Perambulo a caminho do labor diário, cortando a geada com meu caminhar. Com um casaco pesado e capuz me abrigo do gélido inverno gaúcho. Nas redondezas do destino final, cruzo com um senhora negra, de óculos fundo de garrafa e cabelo de algodão. Ela me fita com um olhar que vai do sono ao desperto, em um instante, um olhar que exala medo...
Percebo que é pelo meu capuz, aquele olhar ora seco, ora molhado, seco e molhado. Olhar que me interroga: - Será que ele vai assaltar?
Nossa proximidade se torna distância e os caminhos se dispersam. O seu alívio é evidente...
O meu não, chego e bato ponto.
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