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Pra quem partiu e estava pronta, mas não queria ir ainda.
Walace de Souza

Eu a vi se recolher tão fria quanto a terra que a acolhia ternamente
só que na verdade parecia nesta hora que você já não estava mais por lá
pois foi com calor da alma que eu a vi quando você se fez forte pra buscar
algo pra afirmar tranquilamente que não partiu desta vida descontente

Eu vi rosas serem jogadas sobre o solo onde agora você jaz eternamente
e assim senti que estas são como as palavras que persistem inutilmente
em perpetuar tudo o que hoje eu sei que é efêmero, ingênuo,
que quando se diz na hora errada é uma total perda de tempo
tudo aquilo que agora eu sei que só se alcança um dia em estado pleno
aquilo que levamos pela vida inteira a calar
ou que as vezes berramos aos ouvidos surdos
pois aos ouvidos atentos nos tornamos mudos
ou simplesmente guardamos no peito, como um sonho desfeito

Eu pensei um dia na infância que meu peito explodiria
que o vergão na minha pele me traria uma doença de chagas
eu sei que há tempos eu aprendi a dar maior valor as marcas
do tempo, do momento, e isso nunca cairá no esquecimento.
agora estou disposto a sentir o gosto que for, o que tiver que ser, a dor
o amargo penoso, o salgado da lágrima que escorre do olho
só pra provar um dia o doce trágico que durante a vida inteira
nos escorrega pelos dedos, por se querer te-lo em exagero
algo que as vezes achamos pouco por sermos tão tolos
algo que esteve guardado no calor da boca, entre a saliva úmida
sobre um ponto exato da língua capaz de reconhecer e dar valor
ao sabor indescritível que é a vida e que tantas vezes transformamos em ranço e dissabor.

Me diz agora por favor se é a a terra que absorve todo o sangue que em nós circula?
ou começamos a secar bem antes quando nos tornamos tão distantes?
Me diz como é realmente o nosso último suspiro?
a última vez que sentimos nossas pernas a cambalear?
Me sopra ao ouvido quando eu estiver dormindo
que é pra que eu tenha a certeza de que um dia eu possa me lembrar.
E vê se de agora em diante você descansa em paz
E vê se agora não mais tão errante você encontra um lar.


Biografia:
Sobrevida SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO: Nada do que sei é meu, nem mesmo as lembranças que guardo em minha mente e coração, isso pra mim é uma certeza, como a certeza que eu tenho de que vou parar de pensar logo que meu coração parar de bater. Mas posso fazer uso do que eu bem entender que possa pra mim trazer algum prazer ou alívio de viver.
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