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Irmãos, Digam a Eles Para Não Servirem a Deus
John Piper

Por John Piper

Todos nós já dissemos ao nosso povo para servir Deus. As Escrituras dizem "servi ao Senhor com alegria." Mas agora pode ser a hora de lhes dizermos para não servirem Deus. Pois as Escrituras também dizem: "O Filho do Homem veio... não para ser servido".
A Bíblia preocupa-se em nos chamar da idolatria para servir o Deus vivo e verdadeiro (1 Tes 1:9). Mas também está preocupada em nos impedir de servir o Deus verdadeiro de maneira errada. Há uma maneira de servir a Deus que o deprecia e desonra. Assim, devemos ter cuidado sob pena de recrutamos servos cujo trabalho diminuirá a glória do Mestre todo-poderoso. Se Jesus disse que Ele veio não para ser servido (Marcos 10:45), o serviço pode constituir rebelião.
Deus não quer ser servido: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há... [não é servido] por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; "(Atos 17:24-25). Paulo adverte contra qualquer opinião que faz de Deus o beneficiário de nossa beneficência. Ele nos informa que Deus não pode ser servido em qualquer forma que implique que vamos ao encontro das suas necessidades. Seria como se um rio tentasse encher a nascente que o alimenta.
"Ele Mesmo é Quem Dá a Todos a Vida, a Respiração e Todas as Coisas"
Qual é a grandiosidade do nosso Deus? Qual é a Sua singularidade no mundo? Isaías diz: "Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera" (Is 64.4). Todos os outros chamados deuses colocam o Homem para trabalhar para eles. O nosso Deus não vai ser colocado na posição de um empregador que deve depender dos outros para fazer o seu negócio prosperar. Em vez disso, Ele amplia a Sua toda suficiência fazendo o seu próprio trabalho. O Homem é o parceiro dependente neste caso. O seu trabalho é esperar no Senhor.
"Não Precisa-se de Ajuda!”

O que é que Deus procura no mundo? Assistentes? Não. O Evangelho não é um anúncio de "Precisa-se de ajuda!". Nem sequer é a chamada para o serviço cristão. Deus não está à procura de pessoas para trabalhar para ele. "Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele" (2 Crónicas 16:9).
Deus não é um "olheiro" procurando primeiro escolhas para ajudar a sua equipe para vencer. Ele é um "atacante" que não pode ser parado, pronto para marcar o gol pela equipe que lhe passe a bola.
O que quer Deus de nós? Não o que esperamos. Ele repreende Israel por trazer-lhe tantos sacrifícios: "Da tua casa não tirarei bezerro nem bodes dos teus currais. Porque meu é todo animal da selva... Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e a sua plenitude" (Salmo 50:9-12).
Mas não existirá algo que podemos dar a Deus que não o desmereça para a posição de beneficiário? Sim. As nossas ansiedades. É uma ordem: "Lança todas as tuas ansiedades sobre Ele" (1 Pedro 5:7). Deus receberá com prazer seja o que for de nós que lhe mostre a nossa dependência e a sua total-suficiência. (Isto manifesta a nossa confiança nele, e isto muito lhe agrada – nota do tradutor).
A diferença entre o nosso país e Jesus Cristo é que o nosso país não nos alistará ao seus serviços a menos que sejamos saudáveis e Jesus não vai contar conosco a menos estejamos doentes. "Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores" (Marcos 2:17). O cristianismo é fundamentalmente convalescença. Os doentes não servem os seus médicos. Eles confiam neles para boas receitas. O Sermão da Montanha é o conselho médico do nosso Médico e não a descrição do trabalho do nosso Empregador.
Mesmo as nossas vidas não dependem do trabalho para Deus. "Ora àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça" (Rm 4:4-5). Os trabalhadores não ganham presentes. Recebem o que merecem. Se tivéssemos o dom da justificação, não trabalharíamos. Deus é o trabalhador neste caso. E o que ele recebe é a glória de ser o benfeitor da graça, não o beneficiário do serviço.
Também não devemos pensar que o nosso trabalho para Deus começa após a Justificação. Aqueles que tentam realizar o trabalho de santificação depreciam a glória de Deus. Jesus Cristo é a "nossa justiça e santificação" (1 Coríntios 1:30). "Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? " (Gl 3:2-3). Deus foi o trabalhador na nossa justificação e Ele será o trabalhador na nossa santificação.
A "carne" religiosa sempre quer trabalhar para Deus. Mas "se viverdes segundo a carne, morrereis" (Rom 8.13). É por isso que as nossa vidas não dependem do trabalho para Deus, mas na Justificação e Santificação.
Servos do Deus Celestial

Mas não devemos, então, servir Cristo? É-nos ordenado: "Servi ao Senhor" (Rom 12.11). Aqueles que não servem Cristo são repreendidos (Rom 16.18). Sim, vamos servi-Lo. Mas antes de o fazer, vamos refletir sobre o que devemos evitar nesse serviço. Certamente que todas as advertências contra servir a Deus significam que, no conceito de serviço, encontra-se algo a ser evitado. Quando comparamos o nosso relacionamento com Deus e a relação entre servo e senhor, a comparação não é perfeita. Certas coisas sobre servidão devem ser evitadas em relação a Deus. Algumas devem ser confirmadas.
Quem, então, devemos servir e não servir? Salmo 123:2 dá parte da resposta: "Eis que, como os olhos dos servos atentam para as mãos do seu senhor, e os olhos da serva, para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos atentam para o SENHOR, nosso Deus, até que tenha piedade de nós". A maneira certa de servir a Deus é buscar a sua misericórdia.
Qualquer servo que tente sair do papel divino e queira iniciar uma parceria humana com o seu Mestre celestial está em revolta contra o Criador. Deus não faz trocas. Ele dá misericórdia aos servos que a terão e o salário da morte para os outros. O bom serviço é sempre e fundamentalmente receber misericórdia, e não prestar serviço.
Mas não é totalmente passivo. Mateus 6:24 dá ​​outra pista para o bom serviço: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon."
Como é que uma pessoa pode servir o dinheiro? Ela não assiste o dinheiro. Ela não é o benfeitor do dinheiro. Como, então, servimos o dinheiro? O dinheiro exerce um certo controle sobre nós, pois parece prometer muita felicidade. Ele sussurra com grande força "Pense e aja de modo a ficar em posição de aproveitar os meus benefícios". Isto pode incluir roubar, pedir emprestado ou trabalhar.
O dinheiro promete felicidade e nós o servimos por acreditar nesta promessa e andando por essa fé. Assim, nós não servimos o dinheiro colocando o nosso poder à sua disposição para o seu bem. Servimos o dinheiro fazendo o que é necessário para que o poder do dinheiro esteja à nossa disposição para o nosso bem.
Eu acho que é o mesmo tipo de serviço que Deus deve ter em vista em Mateus 6:24, uma vez que Jesus põe os dois lado a lado: "Não podeis servir a Deus e a Mamon". Então, se vamos servir Deus e não o dinheiro, vamos ter que abrir nossos olhos para uma felicidade muito superior que Deus oferece. Assim, Deus irá exercer um controle maior sobre nós do que o próprio dinheiro.
Vamos servir crendo na Sua promessa de pleno gozo e caminhando por essa fé. Não. Nós vamos servi-lO tentando colocar o nosso poder à Sua disposição para o seu bem, mas fazendo o que é necessário para que o Seu poder esteja sempre à nossa disposição para o nosso bem.
Beneficiários Obedientes

Certamente que isso significa obediência. Um paciente obedece ao seu médico na esperança de melhorar. Um pecador convalescente confia nas diretrizes dolorosas de seu Terapeuta e segue-as. Só desta forma nos mantemos numa posição de beneficiar do que o Médico divino tem para nos oferecer. Em toda esta obediência somos nós os beneficiários. Deus é sempre o doador. Pois é o doador que fica com a glória.
E que, talvez, seja a coisa mais importante de todas. A única maneira certa de servir Deus é de uma forma em que toda a glória seja reservada para Ele. "Se alguém administrar, [tem de] administrar segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo" (1 Pedro 4:11). Como podemos servir para que Deus seja glorificado? Sirvamos pela força que Ele supre. Quando estamos na nossa parte mais ativa para Deus, ainda somos os recipientes. Deus não vai abdicar da glória de Benfeitor, nunca!
Trabalhemos, pois, com afinco, mas nunca nos esqueçamos de que não somos nós, mas a graça de Deus conosco (1 Coríntios. 15:10). Vamos obedecer agora, como sempre, mas nunca se esqueça de que é Deus quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar (Fp 2:13). Vamos espalhar o evangelho por todos os lados e nos gastar por causa dos eleitos, mas nunca nos aventuremos a falar de outra coisa, exceto o que Cristo operou em nós (Rom 15.18). Que em todo o nosso serviço Deus seja o doador e a Deus toda a glória.
E até que o povo compreenda isto, irmãos, dizei-lhes para não servirem a Deus.


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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