................pois é meu prezado amigo João! Saiba vossa mercê, “ que o pobre aqui da roça, somente vai prá frente, quando tropeça com o dedão do seu pé em um toco de árvore deixado traiçoeiramente no meio das trilhas”. Mas meu amigo Joaquim! - Joaquim era conhecido pela alcunha de Joaquim pezão -, que pessimismo é este homem? As coisas tem mudado muito aqui no campo. A ajuda do governo não tem chegado até vocês? Não é pessimismo não, nhô João! é a mais pura das realidades. O pobre trabalhador braçal, assim como eu, aqui destas cercanias, não tem tido oportunidades nem valor. Os grandes invernistas de gado, já tomaram conta de tudo quanto é pedaço de terra por aqui, e nós os pobres, confinados nestes pequenos lugarejos, já não temos mais lugar para plantar nada! Não temos mais colheitas. Vivemos somente da nossa mão de obra braçal - quando encontramos serviço -, comprando kilinhos de mantimentos nestas vendas - verdadeiras arapucas -, e nosso dinheirinho, pouco e escasso, acaba não dando prá comprar quase nada, e em razão disso, acabamos muitas vezes, até passando fome!
Não pude deixar de observar, que lágrimas rolaram pelo rosto daquele homem, de mãos calejadas e de pele enegrecida, marcado pela dureza da vida e dos acontecimentos, que por força das circunstâncias, fora excluído do campo.
Nota do autor:
Quis o autor, na simplicidade deste texto, homenagear, " in memoriam ", ao amigo, que não mais se encontra aqui conosco.
João Carlos de Oliveira
E-mail: zoo.animais@hotmail.com
|