Dia desses no colégio escutei uns colegas conversando sobre música. Estava contente enquanto eles depreciavam o sertanejo. Quando o pagode entrou na conversa, foi tratado da mesma forma que o gênero anterior. Até aí nada que me aborrecesse. Eis que um novo rumo na conversa me chamou a atenção. Foi então que ouvi alguém citar o samba, dizendo que era farinha do mesmo saco dos pagodeiros. Se engana quem pensa que eu fiz esse texto pra impor minha preferência por algum gênero musical , gosto é gosto e eu não quero mudar o de ninguém, mas saber nunca é demais, não é mesmo?
Começando do começo, o samba é um gênero musical, uma mistura com uma dança africana, que nasceu aqui no Brasil. O pagode de inicio foi usado pra designar as festas na senzala. As sambistas também chamavam suas festas de pagode e foi aí que os dois gêneros foram confundidos como sinônimos. Hoje o pagode é um gênero musical que, se analisarmos desde os primórdios, não tem nada a ver com o samba.
Aprendidas as diferenças, não foi difícil que uma pergunta me martelasse a cabeça. Será que esse samba denomina o mesmo gênero que, no meu mundinho, é chamado também de samba? O samba no meu mundinho é de Bossa e não de grito. O meu samba é aquele que ninguém se atreve a me dizer do que é feito. O meu samba, é uma corrente, que diz realmente o que é que eu acho e eu, assino em baixo! Esse meu samba é Bossa Nova. Na verdade era, porque hoje ele é MPB. Como assim? Assim:
O samba já era tocado há tempos mas, em 1917, foi gravada a música Pelo Telefone de Ernesto dos Santos, o Donga, considerada o primeiro samba! Aí, como já era de se esperar o samba se dividiu em um monte de vertentes, como na década de 30 que nasceu o samba nos lares, que tocavam nas rádios (aí surgiram grandes nomes, tipo Noel Rosa e Ary Barroso, nem precisa gostar de samba pra conhecer) e o samba enredo – aquele das escolas de samba- , o samba carnavalesco – das marchinhas, tipo Chiquita Bacana ou a Colombina -, em 40 o samba de gafieira – das danças de salão com o instrumental bem marcado.
E aí pra você que, como eu, estava esperando a Bossa Nova, é na década de 50/60 que ela surge. Mas não é aí que eu quero chegar. Vamos um pouquinho mais pra frente, década de 70/80 a nova geração! Essa época cheia de problemas e repressão trouxe o declínio da Bossa ao som da música Arrastão, de Vinícius de Morais (premiada na voz de Elis Regina), e o gênero, então, começou a dizer o seu adeus e dar lugar para a abrangente MPB! O grande nome dessa fase, não podia ser diferente, foi o de Chico Buarque, um dos artistas ativos mais críticos da época da ditatura na luta pela democratização, e foi com a música A Banda que ele marcou a ruptura entre a Bossa Nova e a MPB.
Aqui no finalzinho, depois de tudo isso, a gente percebe como é bom conhecer os assuntos que gostamos. Só assim podemos formar uma opinião justa, com argumentos fundamentados em fatos reais!
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