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Andarilha Andante
Maria

No dia-a-dia
Da vida sinto medo.
Sinto medo de
Não ser mais eu.
Sei que sou
Uma andarilha,
Uma andante.
Vivo de andanças
Pela minha própria vida.

Viajo para dentro
De mim todos os dias,
Prá ver se me encontro lá.

Vejo a paisagem,
Subo e desço montes
Caminho pelas trilhas,
Mas já não chego
A nenhum lugar.

Olho-me em todas
As direções.
Já me vi ali.
Mas, às vezes,
Não consigo me achar.

Onde fui parar?
Fugi de mim mesma?
Ou me prendi em algum
Canto escuro que agora
Não me acho mais?

Já tenho até bolhas
Em meus pés de tanto
Perambular pelas trilhas
Que existem dentro de mim.

Vou sozinha.
Comigo ninguém vai.
Ninguém quis ir.
De longe alguns
Parcos amigos me olham.

Um que conheci ontem,
Mas que já é do tempo
Da "Guerra", me diz
Que são tantos e tantos
Os caminhos que se
Tornam em labirintos.
Se assim fôr, então,
Com certeza,
Vou me perder por ali.

O "Rio" me deu sandálias
Para calçar os pés
Já sofridos e calejados.
Eram para não mais
Andar descalça.
Agradeci e até usei
Por um ou dois dias,
Mas logo de lado deixei.
O que fazer, se Maria
Descalça quero ser?

Ás vezes eu pressinto
Que nunca chegarei
Ao lugar onde quero ir.
Nesta caminhada nunca
Chegarei ao cume do monte.

Sei que é para lá que vou.
Lá existe um campo de flores
Repleto de girassóis.
É o meu coração.
Para lá devo ir.
É uma terra de ninguém
Por isso para lá devo ir.
Lá devo plantar minha
Bandeira da conquista.

Mas como chegar lá
Se não sei mais o caminho?
Levava comigo na mochila de andar,
Um mapa, uma bússola de mão,
Mas, acho que perdi tudo isso
Em algum momento
De tempestade interior.

E agora?
Por acaso,
Alguém aí,
Sabe
Me dizer
Por onde
Devo ir?.

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