Era eu um símbolo que
fazia rodopios diante
da memória:
sem atrações,
sem bandas,
era um subúrbio de
solidão,
onde o feérico
eram as lágrimas
iluminadas por postes
enviezados.
Foi um tempo sem nome,
que ninguém alcança.
Foi uma época de renome
onde se perde até o
simples sonho de amar.
Foi um tempo assim,
lá atrás, onde dormem
os esquecidos.
Foi desta época que
guardo coisas
que nunca se vão:
o pão ardido da manhã,
as vielas apaziguadas de sereno,
as ruas vazias de mulheres,
as cores cinzentas
que remexiam as casas
num tom úmido e disperso.
Foi ali que me tornei
homem de quatro
espadas,
cavaleiro sem reino,
homem avulso,
sem amor,
devedor,
dono de causas perdidas.
Época que fui herói
de mim mesmo,
onde me perdi de tão só,
que só ganhava meia-hora
de vida
nos braços de quem passava,
se lá eu pagasse!
Fui nobre,
mas isso já não
é mais vantagem.
Sou parte da legião
dos desabrigados,
e rezo, todos os dias,
prá vida cessar
e me levar, sem pensar!
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