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Coluche
Conversa (des)afinada. Por ocasião de um momento político nada ou tão pouco atípico
Alexandru Solomon

Resumo:
"As ditaduras sabiam fazer-vos falar, os políticos sabem como calar-vos".

Segundo o cômico francês Coluche, o mais difícil para um político é ter suficiente memória para se lembrar do que não deve dizer. No episódio da substituição "a jato" do plano de governo Dilma por uma versão menos assustadora, vale o corolário:
É imprescindível arrumar direito a papelada para que não se torne público, antes do tempo, o que se pretende fazer. Se der zebra, alegar total desconhecimento do assunto – afinal, tratava-se apenas de um plano de governo. Diante de eventual repercussão negativa, dizer que se tratava de um mero "banco de dados", definir um aspone qualquer como responsável pelo erro e demiti-lo é a solução. Para quem possui R$ 1.999.999,99 a mudança da papelada não fez diferença alguma.
Grande Coluche! Mesmo sem jamais ter ouvido falar no PNDH3, ele dizia:
"As ditaduras sabiam fazer-vos falar, os políticos sabem como calar-vos".
Dele também essa outra pérola – aplicável somente na França, evidentemente:
"Meu pai era funcionário público, minha mãe tampouco trabalhava".
Para os funcionários públicos – não todos, apenas com alto QI (quem indicou), na França, naturalmente:
“Não se deve dormir de manhã no escritório sob pena de não ter nada que fazer de tarde".
Tudo muda e mesmo assim, independentemente da latitude, alguns pensamentos do cômico permanecem válidos. Vejam isso:
"Quem se debruça sobre o passado corre o risco de cair no esquecimento". – Essa mania de comparar governos passados pode dar nisso? Veremos. A bem da verdade, o Brasil é um país jovem. Mal completou 8 anos de existência.
Sem conhecer as propostas do PV, Coluche foi implacável.
"Para que um ecologista seja eleito, basta que as árvores votem".
Na França, e somente lá, era possível retratar um político sendo entrevistado:
" É só perguntar algo. Como não saberá responder, passa-se à pergunta seguinte".
Mesmo porque:
"De todos que não têm nada a dizer, os mais agradáveis são aqueles que permanecem calados".
Para não abusar da paciência do leitor, aí vai a definição do político-francês, desnecessário frisar:
"É aquele que se apropria de algo que alguém não tenha ainda perdido". Isso sem falar nos impostos...


Biografia:
Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar`, ´Um Triângulo de Bermudas`, ´O Desmonte de Vênus` e ´Bucareste`, contos e crônicas (Ed. Letraviva). Livrarias: Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br), Cultura (www.livrariacultura.com.br), Loyola (www.livrarialoyola.com.br), Letraviva (www.letraviva.com.br). | E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br

Este texto é administrado por: Celso Fernandes
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