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Nem Toda Separação de Igrejas é Cisma (divisão) – Parte 1
John Owen

Tradução e adaptação de Citações do Tratado de John Owen sobre cisma feitas pelo Pr Silvio Dutra, com comentários e notas inseridos pelo tradutor.

(Não são poucos os casos presentes em que vários cristãos genuínos, nascidos de novo do Espírito, se encontrem em perplexidade e dor quanto à dificuldade que têm experimentado quanto a encontrarem uma igreja que se empenhe em preservar o culto de adoração a Deus conforme ele se encontra instituído nas Escrituras.
E à medida que avança no tempo a apostasia dos princípios bíblicos a tendência desse quadro é a de ser cada vez mais agravado.
Seria então importante, pelo menos, para alívio de nossas consciências, conhecer as condições em que não somos considerados culpados de divisão do corpo de Cristo, segundo Deus e a Bíblia, quando deixamos uma Igreja que não quer e que não pode ser trazida àquela forma que foi instituída por Jesus e seus apóstolos.
Assim, tomamos algumas citações do tratado que John Owen escreveu sobre o assunto, no intuito de acharmos respostas adequadas para esta importante questão.
OBS.: 1 - A palavra cisma, usada no texto está restringida ao significado de divisão, separação, pela ação deliberada de cristãos que agem contra a unidade de uma igreja verdadeira e fiel. É uma transliteração da palavra usada no original grego, schisma, como em I Cor 11.18: “Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões (schisma) entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio.”, e em I Cor 12.25: “para que não haja divisão (schisma) no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros.”
2 - Em razão de serem abundantes as citações que faremos dos textos de Owen, estamos dispensando o uso de aspas para marcá-las, e todas as notas do tradutor se encontram entre parêntesis. – nota do tradutor.)

O término das diferenças entre cristãos é como abrir os selos citados no livro de Apocalipse; não há ninguém capaz ou digno de fazê-lo no céu ou na terra, mas somente o Cordeiro; quando usará a grandeza do seu poder para isto, e então será realizado, e não antes.
Nesse meio tempo, buscar uma reconciliação entre todos os verdadeiros cristãos é nosso dever... Quando os homens estiverem trabalhado tanto no melhoramento do princípio da tolerância, tanto quanto têm feito para subjugar outros homens de opiniões diferentes das suas, a religião de Cristo terá um outro aspecto no mundo.

(Pode parecer um paradoxo afirmar que não se verá neste mundo o término das diferenças entre os cristãos, mas que é nosso dever buscar a união entre todos os cristãos. Todavia não se trata de um paradoxo, porque aqui se expõe o mesmo princípio do dever da perfeição que nos é imposto por Cristo, e que nunca alcançaremos de modo absoluto neste mundo. O Espírito Santo que habita nos cristãos é quem os leva a buscarem esta perfeição em santificação, e é também quem faz com que amem a todos os demais que também nasceram de novo pelo mesmo Espírito.
Portanto, nosso Senhor orou pela unidade de todos os cristãos como vemos no 17º capítulo de João, e o apóstolo Paulo enfoca repetidamente que somos muitos membros de um só corpo, e que é o amor de Deus em nossos corações o vínculo, o cimento, que nos mantém unidos em espírito.
Nosso Senhor afirma ser o Pastor de um só rebanho, e que ele deve ser e será um único rebanho, e daí decorre o nosso dever de estarmos abertos para a unidade com todos aqueles que se encontram debaixo do senhorio de Cristo, não apenas em palavra, mas de fato e em verdade, por não viver na prática do pecado e por buscar preservar a comunhão na fé, no Espírito e na doutrina.
Unidade pressupõe concordância, de modo que onde não houver acordo na doutrina, ou falta de submissão à influência, direção e instrução do Espírito Santo, e a fé que é sobretudo confiança absoluta em Cristo e nas suas promessas e advertências, como poderá ser promovida a unidade pela qual ele orou? – nota do tradutor).

A natureza do cisma deve ser determinada apenas a partir das Escrituras.
O cisma é um transtorno na adoração de Deus instituída nas Escrituras. A sua descoberta e descrição é feita a partir das Escrituras, e é somente nelas que o cisma deve ser estimado, porque há outras coisas que são da mesma natureza e assim chamadas, mas que não são cisma se não têm nas Escrituras nem o nome e nem a sua natureza atribuídos por elas.

(Nota: nenhuma instituição religiosa da cristandade pode atribuir a si a primazia de unidade pelo critério da tradição ou antiguidade da sua organização, e nem considerar todas as demais instituições ou congregações cristãs que não estejam a elas associadas, como sendo cismáticas. Divisões (cisma) reais contra a unidade do corpo de Cristo estão exemplificadas na Bíblia, no comportamento de alguns membros da Igreja de Corinto, e ali se dá testemunho sobre qual era o caráter da referida divisão – nota do tradutor).

As diferentes opiniões sobre os assuntos da Igreja, levaram os cristãos coríntios à confusão das disputas e formação de partidos, e Paulo lhes disse que não convinha que fosse assim, a saber, que houvesse divisões entre eles, que consistiam em tais diferenças, “mas que estivessem unidos na mesma mente e que tivessem o mesmo parecer”. Eles não deveriam apenas estar unidos na mesma ordem e companheirismo na mesma igreja, mas também deveriam ter unidade de mente e de julgamento; porque se não procedessem desse modo, embora continuassem juntos em sua igreja, ainda haveria cismas entre eles.   
Este era o estado daquela igreja, este era o quadro e procedimento de seus membros, esta era a falta e o mal a respeito dos quais o apóstolo os acusou de cisma, e da culpa em razão da mesma.
Os motivos, pelos quais ele os reprovou são fundamentados, no interesse comum em Cristo, I Cor 1.13; na nulidade dos instrumentos (pessoas) usados por Deus na propagação do evangelho que ele pregou, I Cor 1.14; 3.4,5; na ordem na Igreja instituída por Deus, I Cor 12.13.
Assim sendo, como eu disse, a base principal de tudo que é ensinado na Escritura sobre cisma, temos aqui, ou quase tudo para aprender o que ela é, e em que ele consiste. Quanto às definições arbitrárias dos homens, com suas invenções e inferências sobre isto, não estamos preocupados.

Para mim não há outra reforma de qualquer igreja, nem qualquer coisa numa igreja, que não seja restituí-la à sua primitiva instituição e à ordem a ela determinada por Jesus Cristo. Se alguém pleitear qualquer outra reforma das Igrejas, deverá ser censurado. E quando qualquer sociedade ou agremiação de homens não for capaz de fazer tal restituição e renovação, suponho que não provocarei nenhuma pessoa sábia e sóbria, se declarar que não posso considerar essa sociedade como uma igreja de Cristo. Uma igreja que não consegue reformar-se daquela maneira, não é uma igreja de Cristo, e por isso aconselho aqueles que nela estão e que têm direito aos privilégios obtidos por Cristo para eles, quanto às ministrações do evangelho, a tomarem alguma outra medida pacífica para se tornarem participantes desses privilégios.
Alguns estão dispostos a pensar que todos os que não se juntam a eles são cismáticos, e que o são porque não os acompanham; e outra razão não têm, sendo incapazes de oferecer algum sólido fundamento daquilo que eles professam. Não é fácil expressar o que a causa da unidade do povo de Deus sofreu às mãos destes tipos de homens.
Enquanto eu tiver uma consoladora convicção firmada numa base infalível, de que estou unido à cabeça e de que, pela fé, sou um membro do corpo místico de Cristo, enquanto eu fizer profissão de todas as necessárias verdades salvadoras do evangelho; enquanto eu não perturbar a paz da igreja particular da qual, com meu consentimento pessoal, sou membro, nem levantar diferenças sem causa, nem nelas permanecer, com aqueles ou com alguns daqueles com quem ando na comunhão e ordem do evangelho, enquanto eu me esforçar para exercer a fé para com o Senhor Jesus Cristo e o amor para com todos os santos – eu manterei a unidade que é da determinação de Cristo. E, com base em princípios totalmente alheios ao evangelho, digam os homens o que quiserem ou puderem em contrário, não sou cismático.
Eu trato, como disse, com os que são reformados; e agora suponho que a igreja, da qual se supõe que um homem é membro, não queira ser reformada – neste caso pergunto se se trata de cisma certo número de homens reformar-se, voltando à prática do serviço divino na forma como fora instituída, embora seja uma parte mínima dos pertencentes à jurisdição paroquial, ou se juntarem alguns deles a outros com esse fim e propósito, deixando de viver sob aquela jurisdição? Direi ousadamente que esse cisma é ordenado pelo Espírito Santo – I Tim 6.5; II Tim 3.5; Os 4.15 etc. Terá sido lançado por Cristo sobre mim este jugo, que, para ir ao lado da multidão entre a qual eu vivo, que odeia ser reformada, devo abandonar o meu dever e desprezar os privilégios que Ele adquiriu para mim com o Seu precioso sangue? Será esta uma unidade da instituição de Cristo, que eu deva associar-me para sempre com homens ímpios e profanos no serviço de Deus, para o indescritível detrimento e desvantagem da minha alma? Suponho que não haja nada que seja mais irrazoável do que imaginar de antemão tal coisa.

(Owen afirma que o caráter da unidade da Igreja é espiritual e daí a ordem apostólica para se manter a unidade da fé pelo vínculo da paz. O conhecimento disto é de suma importância para que saibamos distinguir desvio da verdade de prática diferenciada de ordem de culto, normas ou disciplina nas igrejas que não devem ser motivo para que alguém se separe delas. Mas, como são extra-bíblicas ninguém pode afirmar também que a unidade da igreja deve consistir na prática destas coisas referidas, como é comum ocorrer. Por exemplo, nenhum pastor pode pretextar que haja falta de unidade na igreja que dirige porque os cristãos não comparecem às festividades que é hábito da congregação comemorar, ou que seja um ato autoritativo da parte dele. E isto se aplica às formas de adoração pública e a todos os demais serviços prescritos, inventados ou ordenados pelo homem e não constantes das Escrituras. – nota do tradutor)


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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