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Homem-Morcêgo - conto seriado I
Capítulo I
Angelo Ardanuy

Resumo:
Um jornalista carioca vai até o povoado de São Bernardo da Borda do Campo investigar acerca do aparecimento de uma estranha criatura.Conto dividos em capítulos, publicado toda terça-feira.

Recordas de que lhe havia comentado acerca de um tio, irmão de minha mãe, que era brasileiro?Pois bem, não sabes da maior!Nesta minha última viagem ao Rio de Janeiro,um velho,compatriota nosso, veio falar-me, era amigo deste meu tio, e para minha surpresa o velho reconheceu suas feições nas minhas.
Este senhor, que é do Porto, porém algarvio como os brasucas, veio trazer-me uma dessas caixas de metal, dessas que se ocupavam em guardar biscoitos, com uns pertences deste meu tio, que não deixou família.Eu aceitei de bom grado, na caixa havia uma enorme gama de bugigangas, um pente de osso, pincéis feitos com pêlo de camelo, e havia também um caderninho, com as paginas amareladas pelo tempo.Era o diário deste meu tio, e como não sou bisbilhoteiro decidi não   ler, porém Regina, curiosa como todas as mulheres o são,fez de minha vida um tormento, até que eu , fastidiado, cedi aos seus pedidos,e lemos o diário, um bocadinho todas as noites, e apesar de meu tio não ter muitos atributos literários, e a estória por vezes se tornar confusa, confesso que nos divertimos bastante com a leitura.Bem meu amigo, por isto lhe envio , peço que leia, e como essas coisas brasileiras estão muito em voga cá em Portugal, se for de teu interesse, que as publique.
Tratei também de fazer algumas notas de rodapé para facilitar vossa leitura.Depois me contas que lhe parece.Até logo.

O Homem-morcêgo

Parte I

As cinco horas da manha embarquei no trem rumo á S.Paulo.Quando a composição partiu os primeiros raios de sol já inundavam a capital federal.Nem mesmo a vitória no macth de hontem do meu querido São Cristão fez-me animar.Não queria deixar o Rio de Janeiro neste momento, tenho muitos assuntos por resolver aqui, porém a gazeta carioca me custeou toda a viagem e esta história sobre o homem-morcêgo seguramente vai render-me uma bela reportagem.
Durante a longa viagem me dediquei a ler os meus gibis, apesar de ser homem barbado, não consigo largar este vicio, e acho que justamente por isso eu fui o escolhido para o trabalho.
Este homem-mocêgo que esta apavorando o povoado paulista de são Bernardo da borda do campo, já vitimou duas pessoas, uma delas um colega carioca, que foi encontrado bastante mutilado, faltando-lhe as nádegas.
Cheguei já a noitinha na capital paulista, onde me esperavam seu Joaquim, um português alto de olhos cinzentos, e sua esposa.Os dois me conduziram de carro até o povoado que fica razoavelmente longe da capital.A fora fazia uma noite escura, não se via nada pela janelas do carro. A mulher do português se mostrava inquieta, e murmurou algo sobre "que em noite como aquelas, era provavel um ataque do homem-morcêgo".
Percebi que o seu marido moveu a cabeça e de pronto a mulher se calou.
Normalmente os homens do interior não são de muita prosa como os forasteiros, mas seu Joaquim, que me disse ser de Lisboa, era de muita simpatia, e conversamos sobre as últimas novidades da capital, sobre foot-ball, e seu Joaquim,se pÔs a contar-me como escapou da tragédia do duque de
Caxias(1).Contou-me que estava num camarote junto com um padre asmático, que só aceitava dormir com a porta aberta.Seu Joaquim protestou e quase deu uns bons pontapés no religioso, mas vendo que não havia outro jeito, cedeu aos pedidos do padre.Pois durante a noite, enquanto dormiam o sonno dos justos, foram acordados pela fumaça que entreva pela porta e puderam assim escapar a tempo, salvando-se ambos.Perguntei-lhe se elle sabia algo do padre, mas seu Joaquim, rindo, disse que nunca mais tivera notícias do companheiro que lhe salvou a vida.
Chegamos a uma casa bastante simples, seu Joaquim ajudou-me com a maleta e me levou ao meu aposento, depois pediu-me o jornal que eu carregava .Custei muito a pegar no sonno, a lamparina que estava acessa sobre o criado-mudo projetava medonhas sombras na parede, e eu fiquei a imaginar como seria o tal homem-morcêgo.

(1)Acredito que a suposta tragédia do duque de Caxias a qual se refere meu tio, trata-se do incêndio no navio de passageiros Duque de Caxias, que em 1931 vitimou uma centena de pessoas logo após partir do porto da cidade de Santos.

O proximo capítulo será publicado terça-feira 01/08/2013






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