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Se Cristo Predisse a Guerra, o Cristão Deve Orar por Paz?
John Piper

Distinguindo a obra de Deus e a nossa

Por John Piper

Faço essa pergunta porque existem alguns crentes que acham que orar por paz nestes “últimos dias” é contrário à vontade de Deus, visto que Jesus disse: “Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim” (Marcos 13.7). Se guerras têm de acontecer, como você pode orar por paz, sem opor-se à vontade de Deus?

Nossas orações devem ser guiadas por aquilo que é moralmente correto para os homens fazerem, e não por aquilo que Deus, em sua providência soberana, pode trazer à realização. Raramente devemos orar para que o mal moral aconteça, mas Deus pode querer que o mal moral prevaleça por determinado tempo. Por exemplo: 1) Deus quis que Cristo fosse crucificado. Muitos dos atos necessários que estavam envolvidos na crucificação de Cristo eram moralmente errados. Logo, Deus quis que este mal prevalecesse por um tempo (Atos 2.23; 4.27-28). 2) Deus quis que os irmãos de José o vendessem para ser escravo no Egito, embora isso fosse errado para eles fazerem (Gênesis 50.20). 3) Deus ordena a vingança pecaminosa do final dos tempos (Apocalipse 17.17).

Em outras palavras, Deus ordena e prediz que males de implicações morais prevaleçam por algum tempo, mas isso não significa que devemos orar para que o mal moral aconteça. Devemos orar de acordo com a maneira como Deus nos ordena que vivamos — em retidão e amor. Devemos orar que a vontade de Deus seja feita na terra do mesmo modo como ela é realizada no céu pelos anjos perfeitamente santos (Mateus 6.10), e não da maneira como ela é feita na terra por intermédio de homens pecaminosos.

De fato, Paulo nos ensina a orar pela paz entre as nações, para o bem do evangelho. O texto fundamental sobre a oração e a paz é 1 Timóteo 2.1-4: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”.

Observe a relação entre orar pelos 1) líderes das nações, 2) a preservação da paz e da ordem e 3) o desejo de que “todos sejam salvos”. Há uma conexão entre orar pela 1) liderança da nação, 2) a paz e 3) o evangelismo e missões. É verdade que a igreja pode crescer em tempos de hostilidades e guerra. Contudo, também é verdade que as guerras têm devastado a igreja em muitas áreas. Não nos compete determinar os propósitos soberanos de Deus em ordenar que algumas guerras aconteçam. Cumpre-nos orar para que a justiça, a paz e a proclamação do evangelho prevaleçam. Compete-nos orar para que a igreja cristã não seja cúmplice nos atos da nação, como se a igreja e a nação fossem um. Nosso dever é orar para que a igreja seja vista como forasteira, na causa do amor e da justiça que exalta a Cristo, não tendo lealdade suprema a nenhuma nação.

Isso deixa aberta a possibilidade de que os crentes possam apoiar uma guerra justa. Deus outorgou às autoridades que governam o direito de usar a espada (Romanos 13.1-6). Há ocasiões em que a justiça e o amor exigem, infelizmente, a força militar por causa da oposição agressiva ou da libertação dos oprimidos. Nesses casos, nossas orações teriam como alvo a diminuição da miséria e o triunfo rápido da justiça, bem como a restrição da violência e da crueldade.

Portanto, devemos orar por amor, sabedoria, coragem, poder e frutos na igreja de Jesus Cristo, ao redor do mundo. Supliquemos que a igreja seja distinta de todas as nações e de todas as manifestações de orgulho nacional e étnico. Roguemos a Deus que a igreja, em sua função de sal e luz, seja uma presença pacificadora em todos os lugares; e que ela não tenha medo de questionar qualquer nação, por amor à justiça e à humildade. Oremos que Jesus Cristo não seja exaltado como divindade nacional, e sim como Senhor dos senhores e Rei dos reis. Supliquemos que todos os senhores e todos os reis vejam isto, e se humilhem, e dêem lugar ao Senhor da glória.


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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