Era uma noite de primavera, mas eu não sabia, todo detalhe em sua mais pura essência dizia que aquela não era mais uma noite qualquer, pois era a primeira noite de primavera daquele ano.
A pureza contagiante da tão admirada primavera invadia as ruas, as pessoas e a noite. Tudo estava repleto da mágica dessa estação. As ruas estavam mais calmas, as pessoas estavam mais leves, o céu estava mais limpo, as flores estavam mais belas e o vento tinha um aroma especial, tinha sabor de rosas, mas com um pequeno toque frutal, que deixava o ar mais doce, era um perfume típico de primavera.
A primavera estava no auge da sua beleza, mas eu andava distraída, eu não havia percebido a beleza da noite, eu não havia notado a calma, a alegria e a pureza imensamente contagiantes. Eu andava nas ruas com os meus problemas e planos, mesmo que nenhum deles pudessem ser relevantes pra mim naquele momento. Eram tantos problemas, tanta coisa para ser resolvida que eu havia perdido toda minha loucura e toda minha inocência naquela inevitável realidade.
As ruas estavam praticamente desertas, poucas pessoas passavam por ali, poucos carros também, as ruas estavam vazias e silenciosas. Eu queria apenas chegar logo em casa, aquelas ruas sem movimento me deixavam com um certo medo. Então eu percebi que havia alguém parado na esquina. Fui me aproximando e fui reconhecendo o sorriso, o olhar e a voz.
Assim, quanto mais eu me aproximava, mais eu ficava nervosa, minhas pernas tremiam tanto que eu mal conseguia andar, a minha mão suava, o meu estômago estava pesado e a minha cabeça foi invadida por milhares de pensamentos sobre a pessoa que eu iria encontrar, eu deduzia cada palavra que eu estava prestes à dizer e à escutar.
Lá estava ele, parado na esquina,esperando por mim, cabelos castanho-claros, olhos negros e inquietantes, corpo bronzeado. Lá estava a última pessoa que eu esperava encontrar naquele momento, era o amor da minha vida.
Finalmente eu cheguei na tal esquina e recebi dele o mesmo oi de sempre e ficamos um tempo ali conversando. Ela sabia como ninguém me surpreender com o que ele dizia, com o que ele fazia e demostrava, ele sabia ser perfeito.
Ele conversava comigo com uma voz doce e meiga, fazendo com que cada palavra fizesse com que eu o amasse intensamente. Eu evitava que ele olhasse nos meus olhos, pois ele poderia perceber os meus olhares, sendo que casa um confessava o meu amor por ele.
Logo nossos corpos foram ficando mais próximos e as palavras foram acabando, já que os olhares e os gestos diziam mais do que elas e diziam também o que nossas palavras nunca poderiam dizer.
Fomos ficando cada vez mais próximos, ficamos tão perto um do outro que eu pude ouvir o coração dele batendo cada vez mais rápido acompanhando as batidas do meu, eu pude sentir a respiração e o perfume dele.
Então eu pude perceber a magia de uma noite de primavera, porque de repente, como por um impulso, nós nos beijamos pela primeira vez como se fosse a última.
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