia. Parece um contra-senso, mas ao mesmo tempo que escrevia sobre o abuso das taxas de juros, ela comprava carro financiado e atrasava suas prestações, aumentando o tamanho da dívida. E assim foi. Acabou entrando no cheque pré-datado, chegando inclusive a não ter mais dinheiro para pagar seu carro que ficou parado até a mesma poder resgatar sua dívida. Pensando no absurdo da situação, ela prometeu nunca mais comprar carros financiados.
     No capítulo três a autora mostra os problemas causados pela falta de planejamento, que é o de enxergar as prestações de forma isolada, com um valor mensal, perfeitamente cabível no orçamento. Na verdade, elas vêm se somar a várias outras contraídas anteriormente, e logo, corre-se o risco de não ter mais salário ou renda logo no começo do mês, só prestações. Em razão disso, ela diz que “Hoje, escaldada, fujo das dívidas, embora pudesse fazer novos cheques e cartões. Como sei que não tenho a necessária disciplina para manter minha vida em ordem, prefiro não correr o risco”. Ela termina o capítulo esclarecendo que toda pessoa deve organizar sua vida financeira, mesmo que esteja quebrada, ou seja, é preciso fazer um levantamento do passivo e da receita, para calcular o tamanho das dívidas, pois a partir daí, é possível resolver esse problema.
     Ela cita vários personagens da história que eram devedores genuínos, como Mozart que tinha dívidas e Garrincha, que por causa das dívidas, morreu na miséria; Honoré de Balzac, que precisava produzir para pagar suas dívidas. Abraham Lincoln também tinha problemas com as dívidas. Todos esses gênios, segundo ela, não tinham tempo para cuidar de suas economias, e isso acaba corroendo suas finanças. Mas nós não podemos nos dar ao luxo de imitar esses personagens e esperar que alguém venha nos socorrer e assim, devemos contar sempre com a nossa própria ajuda, pois parentes e amigos nada resolvem. Em razão desses aspectos, fica claro que não é a falta de dinheiro que nos empurra para as dívidas, mas sim, a falta de planejamento. Por sua vez, não há nenhum problema em gastar dinheiro, desde que você o tenha, o problema surge quando gastamos o que não temos. É preciso elaborar o seu orçamento, imitando as empresas, isto é, listar todas as despesas e receitas. Este é um processo que deve ser feito com calma.
     Mais adiante, a autora relata que “o endividamento excessivo pode fazer tão mal quanto uma droga, jogo ou outro vício qualquer”. Porém, o dinheiro deve ajudar as pessoas a resolverem seus problemas e não a piorar as coisas. Antes de tomar qualquer financiamento, questione-se como vai ficar sua vida se você não tiver dinheiro para pagá-lo, pois dívida nunca se paga com outra dívida. Desse modo, mesmo que existam problemas para pagar uma conta é bom ficar longe de novos empréstimos, ou seja, a dívida deve ser resolvida com uma renegociação. Outro passo importante para livrar-se das dívidas é saber quanto se deve, mais precisamente, o real montante da dívida.
     A autora acha que o gerente do banco é a pessoa mais indicada para ajudar a traçar caminhos em direção à solvência financeira, pois a reestruturação da dívida é assunto que os bancos estão acostumados. A primeira ação a ser feita é o pagamento da dívida que possuir taxa mais alta, pois ela consome mais juros e também, outras despesas de financiamento. Para pagar os débitos do cheque especial, é bom fazer nova renegociação com o banco, visando parcelá-lo. Quanto aos cartões de crédito, é interessante esperar pelas promoções que as administradoras de cartão fazem, podendo-se obter juros mais atraentes.
     Quanto aos cartões de crédito, é bom estar atento ao bombardeio de publicidade que eles promovem, facilitando as operações e conseqüentemente levando os incautos a comprarem cada vez mais. É bom ficar longe dos cartões de crédito, pois não se pode obter vantagens com eles. As empresas de cartão sempre querem que você pague parcelado, para cobrar juros exorbitantes. Os talões de cheque são um perigo maior do que os cartões, pois na mão de pessoas descontroladas não há limites para o que se possa gastar. Por isso, numa reestruturação financeira, muita atenção aos talões de cheques, pois o cheque pré-datado é uma armadilha. Ela aconselha a livrar-se dos talões de cheques, que podem complicar a vida das pessoas, e cheque sem fundo pode ser caracterizado como crime, previsto no Código Penal.
     Mais adiante, ela fala do descontrole das contas, pois algumas pessoas se aproveitam dessa fraqueza. Por conta disso, é possível fazer várias compras sem necessidade, indo em direção ao endividamento compulsivo. Ela cita um caso de financiamento desnecessário, como financiar um automóvel. Isso por conta de exibir um comportamento soberbo, um padrão de vida que não é seu, ou manter um status.
     Ela entende que os o Serasa e o SPC, que são vistos pela maioria das pessoas como inimigos mortais, na verdade eles impedem que a pessoa continue se endividando, isto é, mesmo renegociando a dívida, a pessoa deve manter o seu nome “sujo” enquanto reestrutura sua dívida.
     O capítulo seguinte fala da intimidação em situações de cobrança feita pelos escritórios especializados, que costumam ser mal-educados quando cobram. Essas empresas têm o direito de cobrar e não de constrangir. O artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, assim estabelece: “na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”. Desse modo, é bom estar atento, pois se eles procurarem cobrar por meio da intimidação, cabe ao consumidor procurar as autoridades e pode até, processá-los por dano moral.
     Para uma boa reestruturação de dívida é preciso não mostrar medo diante de cara feia. Em outras palavras é preciso não se intimidar e manter a calma, pois embora o devedor seja taxado de monstro, quem está infringindo a lei são eles, quando o constrangem.
     O último capítulo mostra os passos principais para a pessoa colocar as contas em dia. São eles:
a)     listar todas as receitas, como: salário, pensão, aluguel de imóvel, etc.;
b)     listar todas as despesas, sem considerar as dívidas, apenas despesas mensais para viver, como comida, aluguel, escola, transporte, etc.;
c)     subtrair o total de despesas do total de receitas e ver quanto sobrou;
d)     com o que sobrou de suas receitas após deduzidas todas as despesas, montar um programa para iniciar a reestruturação de dívidas;
e)     separar 15 a 20% da receita mensal para o pagamento das dívidas;
f)     listar suas dívidas, incluindo os juros que deve pagar por cada uma delas. Isso permitir enxergar o passivo;
g)     comece a quitar as dívidas mais caras, como a do cheque especial;
h)     aceitar o crédito direto ao consumidor, CDC, que os bancos oferecem, para quitar o cheque especial;
i)     não ligar para o tempo que levará para quitar todas as dívidas. Importante é saber que se iniciou o processo de livrar-se do passivo;
j)     não se intimidar com cara feia e ameaças, ignorar os cobradores.
O importante é renegociar e cada um deve cumprir o seu papel, ou seja, o banco que vai renegociar e a pessoa que vai ajustar o orçamento e pagar o combinado na reestruturação da dívida. Nada deve se esconder da família e partilhar com eles o problema vai lhe dar tranqüilidade para encontrar a solução correta.      
     
     


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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