Hoje, uma manhã de 31 de Outubro, domingo, dia de votação para o segundo turno das eleições presidenciais. Na parte da manhã, permaneci em minha casa, e não me ocupei especificamente de nada, mesmo porque, desde a madrugada, caia uma chuva fina e fria na cidade, e não me animei a sair de casa para votar na parte da manhã. Dize o velho ditado popular, que mente desocupada só pensa besteiras, e como não me considero diferentemente de ninguém, naturalmente, que me incorreria neste mesmo risco, não fora a rapidez dos meus pensamentos, que me transpondo de uma realidade para outra, me fez volver em breves instantes, a uma inusitada e súbita retrospectiva de alguns momentos da minha vida, trilhando de volta, pelos caminhos que me conduziram até aqui. Estou certo, que os caminhos que me trouxeram não foram construídos por avenidas largas nem vias de mão dupla, foram sim, caminhos muitas estreitos e apertados, por vezes, espinhosos, onde os tombos da caminhada, muitas vezes, foram inevitáveis. Numa primeira fase da vida, quando criança, sob o amparo dos meus pais, acreditava que tudo era muito fácil, não tinha meus olhos voltados para enxergar dificuldades, as minhas poucas responsabilidades, eram circunscritas ao âmbito de atividades domésticas e escolares. Já numa segunda fase, mais crescido, ainda sob a tutela e orientação dos meus pais, começava aos poucos, a formação da minha consciência crítica, e por conseguinte, começava a ver as coisas e o mundo, à partir de outras perspectivas. Inquietava-me, diante de determinadas circunstâncias e fatos, inclusive, aqueles de natureza política, más dentre as circunstâncias, aquela que considerava mais difícil, foi lidar com o fenômeno da morte. Até então, acreditava ilusoriamente, que somente os animais e as pessoas de fora do meu circulo familiar, morreriam. Me parecia, ou talvez, até mesmo me recusasse acreditar - até que ocorresse a morte prematura de um parente próximo -, que éramos feitos de carne e ossos, e assim sendo, a exemplo de todos os seres vivos, estaríamos sim, sem exceção, sujeitos ao fenômeno da morte, por mais difícil fosse a sua aceitação. Com o passar do tempo, as poucos, fui amadurecendo, e a minha visão de vida, firmava-se cada vez mais. Numa terceira fase, aquela do pós adolescência, observava com muita clareza, que a vida não era nada fácil prá ninguém, e que ela, a vida, por se só, já se constituía num enorme desafio. A despeito das dificuldades, estou certo, de que nada não nos acontecerá por obra do acaso, pois nem mesmo, uma única folha cairá de uma árvore, se caso não existir uma razão para tal. Todavia, por mais difícil sejam as circunstâncias, acima de tudo, deveremos nos manter otimistas e de cabeça erguida.
Montes Claros, MG, 31/08/2010.
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