Interessante e oportuna a matéria veiculada no Jornal da Cidade do dia 14 de setembro sobre os jovens e as dúvidas sobre a profissão a seguir.
A reportagem locomoveu-me aos tempos de adolescente quando afirmava a todos categoricamente o ideal de ser jogador de futebol. Ao ouvirem minha sentença, muita gente dizia: Ótimo, dá muito dinheiro!
Depois de avançar as fases da vida presenciei o crescimento de alguns primos. Minhas tias, mães desses garotos diziam: Estude, meu filho, para ser médico, pois dá um bom dinheiro!
Mais adiante me deparei com amigos que instruíam os filhos a serem engenheiros. Um deles chegou ao cúmulo de sugerir ao seu pupilo, que ansiava ganhar seu pão diário nas salas de aula, que não se aventurasse a ser professor. Professor? – questionava o colega para logo em seguida bater o seu martelo – Professor ganha pouco, meu filho, deixe essa bobagem de lado, você deve estudar para ser promotor.
Santo capitalismo misturado a intromissão na vida alheia!
Entre a vocação e o desejo do jovem em muitos casos há o dedo dos outros a xeretar em suas decisões. Você deve ser médico, engenheiro, arquiteto, jornalista...
Muitos pais infelizmente querem se realizar nas escolhas dos filhos, esquecendo-se de respeitar suas vocações, aptidões e necessidades.
Podem influenciar negativamente a escolha dos filhos com esse comportamento inadequado e deseducado.
E a cabeça do adolescente fervilha entre as opiniões dos pais e amigos e seu desejo, o que acarreta uma pressão ainda maior no momento crucial de escolher o futuro a trilhar. Recordo-me ainda de garoto que queria ser bailarino. O pai, sujeito com dificuldades em aceitar a opção alheia, esbravejava: Balé é coisa de... Deixa pra lá, é bom não terminar aqui a frase do machista incorrigível.
Fico a pensar:
Onde, então, fica a vocação? Onde fica a nossa realização pessoal que se traduz no objetivo de seguir a profissão sonhada, que nos traz prazer e que nos realizará como seres humanos? Será que importa apenas o status e as moedas que determinada profissão proporcionará?
Portanto, a abordagem não se dirige aos jovens, mas, sim, aos seus pais no intuito de fazer com que reflitam em suas atitudes diante das escolhas de seus filhos. Nem sempre o que nos parece bom o será para o outro. Nesses casos vale sempre lembrar que nossos filhos têm vontade própria e merecem respeito e consideração.
Se queremos, de fato, contribuir para dirimir as dúvidas de nossos filhos no campo profissional a seguir, é importante apoiarmos e oferecermos as ferramentas necessárias para que façam a escolha correta, sejam felizes e possam beneficiar a sociedade com o exercício da vocação que trazem em seu íntimo.
Uma pátria próspera se faz com indivíduos que exercem suas atividades com amor e prazer. Portanto, respeitemos a escolha dos jovens colocando-nos no papel de coadjuvantes e não atores principais, afinal, a vida é deles e cabe a eles decidir os caminhos a percorrer. Pensemos nisso.
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