Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
JOÃOZINHO E AS GALINHAS
João Carlos de Oliveira

Certa feita, a mãe de Joãozinho, ocupada como sempre, com as suas costuras, se via às tranças, com uma galinha que teimava em fazer de uma das suas camas, o seu ninho. Expulsa das camas e da casa já pela terceira vez, não é que a danada da galinha, lá estava de volta?
Aborrecida pela teimosia da galinha, dona Maria - este era o nome da mãe de Joãozinho -, resolveu apelar pela presença do filho, que àquela época, não contava mais do que com sete anos de idade.
A um só grito, chamou pela presença do menino, já que imaginava, estaria ele ali por perto mesmo, nos terreiros da casa, brincando com seus carrinhos de carretel.
Como João Joãozinho não apareceu de pronto, ou mesmo, talvez ele tenha até fingido não ter ouvido o chamado da mãe, pois imaginava, tratar-se de mais uma tarefa - continuou a brincar.
Dona Maria, ligeiramente irritada, voltou novamente a gritar, só que desta vez mais alto: Joãozinho! Venha cá menino! Você não está me ouvindo não?
Joãozinho, que estava entretido - brincava com seu novo carrinho de pau -, respondeu a sua mãe lá mesmo do terreiro da casa: O que é que a senhora quer mãe? a senhora agora, não me dá nem mais sossego ? O que que a senhora quer que eu faça desta vez ? já dei até água para os porcos !
Dona Maria, sem desgrudar os olhos da costura, retrucou lá do pé da máquina de costura mesmo. Menino, Menino! você está endurecendo o seu cangote, está cada vez mais respondão. A qualquer hora dessas, vou lhe ensinar, como atender aos meus chamados!
Assim, Joãozinho mais do que depressa, abandonando os seus brinquedos, correu para atender aos chamados da mãe.
Mãe. Aqui estou! O que é que a senhora quer mesmo? É prá botar o feijão para cozinhar ? Dona Maria, repondeu-lhe : Não é nada disso não menino! O que quero mesmo, é que você dê um jeito nesta danada desta galinha, que teima em botar ovos sobre minhas camas, sujando meus lençóis - suma com ela daqui!
Durante muitos anos, o pai de Joãozinho fora comerciante de gêneros alimentícios, numa espécie de armazém, e em um dos depósitos da fazenda, havia um grande caixão de madeira, com várias sub-divisões, onde cada divisão, era utilizada, para armazenar arroz, feijão, sal, milho, etc.
Joãozinho, que era um menino esperto e danado, logo lembrou do tal caixão, e logo planejou: vou colocar esta danada desta galinha presa dentro do caixão, vai ficar mais fácil prá mim, quando minha mãe me chamar novamente, para eu fazer a coleta dos ovos nos ninhos.
Entretanto, a idéia de Joãozinho, não era a de prender no caixão, somente a galinha que atentava a sua mãe, tratou logo de prender mais de uma dúzia - umas quinze.
Assim foi feito, certo da expectativa, que depois de um algum tempo, voltaria para apanhar os ovos delas todos reunidos.
Dona Maria, ocupada com suas costuras, não mais prestou atenção ao que Joãozinho estava fazendo. Na verdade, ele voltou aos seus brinquedos. O certo é, que permaneceu brincando lá no terreiro da casa por um bom tempo, e acabou por esquecer, que havia prendido as galinhas no caixão de madeira e fechado a tampa dele.
Como já era final de tarde, logo começou a escurecer, é que na roça, o tempo escurece mais cedo.
Dona Maria, muito ocupada com suas costuras, e logo em seguida, tendo que preparar o jantar, naquele dia, não se lembrou de mandar o Joãozinho coletar os ovos nos ninhos.
Passado a noite, como era de costume, todos foram dormir muito cedo – em nenhum momento Joãozinho lembrou das galinhas que havia prendido para botar.
No dia seguinte, como de costume, todos levantaram bem cedo. Joãozinho que naquela época ainda não ia para a escola – as crianças somente iam a escola após os sete anos -, tratou de localizar o seu cavalo de pau, que deveria estar jogado em algum lugar nos terreiros ao derredor da sua casa. Entretanto, de repente, lembrou das tais galinhas, que havia prendido no caixão no dia anterior.
Saiu em debandada até o depósito onde estava o caixão. Ao abrir a tampa do caixão, lhe veio no rosto, aquele cheiro horrível, de animais mortos. Não é que todas as 15 galinhas, estavam todas mortas? Joãozinho, na inocência dos seus sete anos, não sabia, que as pobres das galinhas, não sobreviveriam em ambiente fechado e na ausência do ár, e que pela falta do oxigênio, acabariam morrendo todas!
Ainda houve tempo para constatar, que dentro do caixão, no meio das galinhas mortas, haviam um bocado de ovos, afinal, pareceu-lhe, que todas as galinhas presas, puseram os seus ovos antes de morrer.
E agora? Pensou Joãozinho. O que vou fazer? Minha mãe é brava, e vai me castigar. Pensou! Pensou! Resolveu, que o melhor que ele tinha prá fazer, era o de dar um jeito de dar um sumiço em todas as galinhas mortas, antes que alguém entrasse no depósito, e fosse atraído pelo mal cheiro.
Como O período era de chuvas, verão provavelmente, havia um grande milharal já bastante crescido próximo a casa sede da fazenda. Assim, Joãozinho, sem que ninguém desse conta, foi carregando as galinhas mortas de duas em duas, e depositando em determinado local no meio do milharal, até que carregou as 15 aves mortas.
Concluído a estafante tarefa, Joãozinho meio ressabiado, fez de conta que nada de anormal havia acontecido com ele.
O Córrego que abastecia a sede da fazenda, ficava logo aos fundos da casa sede, e não era distante. Havia uma trilha de acesso ao córrego, que era utilizada para apanhar água, e para lavar as roupas da casa.
Foi assim, quando passava pela trilha, que a serviçal da casa, observou, que havia algo de estranho no meio do milharal. Havia bastante mal cheiro. Curiosa, adentrou pelo milharal para ver de onde vinha aquele mal cheiro, foi quando deparou com um monte de galinhas mortas, empilhadas umas sobres as outras.
Mais que depressa, correu até a casa gritando: Dona Maria! Dona Maria! Venha cá para a senhora ver! Há um monte de galinhas mortas no meio do milharal! O que será que houve? Quem é que matou tantas galinhas?
A esta altura do tempo, logo que percebeu que seu mal feito havia sido descoberto, Joãozinho, desconfiado, tratou de montar o seu cavalo de pau, e mais que depressa, correu para a casa da sua avó, cuja fazenda, vizinha, não distava mais do que três km da fazenda do seu pai.
Não demorou muito para que dona Maria, percebesse da ausência filho, e voltando-se, para a ajudante, disse: Pois é menina! Nem precisa me falar mais nada! Já sei quem matou minhas galinhas! Pois não foi o danado do Joãozinho? Lembro-me, que ainda ontem, pedi a ele, prá que me desse um jeito numa galinha que me perturbava! Não é que ele deu um jeito mesmo? só que ele me matou mais de uma dúzia de minhas galinhas de postura! Êta menino danado gente! Já falei pró meu marido, que se este menino, não for tratado com rédeas curtas, ainda vai nos dar muito trabalho...........

Montes Claros,MG, Outubro de 2011.

João Carlos de Oliveira
E-mail: zoo.animais@hotmail.com











Biografia:
Nem mesmo cairá uma unica folha de uma árvore, se caso não exista uma razão para tal!

Este texto é administrado por: João carlos de oliveira
Número de vezes que este texto foi lido: 52826


Outros títulos do mesmo autor

Poesias INTROSPECÇÃO 3 João carlos de oliveira
Poesias RUMO NOVO João carlos de oliveira
Crônicas RUMO AO FUTURO João Carlos de Oliveira
Cartas TRIBUTO AO PADRE HENRIQUE MUNÁIZ PUIG João carlos de oliveira
Poesias INFINITA NATUREZA João carlos de oliveira
Crônicas TERRA SECA - VIDAS SECAS João carlos de oliveira
Contos O DOMADOR DE BURROS XUCROS João carlos de oliveira
Frases INTROSPECÇÃO I João carlos de oliveira
Crônicas PERIPÉCIAS DE UM CAPIAU João carlos de oliveira
Contos O ASNO FALANTE João carlos de oliveira

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 46.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68960 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57883 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56698 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55769 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55003 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54863 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54820 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54764 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54697 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54666 Visitas

Páginas: Próxima Última