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Raízes do Brasil
Fichamento básico e comentários
Bianca de Moura Wild

Resumo:
Ao fazer uma análise de “nossas raízes”, Holanda identifica a importância que a colonização portuguesa teve para a formação de nossa cultura. É lógico que tais influências não foram as únicas, cabendo ao índio e ao negro papel importantíssimo. A formação de nosso povo foi uma mistura dessas três raças. Só que os portugueses tinham características próprias, que foram responsáveis pela formação cultural e, principalmente, política no Brasil. A intenção de Sérgio Buarque de Holanda, nos primeiros capítulos de Raízes do Brasil, é descrever as características dos povos ibéricos, portugueses e espanhóis, destacando as peculiaridades de cada um. Os portugueses conseguiram adaptar-se com muita facilidade nestas terras tropicais e formar uma nação com uma extensão territorial ampla, por outro, é devida a estas mesmas “raízes”, caracterizadas pelos valores personalistas e cordiais, a responsabilidade pelo nosso atraso econômico em relação às outras nações, e pelo nosso entrave democrático.

Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda – Resenha crítica


Ao fazer uma análise de “nossas raízes”, Holanda identifica a importância que a colonização portuguesa teve para a formação de nossa cultura. É lógico que tais influências não foram as únicas, cabendo ao índio e ao negro papel importantíssimo. A formação de nosso povo foi uma mistura dessas três raças. Só que os portugueses tinham características próprias, que foram responsáveis pela formação cultural e, principalmente, política no Brasil. A intenção de Sérgio Buarque de Holanda, nos primeiros capítulos de Raízes do Brasil, é descrever as características dos povos ibéricos, portugueses e espanhóis, destacando as peculiaridades de cada um. Os portugueses conseguiram adaptar-se com muita facilidade nestas terras tropicais e formar uma nação com uma extensão territorial ampla, por outro, é devida a estas mesmas “raízes”, caracterizadas pelos valores personalistas e cordiais, a responsabilidade pelo nosso atraso econômico em relação às outras nações, e pelo nosso entrave democrático.
Holanda, no primeiro capítulo de Raízes do Brasil, procura mostrar como se deu o processo de colonização nas Américas e principalmente no Brasil. Por isso, ele fala de nossa herança ibérica (Portugal e Espanha), mostrando as características desses povos e suas diferenças, e como isso contribuiu para a formação de nossas "raízes". É por isso que ele diz que "somos uns desterrados em nossa terra", pois tudo o que temos aqui é fruto de outra terra, de outro continente, de outro povo. A colonização foi uma transposição européia (“fronteiras da Europa”), é como estar na sua terra e não estar. É de lá que veio a forma atual de nossa cultura; o resto foi se adequando bem ou mal às nossas características.
Sérgio Buarque de Holanda ressalta várias características que as diferem dos outros povos europeus, como: a cultura da personalidade; a importância particular que atribuem ao valor dos homens em relação aos semelhantes, no tempo e no espaço; a frouxidão da estrutura social; a frouxidão das instituições; a falta de hierarquia organizada; entre os ibéricos, os elementos anárquicos sempre frutificam mais facilmente; a cumplicidade ou a lassidão displicente das instituições e costumes; a repulsa ao trabalho - o trabalho mecânico e manual visa a um fim exterior ao homem e pretende conseguir a perfeição de uma obra distinta dele; o ócio importa mais que o negócio; a obediência - o único princípio político verdadeiramente forte; a vontade de mandar e a disposição para cumprir ordens são-lhes peculiares; patrimonialismo, etc.
O colonizador português distinguiu-se exatamente por sua capacidade de adaptação e identificação com a nova terra e seus nativos. O português, mais do que qualquer outro povo europeu, abdicava com docilidade ao prestígio comunicativo dos costumes, da linguagem e das seitas dos indígenas e negros. Americanizava-se e africanizava-se conforme fosse preciso, diferentemente das outras raças européias, que não conseguiram adaptar-se à região. Todas as tentativas de colonização de povos não ibéricos na América fracassaram. Como exemplo, os holandeses, que invadiram o Recife. A língua holandesa não conseguiu se adequar aos povos daquela região, ao contrário da língua portuguesa e espanhola que foram, para os índios e negros, muito mais compreensíveis. As práticas colonizadoras portuguesa e espanhola foram mais eficientes e sofisticadas. A religião calvinista holandesa, muito mais rígida, também não se identificou com o povo, ao contrário do cristianismo português, muito mais “plástico”, que nos transformou na maior nação católica do mundo. Quanto a esse aspecto, Buarque de Holanda assinala que, entre os fiéis, há pouca devoção, respeito, atenção para com os ritos religiosos. “É que o clima não favorece a severidade das seitas nórdicas. O austero metodismo ou o puritanismo jamais floresceram nos trópicos”(Thomas Eubank, citado por Holanda, p.151). Essa aproximação, essa familiarização que marcava o culto nas capelas das grandes fazendas, transformava a entidade sagrada em um amigo pessoal; e entre amigos não há porque não abandonar o rigor e as formalidades. Ao autorizar o fiel de todo o esforço de enquadrar-se no ritual coletivo, nossa religiosidade perde seu sentido como tal e afasta-se das características clássicas de abstração e sistematização do mundo.

Holanda, procurou somente identificar tais características que formam uma teia densa que impede o desenvolvimento de uma democracia entre nós. Agora, não é o fato de ter frustrado as quatro revoluções, que nos impossibilitou atingir a perfeição democrática; pelo contrário, para Holanda, não existe modelo a ser seguido, devemos seguir nossos próprios caminhos, respeitando nossos valores culturais. No Brasil, a organização de todos os serviços dava-se segundo os moldes de Portugal, como o trabalho escravo e a indústria caseira. Para Holanda, “onde prospere e assente em bases muito sólidas a idéia de família, e principalmente onde predomine a família do tipo patriarcal, tende a ser precária e a lutar contra fortes restrições a formação e evolução da sociedade segundo conceitos atuais” (p.144). As relações familiares foram sempre, entre nós, modelos obrigatórios de qualquer composição social. E é a família, entendida como a base de qualquer sociedade, e, principalmente, a família patriarcal, tipo este baseado na autoridade masculina, de que será constituída nossa sociedade. A organização dentro da família patriarcal, centrada no pai, se estenderia por toda a sociedade, centralizada no senhor de engenho, autoridade política nos primeiros séculos, e depois nos políticos.
Ocorre então a confusão entre o público e o privado, e a invasão do Estado pela família, pois com uma sociedade apoiada neste tipo de família, a autoridade do patriarca é observada em todos os seguimentos da sociedade, passando o Estado a ser uma continuação da família.
Utilizando os conceitos de “trabalho e aventura”, tipologia básica do livro, Holanda distingue o trabalhador e o aventureiro. O que diferenciava a colonização portuguesa, era a “ética do aventureiro”, que se caracterizava pela audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem, indolência: “Na obra da conquista e colonização dos novos mundos, coube ao trabalhador papel muito limitado, quase nulo” (p.56). Isto em contraponto à “ética do trabalhador”, observada nas colônias espanholas, que se caracterizava por só atribuir valor moral positivo às ações que se sente ânimo de praticar. Só que é graças a esse aventureiro que se espalhou pelo sertão em busca de riqueza, que conseguimos nossa unidade territorial. Holanda compara essa indolência, típica do português, com a indolência inglesa “que não é industrioso, nem possui em grau extremo o senso da economia (...) tende para indolência e para prodigalidade, e estima , acima de tudo, a boa vida” (p.14). Esse argumento prova que a indolência não é uma característica exclusiva nossa, e que tal característica não foi uma barreira para o desenvolvimento da nação inglesa. Essa tipologia, “trabalho” e “aventura” , como ele mesmo adverte, não possui existência real fora do mundo das idéias.
Buarque de Holanda também acredita que a miscigenação foi um fator positivo que contribuiu para a melhor adaptação do português no Brasil. O que o português vinha buscar, era a riqueza, mas a riqueza que custa ousadia e não riqueza que custa trabalho. Isso foi mais um motivo para o português não utilizar o trabalho manual, deixando para os escravos esse duro trabalho. Esse desamor pelo trabalho também é justificado pelo ruralismo. Aqui, implantaram-se grandes propriedades rurais com mão-de-obra escrava, assim, não dependiam de trabalho para fazer movimentar o sistema. Todos queriam extrair do solo excessivos benefícios sem grandes sacrifícios. O desamor pelo trabalho, pelo esforço ordenado e sistemático, é fundamental para a compreensão de Raízes do Brasil.
uma das mais importantes características entre nós, é o personalismo. Essa característica tende a aproximar todas as pessoas e objetos para mais perto do coração, e transformar todas as relações sociais e políticas em termos pessoais e familiares.
Para Holanda, o grande obstáculo para a constituição e fortalecimento de nossa democracia é termos uma sociedade calcada em valores personalistas. A relação entre patrão e empregado, cliente e vendedor, sempre pendem para o lado pessoal antes de tudo. É exatamente desse comportamento social, baseado em laços diretos, que procedem os principais entraves, entre os países ibéricos, a aplicação das normas de justiça e de quaisquer prescrições legais. Sempre predomina a forma de ordenação pessoal, e essa característica é, para Holanda, inata.
Esse personalismo brota nos cultos religiosos, no sucesso das profissões liberais, em nossa vida política e em todas as relações sociais. O mais grave dessa aproximação é a confusão, entre nós, do ambiente público e do ambiente privado. A política acaba sendo uma extensão de nossa casa, e nossos políticos, dessa forma, não acham errada a corrupção, ou mesmo, empregar parentes (nepotismo) e usar o poder que seu cargo garante, em benefício próprio ou de seus amigos: “Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente [tipo primitivo de família patriarcal], compreenderem a distinção fundamental entre público e privado” (p.145). A escolha de homens que iriam exercer funções públicas, faz-se mais de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, e menos de acordo com suas capacidades próprias. Falta a tudo a ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático.

Para Holanda, o personalismo “pode ser uma força positiva e que, ao seu lado, os lemas da democracia liberal parecem conceitos puramente ornamentais ou declamatórios sem raízes fundas na realidade” (,p.183). Essa “força positiva” do personalismo é colocada em pólo oposto à democracia liberal, pelo fato de que, nesta forma de governo, impera a impessoalidade. Raízes do Brasil tem uma forte influência weberiana, podemos observar isto quando Holanda descreve nossos valores personalistas, ele acredita que tais valores tenham uma “força positiva”, embora sejam um entrave à constituição de uma cultura política democrática por não termos características “racionais” em toda a esfera burocrática e econômica. Esse “racionalismo” levou ao “desencantamento do mundo”, segundo Weber, e é por isso que o personalismo aparece como “força positiva” em meio a esse mundo, restando-nos não abandonar tais valores, mas, sim, acreditar que é dessa aparente fraqueza que pode ser nossa força.
Esse personalismo encontra um aliado muito forte e que vai caracterizar nossa personalidade: é o homem cordial, esse "homem cordial" é tratado em um capítulo de Raízes do Brasil que gerou muito conflito e críticas. Contudo, essa expressão "homem cordial" não é de Buarque de Holanda, e sim de Rui Ribeiro Couto e adotada por Holanda a fim de indicar uma característica tão típica dos povos ibéricos. Cordial, de acordo com Holanda, é o que vem do coração; isso pode ser o amor ou o ódio, o sentimento de perdão ou a vingança, a concórdia ou a discórdia: “A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, visto que uma ou outra nasce do coração”.Buarque de Holanda determina, assim, esse conceito: "homem cordial - hospitalidade, generosidade".
           O agrarismo das sesmarias, dos engenhos e dos latifúndios, produzindo o isolamento e o distanciamento das comunidades, e produzindo o fenômeno das parentelas e dos exercícios privados em torno do chefe patriarcal, não poderia senão reforçar e tornar quase sagradas as relações de caráter “orgânico ou comunal”, aquelas “que se fundam no parentesco, na vizinhança e na amizade”.
Há uma aversão, entre os povos ibéricos, ao ritualismo e um desejo de estabelecer intimidade. Tanto é que a terminação “inho” serve para nos familiarizar com as pessoas e os objetos e aproximá-los do coração. Esse apego aos diminutivos é observado até na adoração dos santos. O uso do sobrenome é, para nós, estranho. Seria quem sabe, provável relacionar tal fato à sugestão de que o uso do simples prenome importa em extinguir psicologicamente as barreiras determinadas pelo fato de existirem famílias diferentes e independentes umas das outras.Para Holanda, o contrário dessa cordialidade é a civilidade e a polidez, características associadas à forma de governo democrática.
A influência do liberalismo no Brasil vem de longa data. Principalmente a partir da Constituição de 1824, de concepção liberal, é que notamos mais fortemente tal influência. Um certo “liberalismo moderado” exerceu o poder na fase regencial e nos anos iniciais do Segundo Império. Também é observado os chamados “liberais históricos”, presentes entre 1836 e 1850, pertencentes à burguesia agroexportadora. Após 1866, surge a vertente liberal radical e funda-se o Partido Liberal.
        Devemos lembrar que existe também uma relação entre liberdade e igualdade. A liberdade vem primeiro que a igualdade, mas a igualdade é condição, é a facilitadora da liberdade, o inverso também é verdadeiro. Por isso a democracia foi ressuscitada na Europa como uma boa instituição na marca do liberalismo.A relação entre democracia e liberalismo é muito estreita, às vezes até se confundem. No caso de Raízes do Brasil, mais uma vez, vemos como algumas doutrinas foram mal adaptadas à nossa realidade pela elite dirigente, com interesses próprios. Igualmente ao positivismo.
Os partidos políticos, a partir do início do século XIX, tremularam a bandeira liberal numa ou noutra diretriz fundamental expressa: individualismo ou estatismo. Portanto, um grande número de correntes políticas díspares, e por vezes opostas, puderam falar em nome do liberalismo. O liberalismo ganhou força, adeptos e críticos acintosos. O liberalismo econômico, principalmente em sua primeira fase, pregava a liberdade total da economia com uma massa de consumidores. Para isso, seria necessário mão-de-obra livre e assalariada que, entre nós, não existia, pelo fato de, na época, ainda existirem escravos.
O liberalismo brasileiro conviveu, durante muitos anos, com o escravismo, situação claramente incompatível. Mesmo depois de os movimentos abolicionistas surgirem em todos os cantos, não só no Brasil, como no mundo, ainda se observava uma resistência de alguns grupos liberais quanto ao abandono do trabalho escravo e a implantação do trabalho assalariado.Devido à ascensão do café no Brasil, a partir da primeira metade do século XIX, o escravismo passou por um momento febril, motivo este do sucesso da ideologia regressista dos liberais brasileiros, e de outros. Instaura-se uma crise em 1868; num processo que vai de 1865 a 1871 e culmina com a Lei do Ventre Livre. Essa crise marca a passagem do regresso agromercantil, intransigente e escravista, para um reformismo arejado e confiante no valor do trabalho livre. Mesmo depois da Proclamação da República, com a instituição de um liberalismo republicano, para o ex-escravo, nada tinha a oferecer.
O liberalismo prega a liberdade política, calcada no voto direto e no sufrágio universal, ausentes no Brasil. Para Holanda, o “ideal democrático moderno" seria “o mecanismo do Estado funcionando tanto quanto possível automaticamente e os desmandos dos maus governos não podendo afetar senão de modo superficial esse funcionamento, como, por exemplo, o Uruguai battlista”. (p.179)
Sérgio Buarque de Holanda aponta, também, para uma afluência entre liberalismo e o nosso já assinalado cordialismo: O “homem cordial encontra uma possibilidade de articulação entre seus sentimentos e as construções dogmáticas da democracia liberal” (p.184). Só que tais afluências são, no fundo, mais superficiais do que reais: “É freqüente imaginarmos prezar os princípios democráticos e liberais quando, em realidade, lutamos por um personalismo ou contra outro” (p.184). A idéia de “bondade natural”, vinda da Revolução Francesa, casa-se muito bem com o nosso cordialismo. Os ideais da Revolução Francesa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”; sofreram, entre nós, a interpretação que pareceu ajustar-se melhor aos nossos velhos padrões patriarcais e coloniais, e as mudanças que sofreram foram antes de ostentação do que de substância. Muitas vezes, levamos a conseqüências radicais os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. É isso que ele chama de “impersonalismo democrático". (p.179) Holanda ataca os liberais, já que esses estariam “muito mais preocupados com a perfeição de suas leis.
Sérgio Buarque de Holanda, afirma que a idéia básica de Raízes do Brasil é: “Era a de que nunca teria havido democracia no Brasil, e de que necessitávamos de uma revolução vertical, que realmente implicasse a participação das camadas populares. Nunca uma revolução de superfície, como foram todas na história do Brasil, mas uma que mexesse mesmo com toda a estrutura social e política vigente”. (HOLANDA, 1976, p.3)
É em 1888, “marco decisório entre duas épocas”, que assinala o início de nossa revolução. É neste momento que o Brasil começa a se distanciar de suas origens ibéricas, para se aproximar de suas raízes americanas. Essa data assume significado particular e incomparável. Como sabemos, as “raízes ibéricas” se estenderão até 1888. Vivíamos nesse período em uma Monarquia no qual existiam fazendeiros escravocratas que monopolizavam a política. Quem mandava era o senhor de escravos. A família colonial fornecia a idéia mais normal de poder, de responsabilidade, de obediência, de autoridade e de coesão entre os homens. Havia uma confusão entre o público e o privado, entre o Estado e a família. O Estado era visto como uma extensão da família. A sociedade era particularista e antipolítica. A autoridade do patriarca dentro da esfera doméstica foi um dos suportes mais estáveis dessa sociedade colonial. A partir de 1888, ocorrem mudanças fundamentais em todas as esferas: políticas, econômicas e, principalmente, sociais. O domínio político e econômico não está mais no meio rural, e, sim, nos centros urbanos. Os centros urbanos passam de meros complementos do mundo rural para se tornarem independentes, passando a abastecedores dos grandes centros.
As forças exteriores forçaram o abandono do modo de produção escravocrata. agora as cidades, ou melhor, o urbano é que dominava. Havia, nesse período, um antagonismo entre o trabalho escravo e a civilização burguesa, de capitalismo moderno. Havia também uma contradição entre o liberalismo, que pregava liberdade para todos, e o regime baseado na mão-de-obra escrava. A urbanização e a industrialização refazem a experiência cultural histórica e apresentam novos desafios e novas possibilidades para os brasileiros. É a partir de 1888 que surgirá, mais claramente, o Brasil moderno, instalado em bases urbanas e republicano, mas faltando ainda um regime que compatibilizasse nossas origens com um Estado forte. Esse regime é, para Holanda, a democracia.
A não-incorporação das massas ao processo político é o motivo do empecilho democrático: “Por isso a democracia nasceu aqui um mal-entendido, percorreu em nossa história um caminho inusitado, ou seja, foi murchando aos poucos”. (HOLANDA,1976,p.4)
Para Sérgio Buarque de Holanda, a democracia só seria possível quando fosse derrotada a mentalidade senhorial que contaminava tudo e todos através dos tempos. No Império, assistia-se a uma tentativa de “vestir um País ainda preso à economia escravocrata, com os trajes modernos de uma grande democracia burguesa”. (p.46) A noção de democracia para Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil é entendida, deste modo, do ponto de vista da cultura, ou seja, através da análise do nosso comportamento político proveniente dos povos ibéricos. A democracia comum dos intelectuais da época era vista como forma de governo, com um regime representativo com base liberal. Sérgio Buarque de Holanda discorda dessa visão ao estabelecer uma democracia modelada pela sociedade. Não há democracia sem vida democrática.
A intenção de Raízes do Brasil não é dar soluções jurídico-institucionais para nossos problemas, é, antes, encontrar no nosso passado uma forma de comportamento político que propiciou o lamentável mal-entendido de nossa democracia. Esse comportamento político tem origem cultural e histórica, assim sendo, passível de mudanças. São essas mudanças que ele observa a partir de 1888, mas ainda não plenamente desenvolvidas, daí a crença em uma “revolução vertical” que altere toda a estrutura social. Na sua noção de democracia, não há desprezo pelo papel das instituições sociais e, sim, uma relação de complementaridade entre as bases políticas e as bases culturais. A partir de uma mudança no nosso comportamento político é que poderemos falar em uma revolução das instituições sociais e parlamentares, a qual preparará o terreno para a realização de uma democracia plena.


HOLLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 7 ed. Rio de Janeiro, José Olympo, 1973.



Fichamento Básico - FRONTEIRAS DA EUROPA

COLONIZAÇÃO X AMBIENTE

A colonização e o estabelecimento da cultura européia em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, trouxe aos países distantes novas formas de convívio.O fruto do nosso trabalho ou da nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

HIERARQUIA

O princípio de hierarquia jamais chegou a importar de modo pleno, entre nós. Toda hierarquia fundamenta-se fundamentalmente em privilégios. E sabemos que muito antes de ganharem o mundo, as chamadas idéias revolucionárias, portugueses e espanhóis parecem ter sentido intensamente a irracionalidade característica, a injustiça social de certos privilégios, e principalmente dos privilégios hereditários.A importância pessoal, independente do nome herdado, manteve-se sucessivamente nas épocas mais gloriosas da história das nações ibéricas.
Portugal salientou, com base em ampla documentação, que a nobreza, por maior que fosse a sua superioridade em certo tempo, jamais logrou constituir ali uma aristocracia fechada; a generalização dos mesmos nomes a pessoas das mais diversas condições, não é um fato novo na sociedade portuguesa.

ÉTICA RELIGIOSA

As teorias negadoras do livre arbítrio foram sempre afrontadas com desconfiança e antipatia pelos espanhóis e portugueses. Nunca se sentiram à vontade em um mundo onde o mérito e a responsabilidade individuais não encontrassem pleno reconhecimento. As doutrinas que proclamam o livre arbítrio e a responsabilidade pessoal são tudo, menos favorecedoras da associação entre os homens. Nas nações ibéricas, à falta dessa racionalização da vida, que sentem as nações de origem protestantes, o princípio unificador foi sempre representado pelos governos. Nelas predominou, incessantemente, o tipo de organização política artificialmente mantida por uma força exterior, que, nos tempos modernos, encontrou uma das suas formas características nas ditaduras militares.





MORAL DO TRABALHO

Indignação em toda moral fundada no culto ao trabalho. O que todos admiram como ideal é uma vida de grande senhor, sem qualquer esforço ou preocupação. O trabalho é algo exterior ao indivíduo.Reduzida capacidade de organização social.Onde impere uma forma qualquer de moral do trabalho dificilmente faltará a ordem e a tranqüilidade entre os cidadãos, entre os espanhóis e portugueses, a moral do trabalho representou sempre fruto exótico. Moral do trabalho – Idéia de solidariedade. Onde a Moral do Trabalho fosse efetivada haveria sempre a idéia de solidariedade.

- TRABALHO e AVENTURA

COLONIZAÇÃO DAS TERRAS TROPICAIS

Portugal foi o pioneiro na conquista dos trópicos. Possuía as condições para se aventurar à exploração e intensa das terras próprias a linha equinocial.A Exploração não se processou de um empreendimento metódico e racional, mas decorreu de uma vontade construtora e enérgica: fez-se antes com desleixo e certo abandono (p. 12).

COLETIVA X AVENTUREIRO

Dois princípios que regulam a vida coletiva: o do aventureiro e a do trabalhador.Nas sociedades rudimentares: coletores e lavradores. Portugal e Espanha se encaixam no tipo aventureiro. O aventureiro é o homem do espaço e seus valores, como a audácia, a imprevisão, a irresponsabilidade, a instabilidade e a vagabundagem correspondem a uma concepção espacial do mundo.
Pelo contrário, tudo aquilo que nutre os valores do trabalhador, como a estabilidade, a paz, a segurança pessoal, o esforço sem perspectiva de proveito material imediato, permanece como que incompreensível ao aventureiro, pois ocorre de uma concepção temporal do mundo. Em outros termos, o aventureiro ibérico não saberia compreender, e muito menos compartilhar, o comportamento social e o comportamento econômico do trabalhador do norte.

- ADAPTAÇÃO

Os colonizadores portugueses absorveram velozmente os costumes locais, da Terra. Na tentativa de recriar o meio de sua origem. Quando não conseguiam se adaptavam.Onde lhes faltasse o pão de trigo, aprendiam a comer o da terra, e com tal aperfeiçoamento, que a gente de tratamento só consumia farinha de mandioca fresca, feita no dia. Habituaram-se também a dormir em redes à maneira dos índios. A casa peninsular, austera e carregada, voltada para dentro, ficou menos composta sob o novo clima, perdeu um pouco de sua aspereza, ganhando a varanda externa: um acesso para o mundo de fora.



- LATIFUNDIOS E MONOCULTURA

A prática do latifúndio monocultor fora adotada depois por outros povos nas colônias situadas nas zonas tropicais. Extensões de terras férteis e mal desbravadas fez grandes propriedades rurais. Ocorreu a tentativa frustrada do emprego de mão-de-obra indígena. Sendo assim deu-se a introdução de escravos africanos.O negro africano então tornou-se fator obrigatório para o desenvolvimento latifundiário nas coloniais tropicais.
Os antigos moradores da terra contribuíam para a indústria extrativa, na caça e na pesca e em determinados ofícios mecânicos e na criação de gados. Não se adaptavam aos trabalhos metódicos e determinados.Atividades menos sedentárias e que pudessem exercer sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos lhes eram melhor aceitas.Versáteis ao extremo eram-lhes impenetráveis certas noções de ordem, constância e exatidão, que no europeu formam como uma segunda natureza e parecem requisitos fundamentais da existência social e civil.
- CANA DE AÇUCAR

Foi uma Produção semicapitalista orientada para o consumo externo.Base do trabalho escravo. E utilização de Grandes propriedades

- AVENTUREIROS

O português vinha buscar a riqueza que custava ousadia, não a riqueza que custava trabalho. A mesma que tinha alcançado nas índias com as especiarias e metais preciosos.

- EMPREENDIMENTO COLONIAL

Não foi uma civilização agrícola que os portugueses instauraram no Brasil com a lavoura açucareira.. Não foi, em primeiro lugar, inicialmente, porque a tanto não conduzia o gênio aventureiro que os trouxe à América; em seguida, por causa da escassez da população do reino, que permitisse emigração em larga escala de trabalhadores rurais, e finalmente pela circunstância da atividade agrícola não ocupar então, em Portugal, posição de primeira grandeza.

- MESTIÇAGEM

A Mestiçagem étnica - Os portugueses, já no tempo do descobrimento do Brasil eram um povo de mestiços. O Brasil não foi palco de nenhuma grande novidade. A mistura de gente de cor tinha iniciado-se largamente na própria metrópole, já antes de 1500, graças ao trabalho de negros trazidos das possessões ultramarinas.
- NEGROS EM PORTUGAL

A carta de Clenardo a Latônio, revela-nos como aumentava o número dos escravos em Portugal. Todo serviço era feito por negros e mouros cativos, que não se distinguiam de bestas de carga, senão na figura. "Estou em crer — nota ele — que em Lisboa os escravos e escravas são mais que os portugueses" (p. 23).

- A ACEITAÇÃO DO NEGRO

O escravo das minas e das plantações eram simplesmente fonte de energia, um carvão humano, que esperava ser substituído na época das indústrias.As relações iam da dependência do escravo ao de protegido. A influência negra penetrava no cerne doméstico, atuando como dissolvente de qualquer idéia de separação de castas ou raças. Essa regra não impedia que tenham existido casos particulares, como o de 1726, que proibia qualquer mulato, até a quarta geração, o exercício de cargos municipais em Minas Gerais, tornando tal proibição extensiva aos brancos casados com mulheres negras.

- CONSEQÜÊNCIAS

Hipertofria da lavoura latifundiária na estrutura da economia colonial, com ausência nas demais atividades produtoras, oposto nas outras colônias, inclusive nas da América espanhola. Falta da capacidade empreendedora no Brasil.Busca do lucro fácil.

- HERANÇA RURAL

- ESTRUTURA COLONIAL BRASILEIRA

A Estrutura da sociedade colonial brasileira teve sua base fora dos meios urbanos.
A Civilização de raízes rurais.A Abolição, foi o marco divisor entre duas épocas: passagem da sociedade rural para a urbana (pp.41- 43).
O Período Republicano:As tentativas de reformas.
A sociedade girava entorno da propriedade rural: patriarcal e individualista.
O Pátrio poder era ilimitado.

- PÚBLICO X PRIVADO

O quadro familiar torna-se, assim, tão poderoso e exigente que sua sombra perseguiu os indivíduos mesmo fora do recinto doméstico. A entidade privada antecede sempre, neles, a entidade pública. O declínio da lavoura e a vinda da família imperial e depois a Independência transforma a sociedade e desenvolve os centros urbanos. Ocorreu a ascensão das atividades liberais, políticas e burocráticas.

- BURGUESIA URBANA

A Dependência dos meios urbanos das áreas rurais. Formada por antigos senhores rurais e seus filhos, com diplomas de bacharéis.

- O SEMEADOR E O LADRILHADOR

- FUNDAÇÃO DAS CIDADES

A construção das cidades tinha como objetivo a dominação.Portugal não cuidou de construir, planejar ou plantar alicerces, .ao contrário da Espanha.O método português tinha como base as feitorias, por causa da riquezas fáceis a alcance das mãos

- DOMINAÇÃO

Cidades como meio local de poder. A Colonização espanhola caracterizou-se largamente pelo que faltou na portuguesa: Assegurar o predomínio militar, Econômico e Político da metrópole. Portugal utilizou as feitorias para a defesa das terras coloniais, não havia necessidade de cidades. Território tipicamente de propriedades rurais.

- TRAÇADO URBANO

O traçado dos centros urbanos na América espanhola denuncia o esforço determinado de vencer a paisagem agreste.O plano regular, as linhas retas não nascem como idéia religiosa, mas como triunfo da aspiração de ordenar e dominar o mundo conquistado.Verificar regiões saudáveis, abundância de homens velhos e de animais sãos, frutos e mantimentos sadios, céu claro e benigno, ar puro e suave
Marina – abrigo, profundidade, capacidade de defesa do porto, quando possível o mar não bater na parte do sul ou do poente. Não escolher lugares demasiados altos, expostos aos ventos e de acesso difícil, nem baixo, que poderia ser enfermiços, mas uma altura mediana, descoberto para os ventos do norte e sul. Se houvesse serras, que fosse pela banda do levante e poente. Caso recaísse a escolha sobre a localidade à beira de um rio, ficasse ela de modo que, ao sair o sol, desse primeiro na povoação e só depois nas águas (p. 63).
Praça - seria o local onde começaria a cidade. Quadrilátero – 2/3 do cumprimento para que pudesse correr cavalos em dias de festas.Se a cidade fosse próximo ao mar: A Praça começaria na área de desembarque do porto. Em zona mediterrânea – ao centro da povoação.


PLANEJAMENTO DA PRAÇA

A forma da praça seria de um quadrilátero, cuja largura correspondesse pelo menos a dois terços do comprimento, de modo que, em dia de festa, nelas pudessem correr cavalos. Em tamanho, seria proporcional ao número de vizinhos e, tendo-se em conta que as povoações podem aumentar, não mediria menos de duzentos pés de largura por trezentos de comprimento e nem mais de oitocentos pés de comprido por quinhentos e trinta e dois de largo; a mediana e boa proporção seria a de seiscentos pés de comprido por quatrocentos de largo. A praça servia de base para o traçado das ruas: as quatro principais sairiam do centro de cada face da praça. De cada ângulos olhassem para os quatro ventos. Nos lugares frios as ruas deveriam ser largas; estreitas nos lugares quentes. No entanto, onde houvesse cavalos, o melhor seria que fossem largas (p. 63).

- OBJETIVOS

Reproduzir as cidades espanholas nas colônias, como força de dominação.Fugir do litoral, preferindo as terras do interior e os planaltos.

- COLONIAS PORTUGUESAS

Os jesuítas foram exceções, fizeram planejamento urbano.Os colonos portugueses não tinham qualquer vontade de fazer o traçado urbano.
Caráter de exploração comercial. Ao contrário dos castelhanos que desejavam fazer das cidades coloniais um prolongamento do seu país.Portugal as tinha como simples feitorias. Litorânea e tropical.

- UNIVERSIDADES

1538 – Universidade de São Domingos e a de São marcos, em Lima.
1551 – Salamanca e a da Cidade do México.
Vinte e três universidades, seis de primeira categoria (sem incluir as do México e Lima).
Por esses estabelecimentos passaram, ainda durante a dominação espanhola, dezenas de milhares de filhos da América que puderam assim, completar seus estudos sem precisar transpor o Oceano (p. 65).

- MODELOS

Colônia Portuguesa simples lugar de passagem.
Espanha colonização usando modelos da metrópole.
Os portugueses criavam dificuldades as entradas a terra a dentro, tinham receios de despovoar a marinha.
Estimulavam ocupar o litoral com as cartas de doações. Junto ao mar ou a rios navegáveis.
Somente com a descoberta de ouro em Minas Gerais é que inicia o fluxo para o interior (p. 68).
A descoberta de ouro e diamante faz Portugal por ordem em sua colônia com o uso da tirania.Portugal encontrou facilidade para colonizar o litoral, havia uma única família indígena no litoral, de norte ao sul, falavam o mesmo idioma. Proibição de produção na colônia que competisse com a metrópole.

- ESTRANGEIROS

Portugal permitia a entrada de estrangeiros a fim de trabalhar, a Espanha não permitia. Somente em 1600, sobre a administração Espanhola, o rei Filipe II ordena a expulsão dos estrangeiros do Brasil.

- O HOMEM CORDIAL

- ANTIGONA E CREONTE

Creontes encarna a noção abstrata, impessoal da Cidade em luta contra essa realidade concreta e tangível que é a família. Antígona, sepultando Polinice contra as ordenações do Estado, atrai sobre si a cólera do irmão, que não age em nome de sua vontade pessoal, mas da suposta vontade geral dos cidadãos, da pátria... (p. 101).
A estrutura da sociedade pode ser afetada por crises mais ou menos graves, quando a lei geral suplanta a particular.

- ANTAGONISMO DE CLASSES

Foi o moderno sistema industrial que, separando os empregadores e empregados nos processos de manufatura e diferenciando cada vez mais suas funções, suprimiu a atmosfera de intimidade que reinava entre uns e outros e estimulou os antagonismos de classes (p. 102). A abolição da velha ordem familiar por outra, em que as instituições e as relações sociais, fundadas em princípios abstratos, tendem a substituir-se aos laços de afeto e de sangue (p. 103).

- LAÇOS FAMILIARES

As teorias modernas tendem a separar os indivíduos da comunidade doméstica.
Onde quer que prospere e assente em bases muito sólidas a idéia de família – e principalmente onde predomina a família de tipo patriarcal – tende a ser precária e a lutar contra fortes restrições a formação e evolução da sociedade... (p. 103).
O sistema de ensino superior contribuiu para a formação de homens públicos capazes de viver por si, libertando-se progressivamente dos velhos laços caseiros.
- PATRIARCADO NO BRASIL

No Brasil, imperou o tipo primitivo da família patriarcal, o desenvolvimento da urbanização, que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo áreas rurais para a esfera de influência das cidades acarreta num desequilíbrio social, cujos efeitos ainda permanecem vivos (p. 105).
A escolha dos homens que irão exercer funções públicas faz-se de acordo com a confiança pessoal que merecem os candidatos, e muito menos de acordo com as suas capacidades próprias (p.106).
No Brasil as funções públicas foram baseadas em interesses impessoais.Particularismos.

- O HOMEM CORDIAL BRASILEIRO

A hospitalidade, a generosidade, virtudes tão elogiadas por estrangeiros que nos visitam representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. As virtudes de boas maneiras são de caráter emotivo extremamente rico e transbordante.
O desconhecimento de qualquer forma de convívio que não seja ditada por uma ética de fundo emotivo representa um aspecto da vida brasileira que raros estrangeiros chegam a penetrar com facilidade (p. 109).
A vida íntima dos brasileiros nem é bastante coesa, nem bastante disciplinada para envolver e dominar toda a sua personalidade integrando-a, como peça consciente, no conjunto social. Ele é livre, pois, para se abandonar a todo repertório de idéias, gestos e formas que encontre em seu caminho, assimilando-os freqüentemente sem maiores dificuldades

- NOVOS TEMPOS

- BACHARÉIS

Raros são, no Brasil, os médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, professores, funcionários que se limitem a ser homens de sua profissão.
As academias diplomam centenas de bacharéis que só excepcionalmente farão uso, na vida prática, dos ensinamentos recebidos.
Exaltação da personalidade individual através dos títulos acadêmicos. Uso privilegiado do título de doutor (pp. 117 - 119).





- POSITIVISTAS

Os positivistas foram apenas os exemplares mais característicos de uma raça humana que prosperou consideravelmente em nosso país, logo este começou a ter consciência de si (p. 119).
A ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós.

- HIERARQUIA

Horror a hierarquia.
Independência e conquistas liberais vieram quase de surpresa à grande massa do povo, que recebeu com displicência, ou hostilidade.
O culto aos títulos de doutores, anéis e símbolos de hierarquia não corresponde a realidade popular, é apenas vista como um modo familiar de tratamento e notoriedade.

- NOSSA REVOLUÇÃO

- REVOLUÇÃO

Em 1888 foi o momento decisivo de todo o nosso desenvolvimento nacional, é que a partir dessa data tinha cessado de funcionar alguns freios tradicionais contra o advento de um novo estado de coisas, que só então se faz inevitável.

- RURAL X URBANO

A Transformação dos centros rurais em centros urbanos. Porém a cultura ainda permanece ibérica.O americano ainda não existe.
O declinio dos centros agrários é o fator decisivo da hipertofria urbana. As Cidades estão ligadas ao meio rural.

- CAFÉ

Cafezais do Oeste paulista, em 1840, adquirem caráter e modelo da lavoura canavieira.
A Lavoura como o único meio de vida.
A fazenda resiste com menos energia à influência urbana, e muitos lavradores ´passam a residir permanentemente nas cidades (p. 129).
As ferrovias acentuam e facilitam a relação de dependência das áreas rurais e as cidades.

- ABOLIÇÃO

É compreensível que a abolição não tivesse afetado desastrosamente as regiões onde a cultura do café já prepara assim o terreno para a aceitação de um regime de trabalho remunerado. Aqui a evolução para o predomínio urbano fez-se rápida e com ela foi aberto o caminho para uma transformação de grandes proporções (p. 130).
É freqüente imaginarmos os princípios democráticos e liberais quando, em realidade, queremos é um personalismo contra outro.

- ZONA DE CONFLUÊNCIAS

1 - Repulsa dos povos americanos, descendentes dos colonizadores e da população indígena, por toda hierarquia racional, por qualquer composição da sociedade que se tornasse obstáculo grave à autonomia do indivíduo;
2 - A impossibilidade de uma resistência eficaz a certas influências novas (por exemplo, do primado da vida urbana, do cosmopolismo), que, pelos menos até recentemente, foram aliadas naturais das idéias democrático-liberais;
3 - A relativa inconsistência dos preconceitos de raça e de cor.


- CORDIALISMO

Noção de bondade natural combina com o nosso cordialismo.Articulação entre sentimentos e as construções dogmáticas da democracia liberal.







































Biografia:
Possui graduação em Ciências Sociais pela Fundação Educacional Unificada Campograndense (2007). Atualmente é bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: antropologia, diversidade sexual, orientação sexual, televisão brasileira e tvs privadas. Tem experiência em projetos de desenvolvimento local e nos seguintes temas: Modo de produção escravista ou escravocrata, Etnicidade, sexualidade, orientação sexual, diversidade sexual, identidade(s), conflito identitário.
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