Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Sinto dor, existo.
maria esther delgado leite

Dores da alma. Dores físicas. Dores dos outros.
Envelhecer é isso?

Acredito que não, até porque tenho momentos de prazer, sem dor, mas as dores estão ocupando boa parte do que experimento. Vivo me perguntando: qual sentido isso tem pra mim?, em praticamente todas as situações que antes pareciam naturalmente compor minha vida.

Estou mais inquieta, se consigo driblar as dores físicas, sinto uma tremenda vontade de produzir algo. Daí nasceu a exigência de escrever, trocar experiências, trabalhar minha subjetividade no cotidiano. Entendem o que digo? Compartilhar é uma das palavras do momento, mas acredito cada vez mais que é um dos prazeres da 'mais idade'.

Do Dicionário do Aurélio, tomo emprestado algumas definições de 'velho'. "Gasto pelo uso" está tudo em mim que é osso. Entram em cena as drogas, lícitas, que ajudam nas articulações. Quanto aos exercícios, fundamentais na estimulação dos movimentos, tudo bem, caminho e danço com o maior prazer, desde que o corpo acompanhe o desejo. "Experimentado, veterano" é delicioso curtir nas relações de maneira geral, pois acostumada a transmitir ensinamentos na universidade, ter quem me ouça acarinha muito o narcisismo necessário ao querer bem a si mesmo.

A parte mais difícil, "Antigo", porque há quase 60 anos nascida, há muito tempo com muitos outros mais antigos que eu, traz por conseqüência a perda de pessoas queridas, admiradas, conhecidas, anônimas. Às vezes me surpreendo com a morte, uma atrás da outra, como que em série. Tem como se acostumar com isso?

Não é preciso sentir dor para existir. Mas a dor tem provocado em mim a necessidade de re-significações. Preciso rever modos de viver, talvez isso seja envelhecer. Acho que começa a fazer sentido.


Biografia:
Esther Delgado, Psicóloga, aposentada pelo Instituto de Psiquiatria/UFRJ, onde trabalhei no atendimento clínico em saúde mental de crianças, adolescentes e seus familiares. Prossigo na clínica, e também como supervisora do processo psicodiagnóstico, no âmbito privado. Escrevo sobre inquietações próprias do 'ser humano', que espero sejam compartilhadas.
Número de vezes que este texto foi lido: 52810


Outros títulos do mesmo autor

Contos Embalada pela Memória maria esther delgado leite
Ensaios Sinto dor, existo. maria esther delgado leite


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
1 centavo - Roni Fernandes 54809 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54795 Visitas
frase 935 - Anderson C. D. de Oliveira 54658 Visitas
Ano Novo com energias renovadas - Isnar Amaral 54571 Visitas
Amores! - 54540 Visitas
NÃO FIQUE - Gabriel Groke 54510 Visitas
Na caminhada do amor e da caridade - Rosângela Barbosa de Souza 54502 Visitas
saudades de chorar - Rônaldy Lemos 54472 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 54435 Visitas
O Senhor dos Sonhos - Sérgio Vale 54403 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última