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As lições do Ano Novo
Márcia de Souza Luz Freitas

     Pelas reformas romanas do calendário, o ano novo passou a ser comemorado em 1º de janeiro e não mais em março, início da primavera no hemisfério norte. Tal mudança pode ser explicada pela astronomia, mas também, histórica e culturalmente, pela conciliação entre o sagrado e o profano. No Brasil, o ano novo traz um movimento de purificação. Os erros são perdoados, os problemas, esquecidos, e uma forte convicção de que tudo agora será diferente nos invade. E desejamos o Carnaval.
               Nesse clima de recomeço e expectativas, alimentamos o antigo hábito babilônico de fazer promessas na passagem do ano. Comigo, porém, este início de ano foi diferente. Sem listas de realizações. Não porque sejam impossíveis. Acredito piamente que são um grande impulso para as conquistas que efetivamente alcançaremos. A decisão de não fazer listas veio de dois episódios significativos. Tão importantes foram, que não poderia deixá-los escondidos na memória. Preciso dividi-los.
     O primeiro deles aconteceu em um momento de confraternização, verdadeira fala da sabedoria divina: “Ninguém tem o direito de estragar a nossa felicidade.” Fiz dessa frase o meu mantra para 2007. É claro que isso não impediu que algumas lágrimas já rolassem (em tão poucos dias de ano novo!), mas me deu um novo horizonte. Explico: já há algum tempo vinha achando que a eudaimonia fosse algo inatingível, uma vez que seria direito do homem sábio – e quem o é? – Comecei a vislumbrar uma possibilidade mais simples.
     Decorre disso a significação do segundo episódio. Apaixonei-me por um texto lindíssimo, O caso do poema roubado, de Cora Rónai, publicado no jornal O Globo em quatro de janeiro. Ao falar de um pacote que aparece na porta da casa de seu sítio, contendo um poema emoldurado acompanhado de um bilhete, na verdade um pedido de desculpas de um homem por ter furtado o objeto no passado, Rónai assim finaliza seu texto: “Mal sabe ele [o autor do furto] que nos deu um presente muito maior do que o que levou: um mundo onde crianças roubam poemas e adultos os devolvem é um mundo de beleza e esperança”.
     O êxtase em que me vi foi bastante para que me preocupasse com algum ritual. Sim, eu sou feliz! E já vivo, todos os dias, mergulhada em uma imensa promessa, aquela que fiz aos quatro anos de idade, quando aprendi a ler e a escrever, de que me tornaria escritora quando crescesse. Será que já cresci?


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