Da chuva que passou ficou o tempo.
Seco, só e nu, nenhum lamento.
No asfalto a borracha canta os freios.
Cheiro de queimado, solo, negro.
Dentro, a poesia ficou muda,
Tonta de cinzentos ares mofos.
Vozes que se calam, fogem gritos
Dia de silêncio, tédio em luto.
E se fossem vivas só palavras?
Doces, melodias em sussurros.
Toques, fossem sempre, gentilmente
Quentes, 32 graus, pele nua.
Lá ia eu dizer já que te amo.
Ia em ti amar de mil maneiras.
Pena que o que eu sei já não me engana.
Morre na poeira ao fim do dia.
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Biografia: Nasci em 1970, sou mestranda em Literatura e redatora publicitária em horário comercial. O Texto tem sido o fio condutor da minha vida, desde que me lembro estar consciente dela. Escrevo para viver, para pagar as contas, para transcender a vida mal escrita que torna e retorna, sempre, ao Texto. |