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Papel colorido
Caroline

Sabe, nunca entendi muito bem porque mamãe nunca me deixou sair de casa, ou porque sempre me privava de brincar com as minhas amigas após o colégio. Mas lembro-me muito bem de sempre escuta-las perante a janela enquanto fechava os olhos e imaginava-me junto a elas fazendo parte daquele mundo de ilusões.
Nunca entendi muito bem porque mamãe sempre chorava e papai sempre gritava todo o dia após chegarem do trabalho, mas sabia que tinha alguma coisa a ver com um papel colorido e que sempre ganhava toda a semana, onde fazia desenhos e escrevia meu nome nele. Lembro-me que papai sempre brigava comigo por ter sem querer rasgado vários desses papeis dizendo que não dava valor as coisas que conseguia, mas também nunca me disseram que aquele papel fedorento valia alguma coisa.
Então quando completei exatamente seis anos ganhei a minha primeira boneca de minha avó, a minha felicidade era tanta que comecei a deixar aqueles papeis coloridos de lado e a amar cada vez mais aquele bebe de pano que nunca largava por nada. Passava horas sentada à cadeira de balanço de minha avó apenas tentando fazendo a boneca dormir, porém nunca conseguia, ela nunca fechava seus os olhos.
Um dia perguntei a minha mãe porque todos admiravam tanto aquele papel colorido sujo e fedorento mais quando mostrava a minha boneca para eles também admirarem apenas mostravam os dentes em um sorriso forçado. Minha mãe apenas me disse que era com aquele papel que se comprava todas as coisas que nós tínhamos ou que queremos ter, até várias bonecas.
Fique chocada, como um papel poderia valer mais que todas as bonecas do mundo? Quem trocaria lindos bebes que não dormem por um papel que fede?
Foi então que perguntei ao papai, mas ele estava muito ocupado para responder. Não querendo desistir fui até minha avó que me disse que aquele papel se chamava dinheiro e que com ele poderíamos conseguir qualquer coisa, me disse que ele fedia porque muitos não foram usados para o bem e que o criaram para distinguirem as pessoas e cobiçarem alguma coisa. Aquelas palavras me permaneceram confusas, porém fui para a casa com uma certeza.
No dia seguinte depois que papai e mamãe foram trabalhar acordei bem cedo e comecei a recolher todo o papel colorido de dentro de casa, sabia onde papai guardava aquele papel e onde mamãe escondia do papai para sair. O levando na mão, segui até uma loja não muito longe de minha casa pedindo para o vendedor quantas bonecas derem com o dinheiro que tinha. Sabendo que eu não iria conseguir levar, pediu a um moço para me acompanhar até em casa. Estava tão feliz e sabia que mamãe e papai também iriam ficar, pois agora não tinham mais motivos para brigarem.
Lembro-me muito bem o olhar deles de tristeza ao chegarem em casa enquanto eu os abraçava dizendo que como um dia fizeram do papel colorido uma riqueza nós poderíamos construir com as bonecas, pois elas sim nunca seriam usadas para o mal e que poderíamos dar banho nelas para que não fedessem tanto, e ainda sem elas estragarem.
Papai e mamãe nunca me fizeram devolver as bonecas mas também nunca mais deram-me daquele papel fedorento novamente, acho que eles entenderam que com as bonecas de pano não precisamos mais dele... Sabe, eu nunca entendi porque brigavam e choravam por ele mas hoje entendo que cada um têm a sua forma de ser feliz com seus brinquedos.
E sabe de uma coisa? Quando eu crescer, vou ter uma casa cheia de bonecas!


Biografia:
Tenho doze anos e sempre quis ser escritora.Espero que o meu trabalho mostre que nem tamanho nem idade é documento.

Este texto é administrado por: EscritoraCC
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