O inverno se aproxima.
Tudo ficará cinza.
Tudo ficará nebuloso.
Da minha janela vejo os corajosos pássaros que batalham contra a ventania, contra a tempestade.
Em minha casa um deserto, onde os corrimões esperam por mãos que os alisem ao descerem até mim, ou subirem para mim.
Pés que machuquem o assoalho.
Quartos esperam ser iluminados.
Os corredores anseiam por cochichos, segredos, confissões de um peito irmão.
Na minha casa a solidão impera, e tenho como companheira minha janela, que chora comigo em noites chuvosas.
A minha casa não aceita minha presença.
Desfaz os laços, desamarra os nós.
A casa também sente, saudade.
Sente a solidão que vaga, vaga, vaga por toda ela, por todo eu, por tudo em mim.
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