Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
o observador
wagner criso

Resumo:
conto (drama)

O OBSERVADOR





                                 CONTO DE:






                             Wagner Criso



















- I nício de noite cinzenta quente é depressivamente sufocante, do mês de outubro de um ano ligeiro qualquer.
A claridade que entra pela janela semi-aberta, não ilumina por completo o quarto de solteiro solitário.
A flâmula do time do coração ferido, permanece imóvel e fria.
Preto e branco, duas cores que se misturam, se completam e combinam.
O “Galo” das Alterosas”, o sinonimo da paixão avassaladora.
Mas o Observador não se emociona mais. Nada mais o importa.
Enormes e doloridas feridas abertas obstruiem a garganta faminta.
O gosto amargo do cigarro necessário arde como nunca ardeu.
O coração visionário bate descompassado, acelerado e doído.
Mas o Observador não se rende. Nem jamais se renderá ao inimigo oculto e traiçoeiro.
O corpo semi-coberto, é sacolejado constantemente pela febre alta covarde.
A mão trêmula segura mais um cigarro vicioso aceso.
Uma brasa amarela, fétida e azeda que faz doer.
Frases belas não mais consegue criar.
O Observador permanece deitado, de barriga vazia e pensamentos distantes.
Segura com a outra mão trêmula uma caneta esferográfica visionária, verdadeira, corajosa e destemida.
Sobre a barriga que ronca faminta, um caderno de folhas brancas. Pautadas e virgens.
Observa sem perceber a fumaça encardida e fétida, exalada pelo cigarro covarde.
Fumaça que parece bailar sensual, subindo rapido até alcançar o nada e se desintregar por completo.
O suor gelado e febril escorre pela face desamparada e rude. Enrijecida pela imensa e inesplicável diferença de tratamento.
Mas a vontade de prosseguir preenche o coração solitário de esperança tamanha.
O Observador acredita confiante no fim da supremacia do inimigo oculto e traiçoeiro.
Não se rende nem jamais se renderá ao adversário perverso.
Mesmo desgraçadamente solitário, enfermo e decadente, se sente como uma explosão de luz.
E o indecifrável Observador permanece deitado, suando rios de suor gelado e escrevendo com a mão magrela e trêmula.
O que se vê na verdade é o em que não se pode acreditar.
É a diferença entre o bem e o mau. Entre o benigno e o maligno. Entre a atenção e o desprezo.
Mas o silêncio é o soberano. O tempo é o encarregado de se fazer a justiça pleiteada. E a razão visionária é a espada ensanguentada da vitória certa.
A luz incandescente sinistra, revela em penumbra a sombra da mão magrela e trêmula do Observador.
Mão que empunha firme a caneta esferográfica companheira., que mesmo trêmula agride com firmeza a base branca de celulose do caderno pautado.
O gosto amargo da nicotina necessária, ainda pode se sentir na saliva fétida.
Ainda dilacera as enormes feridas vilãs que obstruem a garganta faminta.
O Observador tenta em ultimo movimento deter a caneta bailarina. Mas ela já não o obedece mais. E mesmo contra a vontade obstinada do Observador em tentar detê-la, continua incansávelmente, contrariamente e teimosamente eternizando palavras que formam frases completas.
Rabiscando sem rumo, cortando ferozmente a base branca e pautada de celulose que lhe sustenta.
Uma após a outra, as frases vão nascendo. De acordo com as diferentes sementes que foram plantadas no solo rochoso do coração do Observador.
Nem a febre alta castigante, nem o gosto amargo do cigarro covarde que contamina a saliva amarga, nem a solidão destrutiva e enlouquecedora,
São páreos para para a determinada caneta esferográfica.
A certeza de ser o criador das letras, palavras e frases que se eternizam o Observador também não tem.
E o Observador não sente o próprio corpo persente. Não consegue se livrar do fardo pesado, que como em um cavalo lhe foi amarrado sobre os ombros cansados e feridos.
Mas o Observador espera confiante por uma boa notícia. Acredita que mesmo solitário não está sozinho. E que a felicidade, mesmo que remota, é uma porta que pode voltar a se abrir.
A caneta esferográfica é como uma espada afiada, inquebrável e fatal.
É como uma arma-de-fogo de grosso calibre carregada, apontada em direção...
(continua...)


Biografia:
escritor desde 1989 autor teatral desde 1999.
Número de vezes que este texto foi lido: 52810


Outros títulos do mesmo autor

Contos Homem de preto wagner criso
Poesias UM CONTO wagner criso
Poesias Vá embora! wagner criso
Poesias louco wagner criso
Poesias fuzuê wagner criso
Poesias sombras wagner criso
Ensaios poeta pra mim wagner criso
Poesias vá assombrar porco wagner criso
Contos um trocado por uma poesia wagner criso
Contos o observador wagner criso


Publicações de número 1 até 10 de um total de 10.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69005 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57916 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56753 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55827 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55096 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55039 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54925 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54881 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54801 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54781 Visitas

Páginas: Próxima Última