“VÁ ASSOMBRAR PORCO”
“ Desde piquininim, desde munto moço.
A Mãe cuidava de nóis tudo suzinha, num tinha arvoroço!
Cinco Fio magrelim de um Pai só,
Que morreu véio, coitado virô pó.
Maisi um-a Irmã do primero casório...
Vida difíci e sufrida, recheada de folclori.
Maisi tomem tinha alegria e divertimento.
Craro que num era só de sufrimento!
A mãe cuntava istóra pra nóis tudo.
Inté de um tar de Sô Tião Barbudo.
Que era o irmão mais novo, de um-a famia de sete Fio homi.
Que nas noite de lua cheia virava lubisomi.
A Mãe cuntava a aventura que era vivê na roça.
Lá num tinha bonde, nem carro, nem trem só tinha carroça!
A Mãe e us irmãos, meus Tios é craro...
Ia pra iscola a pé num tinha nem cavalo!
Na vorta da iscola, o camim era longo e distante.
Demorava pra chegá. Eita vida labutante!
A Mãe aprendeu cá Mãe dela, minha Vó,
Que tudo dificultoso na vida é mio!
A Vó insinó tomem pra minha Mãe inté iela crescê,
Que si fô correto na vida, de fomi ninguém vai morrê!
A vó falava pr’ela tomém que ser bão,
É dever num é ubrigação!
Antão a Mãe tudo que aprendeu cá Vó na roça pro lá,
Insinó nois fio magrelim tudo pro cá
Inda hoji sintino farta da Mãezinha querida...
(que Deus levô iela pr’ele)
Ieu iscuito a vóiz daquela gracinha.
Quano nóis fazia reiva na Mãe,
Iela se punha a xingá nóis,
Inguar a Vó Mãe dela xincava ela.
- Ô Minino mar criado sô!
- Ieu vô te dá um coro seu fedô.
- Ah se ieu fizesse isso cá Mamãe...
- Apanhava na hurinha, num tinha tamãe.
- A Mãe batia ne nóis cá vara de marmelo.
- coçava tanto que ieu e meus irmãos seus Tio,
- ficava todos inté amarelo.
Maisi o que ieu maisi sinto farta dela falando...
É munto num é pôco. Era:
- Ora Minino, vá assombrar porco!”
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FIM!
WAGNER CRISO
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