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Abandonaste o teu primeiro amor
Charles Haddon Spurgeon

"Abandonaste o teu primeiro amor" - Apocalipse 2:4

Sempre deve ser relembrado o momento mais extraordinário e mais radiante da nossa vida: o dia em que conhecemos o Senhor, perdemos o nosso fardo, recebemos o rol das promessas, nos regozijamos na alegria da plena salvação e seguimos em paz o nosso caminho.
Era primavera na alma; o inverno se fora; os trovões do Sinai se aquietaram; não se viam mais seus clarões; Deus estava satisfeito; a lei não ameaçava vingança, a justiça não exigia punição.
Naquele momento, as flores desabrocharam no nosso coração; esperança, amor, paz e paciência brotaram da terra; o jacinto do arrependimento, a campânula da verdadeira santidade, o açafrão dourado da fé preciosa, o narciso do primeiro amor - tudo recobriu o jardim da alma. O tempo do canto das aves chegou e nos alegramos com ações de graças; engrandecemos o nome santo do Deus perdoador e tomamos uma resolução: "Senhor, sou Teu, sou todo Teu; tudo o que sou, tudo o que tenho, quero dedicar a Ti. Tu me reconciliaste com Teu sangue - deixa-me dedicar minha vida a Ti e ao Teu serviço. Na vida e na morte quero me consagrar a Ti." Como será que temos mantido essa resolução? O nosso amor esponsal, que ardia com fogo santo de devoção por Jesus - será que ainda é o mesmo? Será que Jesus não poderia nos dizer: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor"?
Ah, Senhor! é tão pouco o que temos feito para a glória do nosso Mestre. Nosso inverno está se prolongando demais. Estamos frios como gelo quando deveríamos sentir o calor do verão e desabrochar com flores santas. Damos ao Senhor apenas uma ninharia quando Ele merece o melhor, ou mais, merece o sangue do nosso coração estampado no serviço da Sua igreja e da Sua verdade. Mas, continuaremos assim?
Ó Senhor, depois de haveres nos abençoado tão ricamente, como podemos ser tão ingratos e indiferentes à Tua causa e ao Teu serviço? Vivifica-nos, pois, para que retornemos ao nosso primeiro amor e às nossas primeiras obras! Dá-nos uma primavera esplêndida, ó Sol da Justiça.

Charles Haddon Spurgeon


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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