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Meu D'us
THERESA CHRISTINE FILGUEIRAS RUSSO ARAGAO

Resumo:
"Esse cavaleiro de todos os sons, de todas as cores e sabores é extremo elegante – ele respeita suas escolhas, suas decisões, seus fatos e conceitos existenciais. Por isso se faz silencio tantas vezes. Mas é como uma canção que toca bem baixinho dentro da gente. Aumente o volume, dê uma chance para esse DJ!"

Estou aqui para lhe apresentar meu D’us. Um amigo mais que especial. Um pouco esquisito talvez você pensar que o tenho o tempo todo do meu lado direito, do meu lado esquerdo, acima da minha mente, embaixo do solo quente do meu Ceará. Esquisito porque ele pode ser confundido com um amigo imaginário. É que meu D’us também mora pelas bandas de cá. Quando o sertanejo eleva as mãos para o céu, ele não percebe, em sua ingenuidade, que Deus já está em sua cidade. Pronto para lutar. É um guerrilheiro nato, cavaleiro de todos os tempos, vem de encontro às tormentas das almas de toda a espécie humana que há. Ele é constante, sincero, companheiro, nunca some do nosso olhar. Basta deixá-lo entrar. Tão cavaleiro esse Deus, tão amigo, tão cortês, que nunca há de te deixar por aí a dar em nada. Porque ele em si é o tudo. O todo absoluto de tudo que houve, do que há e do ainda existirá. Quando os cavaleiros descoloridos em agonia da perdição das almas vêm adentrar nossos corações, é Ele quem nos salva a ditar doce canção. Porém, você tem que chamá-lo para si. Esse cavaleiro de todos os sons, de todas as cores e sabores é extremo elegante – ele respeita suas escolhas, suas decisões, seus fatos e conceitos existenciais. Por isso se faz silencio tantas vezes. Mas é como uma canção que toca bem baixinho dentro da gente. Aumente o volume, dê uma chance para esse DJ. Ele é maestro imponente, onisciente, sagaz. Ele sabe exatamente como reger a orquestra. Entregue então a batuta, a cifra, a partitura da sua vida. D’us é o dono das letras, dos números, das notas musicais, das moléculas da vida que conversam entre si e constroem em harmonia as melodias das células, dos órgãos, de todos os organismos vivos que borbulham no universo do pensamento. Pois é quando eu fecho os olhos, e me vejo em um barco em alto mar, sem bússola, sem farol, sem anzol para pescar meu peixe, sem água de beber, sem qualquer instrumento concreto para ancorar meu coração menino, Ele vem flutuando sobre as ondas e como mestre das marés das noites e madrugadas de todos os perdidos, toma o leme, apruma a proa, deriva a nossa vida a toa e nos faz ancorar. E é nesse porto que precisamos descer para enfim sabermos quem somos nós de verdade. Não é o novo passaporte para a carne indigesta, não a nova droga da festa, não o gozo da ninfeta, nem a combinação homem de plástico que vai nos socorrer dessa imensa solidão que nos habita. É de certo esse amigo discreto, dito como amigo imaginário dos loucos, que nas horas de sufoco te dá um novo tudo de oxigênio para chegarmos ao solo de nós mesmos. Eu já provei de muitos venenos em minha vida. Todos nós provamos. São venenos d’alma, que deixam sabores de fel, nos arrancam uma fração acéfala, sem neurônios descritos nas paginas das ciências. É a dor da própria consciência da ausência de ter dentro de si um céu. Então num dia qualquer, abri a porta das minhas entranhas, daquelas que as células e os tecidos não comportam, desci no ultimo porão da minha casa inorgânica, abri a porta mestra, da qual somente eu tinha a única chave e libertei a vontade de deixá-lo entrar. Desde esse dia que não sei a data, por estar em transe da mais dolorosa agonia onde pude chegar que esse amigo faz moradia, me leva na estrada e não ouso mais interceder. Deixo estar como está. Dia e noite, noite e dia, me dá mais e mais alegria saber do meu mestre a me guiar. E cada um saberá em si que Deus é esse que estou a lhe apresentar. Pois é serena sua presença, nos comete a paciência, a um novo jeito de entender e pensar as coisas da vida. Traz em si um pacote de sobrevivência além da humana - um coração meigo e discreto agora junto ao Dele bate, sempre em busca do equilíbrio na corda bamba do existir. E uma brisa morna sopra ao dia mesmo na agonia das mortes que morremos e, uma onda saborosa quebra no mar da gente - uma cachoeira do que é bom jorra da alma. E mesmo que humanos estamos, a mercê de todos os infortúnios das canções que marginalizam nossa historia, das mãos dadas surgem flores dos braços e também das bocas, olhos e pernas, onde vermes um dia irão habitar... (RUSSO,T.C.F.)


Biografia:
Professora universitária, área de bioquimica e biologia molecular, escrevo o que sinto, gosto de desenhar grafites e esculpir em paredes, gosto de cinema e tenho apreciação por Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e Clarisse Lispector. Sou o que sou e vivo o que quero viver...
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