Se reparasses melhor...
Verias queimar em verso e prosa
naqueles olhares urgentes
tudo isso, matéria diária e urbana
que nos faz humanos e perecíveis.
Verias caber nesses versos
Tudo que faz vida ser vida e morte
E que está entre um beijo e a imaginação
Um tiro e a solidão
O que é de carne e o que é paixão
estampado nos rostos, olhares e nas mãos.
Verias nos meus olhares
Um grito, denúncia surda
De fatos que por circunstâncias
se tornaram tão banais
tão chatas, tão duras
que mesmo a poesia chora ao falar
e a palavra se enjoa de dizer.
Verias fulminar em verso e prosa
naqueles olhares errantes
o puro ritmo de uma emoção
ser, depois de vir do coração,
O pó, um nada, o sonho dum instante de vida.
|