caminho janelas dos meses e anos
sob vista e tutela de anjos e santos
carinhos de bálsamos pós-humanos
adiam primaveras em velhos sonhos
que querem somente somar outonos
porém os perfumes das flores sinto
os ramos das folhas encantam cromos
enquanto suspiro e luz pressinto
estrelas cintilam lembranças caras
se céus me divisam esmaecidos
encaro zulejos cais caiçaras
contrastes de sóis em lençóis tecidos
tesouros de medos, arrais segredos
murmúrios das águas fontais, compassos
marulhos, ideias dos meus degredos
fantasmas que morrem sem mais meus passos
entanto sonhando os novos dias
habitam cavernas memórias curvas
paixões em risadas, jardins, alegrias
as tardes ingênuas, febres curtas
ardores de jovens em carmes, ruas
gritavam as dores nos breves versos
após os bailados em carnes nuas
açoites e contos, anéis imersos
sabores e doces negados plenos
palavras de ordem cobrindo danos
cobrando das rosas picões serenos
e branda mistura na fé de canos
ainda anseio verões e cheiros
lembrando os seios, amores, frisas
profetas disseram em livros cheios
que lápides sentem os frios e brisas
recordo os ponches roubados, festas
joelhos em lágrimas, cortes, pélas
desfiles, os fogos, canções, serestas
contando daqui primaveras belas.
|