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CIÚME - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Arnaldo Agria Huss

Resumo:
Um dos sentimentos mais destrutivos do cotidiano e que convive muito próximo com a própria morte.

Existem infinitas definições para o ciúme, algumas até hilárias e voltadas para o humor e a ironia. Na internet pipocam definições, e só no Google podem ser encontradas mais de um milhão e duzentas mil chamadas para o assunto. De minha parte, entendo tal sentimento como algo muito sério e que pode até se tornar um agente complicador e desagregador na vida das pessoas.

Fico, portanto, com o que diz Mestre Aurélio, que define o ciúme como sendo um “sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém”. Aliado a isto, ainda existe o receio de perder alguma coisa, ou mesmo de perder alguém para outra pessoa. Essa outra pessoa, então, passa a ser a mais invejada e odiada da face da Terra. Sendo assim e, ao contrário do que se pensa, o ciúme é um sentimento voltado para quem o sente.

A letra da música “Ciúme”, de Caetano Veloso, mostra algumas passagens que bem caracterizam esse sentimento, na analogia que o poeta faz com o rio São Francisco, Petrolina e Juazeiro, Minas e Bahia. E termina com este verdadeiro achado: “paira, monstruosa, a sombra do ciúme”.

Em muitos casos a própria perda de exclusividade sobre algo que se tinha gera uma forte e avassaladora crise de ciúme.

Por vezes manifesta-se ainda na infância, quando a criança se identifica mais com um dos pais e sente ciúme deste, até mesmo quando seu parceiro se aproxima.

Durante muito tempo esse sentimento foi visto como uma prova de amor, algo que hoje é totalmente contestado. É claro que quem ama sente ciúme, mas que seja um ciúme gostoso e que venha incorporado ao próprio amor.

Quando se transforma em algo doentio e até patológico, a insegurança proporcionada pelo ciúme promove reações e certezas infundadas. O ciúme patológico é considerado pela psiquiatria como um distúrbio paranóico, pois seu portador é incapaz de diferenciar fantasia e realidade. A pessoa se sente ansiosa, depressiva, humilhada, com desejo de vingança e até, pasmem, com o aumento da libido, como se esses fatores lhe proporcionassem um imenso prazer solitário. O prazer pelo sofrer. Caracteriza-se por extrema desconfiança e pela busca constante por provas e confissões, podendo induzir seu portador a tomar atitudes extremamente perigosas, além do fato de expor-se a cenas patéticas e sem sentido.

Para complementar este texto, selecionei seis frases ditas por alguns pensadores que traduzem como eles encaravam o ciúme.

Começo por La Rochefoucauld (François, Duque de La Rochefoucauld), moralista francês, nascido em Paris no ano de 1613 e falecido na mesma cidade em 1680: “O CIÚME, O RECEIO DE DEIXAR, O MEDO DE SER DEIXADO SÃO AS DORES INSEPARÁVEIS DO DECLÍNIO DO AMOR”.

Agora a frase de Pierre Corneille, um dos maiores dramaturgos da França do século XVII, ao lado de Molière e Racine. Viveu entre 1606 e 1684. “O CIÚME, QUE PARECE TER POR OBJETO SOMENTE A PESSOA QUE AMAMOS, PROVA QUE AMAMOS SÓ A NÓS MESMOS”.

O dramaturgo e poeta espanhol Pedro Calderón de La Barca (1600 – 1681) foi direto na questão: “PARA O CIUMENTO, É VERDADE A MENTIRA QUE ELE VÊ”.

Outra de Calderón: “O CIÚME É O PIOR DOS MONSTROS CRIADOS PELA IMAGINAÇÃO”.

Seguindo, vamos à citação de Antonio Pérez, estadista espanhol, nascido em Aragon em 1539 e falecido em 1611: “A SUSPEITA E O CIÚME SÃO COMO VENENOS EMPREGADOS NA MEDICINA; SE POUCO, SALVA; SE MUITO, MATA”.

Encerrando, a frase de Jean-Baptiste Alfonso Karr, crítico, jornalista e novelista francês, que viveu entre 1808 e 1890: “O CIÚME É MISTURA EXPLOSIVA DE AMOR, ÓDIO, AVAREZA E ORGULHO”.
     

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Biografia:
Se as pessoas conhecem os meus textos, isso é o suficiente. Eles dizem tudo o que eu tenho a dizer, mesmo que as situações descritas não tenham acontecido diretamente comigo.
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