A crise no espaço aéreo brasileiro já provocou revolta e preocupação em muita gente, mas, ninguém ficou mais revoltado e, principalmente, preocupado com toda essa crise que o governo Lula, a prova dessa preocupação foi a suspensão da instalação da CPI do Apagão Aéreo.
A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), no atual governo, passou a receber mais que o dobro de investimentos, saltou de R$ 400 milhões para R$ 900 milhões no ano da reeleição de Lula. A princípio tudo normal, pois investimentos são necessários em todos os setores públicos e privados.
O que o governo não esperava era a intervenção do TCU (Tribunal de Contas da União) em várias obras que a Infraero realizou e está realizando em vários aeroportos do Brasil. Há indícios de superfaturamento de mais de R$ 16 milhões e direcionamento de licitações. O problema não é novidade, investigações do ministério público apontaram irregularidades na mesma estatal quando Fernando Henrique Cardoso era presidente.
Assim como o problema da Infraero não é novidade para nós, irregularidades envolvendo outras estatais brasileiras também não são. Quem não se lembra do rombo na Petrobras que atingiu o patamar de R$ 8,3 bilhões que, somado ao déficit da Caixa Econômica Federal atingem os R$ 10,8 bilhões. Esse valor é quase o dobro do investimento público no primeiro ano do governo Lula que foi de R$ 6,5 bilhões. Outro fato recente é a CPMI dos correios que investigou a distribuição de recursos da estatal a parlamentares para suposto pagamento de campanha, apelidado de “valerioduto”.
As dívidas e os rombos de enormes cifras numéricas tornaram-se música para nossos ouvidos, soa até bem ouvir uma notícia sobre fraude em estatais. Nossas mentes estão apagadas, assim como está o tráfego aéreo brasileiro. Apagamos de vez. Não lembramos de mais nada.
Como é fácil ser político no Brasil, fazem o que bem entendem e sempre escapam como se fossem os mocinhos da história. Parece até que todas as manhãs tomamos uma dose de esquecimento instantâneo. Não é possível.
Dentre nossos representantes enternados, existem aqueles que gostam de aparecer na mídia, uns são cassados, outros enjaulados, mas, sempre acaba assim: Os cassados escapam e os enjaulados ganham habeas-corpus e todos sorriem no final.
É preciso que nossas torres de controle estejam sempre atentas para não deixar cair no esquecimento fatos deploráveis envolvendo políticos. Porém, assim como a maioria dos controladores de vôo estão sobrecarregados, nós também estamos, pois não podemos perder os Reality shows, a novela que sempre atrasa, os empolgantes programas das tardes de domingo.
O apagão aéreo tomou conta de nossas mentes, às vezes tudo fica escuro e não enxergamos nada, às vezes está claro e não enxergamos nada também. Mas em nosso espaço aéreo não há colisão ou atraso de aeronaves, e sim, uma coalizão para o atraso de um país.
Alex Dancini, graduando de Letras da FECILCAM
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