Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Míseras moedinhas da morte
Bandido brasileiro,bendito boliviano
André Francisco Gil

Durante o assassinato do garoto boliviano podia ouvir-se de tudo menos o seu choro,o assassino só não ouviu a voz de sua consciência,outros ouviram o estampido.Calou-se o choro que perturbava o ouvido sensível de um bandido insensível que apertou o gatilho sem dó.Desconhecidos até então,depois dois reconhecidos pelos pais desconsolados do pequeno Brayan.O desconsolo é conselheiro do medo e do desespero.Dois suspeitos foram pegos e o terceiro?Por chorar no assalto,inocentemente foi sentenciado à morte por uma aborrecido assaltante adolescente,frio,calculista e desqualificado.Brayan foi baleado por haver chorado.
Testemunhas dentro do fato diante do ato tão cruel e inesperado,defensores indiscutíveis do garoto,indignados,se revoltaram com tamanha injustiça,clamaram por justiça em alto e bom som.
Brayan Yanarico Capcha,menino da Bolívia,de humilde família,consigo moedinhas tinha mas o bandido brasileiro consigo covardia trazia em sua alma fria.Atirou após ouvir o choro,tolo juiz do inferno,demagogo.Brayan foi socorrido mas morreu,o atirador correu.Silêncio e dor em sua residência,em São Mateus.
Estrangeiros,pessoas,seres humanos,cerca de quinhentos bolivianos gritaram por Brayan na Avenida Paulista.Clamaram por justiça.Esse grito vai temporariamente perturbar o ouvido sensível de outros bandidos,que decretam a sentença de morte de outras tantas crianças de cinco anos todos os dias.Brayan o menino das míseras moedinhas da morte,o menino que pedia para não ser morto.
Morreu.Levado para seu país fora enterrado.Os encapuzados que o ameaçava foram encaminhados para a Fundação Casa.Brayan retornou para seu povo,seu chão.
Está morto,não tem mais objetivos,não tem mais sonhos,nem choro,nem riso.A morte ministrou segurança naquela sexta-feira macabra.Os foragidos foram detidos mas chegaram no local do assalto tocando o terror e ofereceram tiros para um menino que ofertava por sua vida algumas moedinhas e lágrimas.A morte cobrou,ela deu o troco,ela foi paga.
Encapuzados ofereciam perigo,Brayan algumas moedinhas que trazia consigo.Dezessete anos,a idade de seu algoz,ameaçado por umas moedinhas e um choro de criança.Creio que seja o maldito prazer de apertar o gatilho.
Veronica e Edberto,eles tinham "un hijo",eles tinham...
O que conta são os direitos da morte,estamos á mercê da própria sorte?
Brayan,criança,Brasil,um país,república desumana,violenta.Brayan morreu a caminho do hospital.Veio cheio de vida,voltou num caixão para sua terra natal.Quantas crianças ainda vão morrer por míseros trocados,por chorar por suas vidas?
Levaram-no,fizeram o ritual de evocação de seus ancestrais,enterraram-no.
Agora Brayan,"un niño descansa em paz.


Biografia:
André Francisco Gil poeta ipaussuense radicado na capital paulista com muita coisa escrita mas ainda engavetada.Textos editados em publicações esporádicas do interior e de alguns fanzines da vida.Almejei uma oportunidade e eis que a chance surgiu.Graças a este espaço vou ver meu poema ganhar asas.Lindo voo.
Número de vezes que este texto foi lido: 52831


Outros títulos do mesmo autor

Poesias cartas de barajo André Francisco Gil
Poesias Inclusão André Francisco Gil
Poesias lugar imprevisível André Francisco Gil
Poesias luz da lua André Francisco Gil
Poesias nada fora do eixo André Francisco Gil
Poesias Ternura. André Francisco Gil
Poesias Trajetória. André Francisco Gil
Poesias tudo o tempo ensina André Francisco Gil
Poesias universo paralelo André Francisco Gil
Crônicas Menina moderna que anda na moda. André Francisco Gil

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 81.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
1 centavo - Roni Fernandes 54791 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54788 Visitas
frase 935 - Anderson C. D. de Oliveira 54648 Visitas
Ano Novo com energias renovadas - Isnar Amaral 54543 Visitas
Amores! - 54498 Visitas
NÃO FIQUE - Gabriel Groke 54498 Visitas
Na caminhada do amor e da caridade - Rosângela Barbosa de Souza 54490 Visitas
saudades de chorar - Rônaldy Lemos 54449 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 54387 Visitas
PARA ONDE FORAM OS ESPÍRITOS DOS DINOSSAUROS? - Henrique Pompilio de Araujo 54366 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última