Amazonino e a conversa com a árvore
Amazonino era um menino muito inteligente de 10 anos que vivia na belíssima Amazônia brasileira. Amava a natureza, pássaros, animais e a diversidade de toda aquela magnífica floresta em que fora criado.
Mas Amazonino como um menino da floresta via os desmatamentos e ficava triste e chocado a cada árvore derrubada.
E como todas as crianças de sua idade Amazonino tinha a curiosidade como característica e por isso vivia questionando sua mãe se as árvores quando recebiam as impiedosas machadadas sentiam dor ou se os animais quando capturados pelos caçadores ficavam tristes e com saudade da família. Essas eram indagações que não saiam da cabeça de Amazonino.
Um dia, porém, resolveu arriscar e perguntar à própria árvore que se chamava Jatobá e ficava bem em frente à sua casa. Ela era bem grande, mais ou menos uns 20 metros:
- Como a senhora vai, Dona Árvore?
E para espanto e surpresa de Amazonino a árvore respondeu:
- Eu estou bem, Amazonino, saúde forte, 20 metros, mas um pouco triste.
- Nossa! Espantou-se Amazonino – a senhora sabe meu nome?
- Mas é claro, acompanho todos os seus passos desde o seu nascimento. Quando você nasceu, Amazonino, vamos dizer que eu era uma moça, e sou muito feliz por estar perto de alguém como você que ama a natureza.
- Ora, mas a senhora está feliz ou triste? – questionou Amazonino à árvore.
- Digamos que é um misto de sentimentos o que nós, árvores da floresta sentimos. Feliz porque sabemos que têm muitas crianças como você que já sabem a importância de respeitar a natureza e não irão mais nos passar o machado ou a motosserra. Mas tristes porque têm ainda muita gente que quer nos derrubar.
- Derrubar, D. Árvore?
- Isso mesmo, Amazonino, derrubar. Você sempre vê que alguns homens estão sem piedade nos derrubando. Pode até ser que amanhã eu não esteja mais aqui.
- Ah, não diga isso. Mas eu a defenderei.
- Eu sei, Amazonino de seu amor por esta floresta e por nós, mas o ideal seria que mais pessoas nos defendessem, e o mundo todo nos amasse como um amigo que tivemos aqui e que se chamava Chico Mendes.
- E por onde ele anda, D. Árvore?
- Ah, Amazonino, ele já não está mais aqui, teve assim como muitas árvores sua vida arrancada por pessoas que não respeitam a natureza. Mas saiba, Amazonino, que ele nos amou tanto que juntava muitos de seus amigos e nos abraçava para que não recebêssemos as machadadas fatais.
- Nossa, D. Árvore, que interessante tudo o que a senhora me diz.
- Pois é, Amazonino, o abraço que eles nos davam tinham até nome.
- Ah é? E qual era?
- Era empate.
- Nossa! empate, D. Àrvore, isso parece coisa ligada ao futebol ou ao esporte.
- Mas não, pelo menos em nosso caso os empates aconteciam quando Chico e seus amigos se reuniam para que os cortadores não nos mandassem ao chão. Eles nos abraçavam calorosamente e não deixavam que nada de mal nos acontecesse.
- Ah, D. Árvore, entendi...
Porém, logo a mãe de Amazonino o chamou para tomar banho, pois já estava tarde.
Carinhosamente ele despediu-se do Jatobá com um abraço e correu em direção à sua casa, não sem antes dizer que voltaria outras vezes para papear com aquela árvore tão simpática.
Correndo para sua casa recordou-se de uma frase de sua professora: Amazonino, como você ama a floresta irá plantar muitas árvores, mas depois que fizer isso – disse a professora em tom de brincadeira – terá de escrever um livro e ter alguns filhos.
E foi pensando na frase de sua professora que Amazonino sapecou um beijo em sua mãe que o aguardava na porta e imediatamente pediu-lhe lápis e papel. A mãe perguntou o porquê e Amazonino respondeu:
- Mamãe, agora preciso começar a escrever o meu livro.
A mãe, curiosa, perguntou:
E qual será o nome de seu livro, meu filho?
- Conversa com uma árvore – respondeu sem pensar muito Amazonino.
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