E veio o contentamento. Da mesma forma que vieram a dor e o arrependimento. Agora, marcavam-se nela as cicatrizes que a faziam sentir como outra; mas não exatamente outra pessoa, ela era a mesma, só que mais experiente e renovada.
A voz que lhe atingia o peito, voltava para fazê-la reviver a experiência: "eu nunca amei você". Ela escutava e "reescutava" a frase perturbadora. Entretando, o sentimento de dor havia sido substituído por sentimento nenhum - mas por uma racionalidade e atenção crítica, que apenas os céticos e os infelizes conhecem.
Tudo nela mudava. Seus olhos tornavam-se mais maduros, assim como sua voz e o seu caminhar. Já o seu calor - aquela febre juvenil - desenvolvia-se para a frescura de outono. A mesma dos primeiros dias, de um outono que não amarela suas folhas, mas as fazem sumir.
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