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GEMIDOS NA SERRA
João carlos de oliveira

O ano era de 1935. No norte de Minas, imperava a lei do coronelismo, haviam muitos crimes, que jamais foram apurados. Diante destas circunstâncias, duas primas, que viveram naquela época, travavam entre-se, um diálogo de questionamento e de medo, relativo a fatos acontecidos, em que estariam envolvidos, parentes próximos, ligados a ambas: Sei lá Joana! Não gostaria de falar sobre este assunto! Entretanto, não existe sigilo entre nós duas, pois, além de primas, somos quase duas irmãs, e durante toda a nossa vida, não temos tido segredos, uma para com a outra. Sobre estes fatos que você quer saber, que envolve a nossa família, e que estão comentando por aí, à boca amiúde, posso afirmar-lhe, que sei quase tão pouco, quanto você, ou seja, quase nada. Na verdade, desconheço os acontecimentos na sua profundidade, tudo é tratado com muito sigilo na família, pois pode envolver, inclusive, riscos de perdas de mais vidas. Posso lhe dizer, apenas, que o João, nosso primo, tem vivido momentos circunstâncias. Falam por aí, que nosso primo rico, não ficou tão rico assim, do nada, ele é ganancioso e perigoso, e não hesita em nada, diante dos seus interesses. Olha Maria ! você está mesmo é certa! A gente, não deve se meter nesta colméia de vespeiros, falar de assuntos alheios, especialmente, quando se trata, de pessoas, que nos une por laços de parentesco. Mas por outro lado, a injustiça é da conta de todo o mundo, dize-se, o velho ditado popular : onde tem fumaça, tem fogo! Estão falando amiúde, que o João, tem muito à ver, com o sumiço do cunhado dele, o Vital, que por sinal, também é nosso parente. Todos sabemos prima, que o Vital, retornou do interior de São Paulo, há pouco tempo, após mais de 20 anos de ausência, trabalhando na região do Café. Segundo se soube, ele, muito econômico, e ainda solteiro, trouxe um bom dinheiro com ele. Pois é certo Joana, o pobre do Vital sumiu, e sumiu misteriosamente, sem deixar rastros. Segundo as más línguas, sumiu junto com o dinheiro que trouxe, já que ao que se sabe, ele não mantinha contas em bancos, e não deixou o seu dinheiro com ninguém. Pois é Maria, nós os seus parentes, não cremos, que ele tenha retornado para São Paulo, sem se comunicar com ninguém, ele gostava muito das suas irmãs, e dos muitos sobrinhos, que estão espalhados por aí.
Todos sabemos, que ele estava hospedado na casa do João, e foi de lá que ele sumiu, para não mais retornar. Muita gente sabe, que o Vital gostava muito da caçada, e era apaixonado pela caça do “ Mocó “, um bichinho, que mais parece com um coelho, más que vive no alto destas serras aqui da nossa região. E, pelo que se suspeita, foi exatamente, numa dessas caçadas, na companhia de algum capanga do João, que ele foi vítima de uma traição ou emboscada, que tenha sido morto, e jogado dentro de uma lapa qualquer, nas pedreiras desta imensa serra. Olha Joana, duvidar eu não duvido de nada! A maldade humana, esta espalhada para tudo em quanto é lado. Mas seria possível, que o João teria mesmo a coragem de mandar tirar a vida do próprio cunhado? ficar com o dinheiro dele? Ele, que já é tão rico! Como fica a situação da Dona Sarah, esposa dele, diante da possibilidade, do marido ter ordenado a morte do próprio irmão dela? O tempo vai passar Maria, Dona Sarah, vai carregar esta dor no peito por muito tempo, mas ela coitada, é dessas mulheres subjugadas pelo Marido, sem voz ativa, e forçosamente, terá que acreditar, que o irmão retornou para São Paulo. Pois é prima, tudo é muito triste! No alto destas serras, morada do urubu rei, onde há sempre a presença de muito nevoeiro, segundo relatos dos caçadores do “ mocó “, que se aventuram nas suas pedreiras, já se pode ouvir, por mais de uma vez, gemidos de dor de seres humanos ........................... Advertência: O presente texto não retrata a historia de pessoas vivas ou mortas, ou mesmo, de fatos acontecidos, que se tenha notícia. O texto, é sim, uma produção intuitiva e intelectual do seu autor . Montes Claros, MG, 29/06/2012.


Biografia:
Nem mesmo cairá uma unica folha de uma árvore, se caso não exista uma razão para tal!
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