Há mudanças que acabam transformando nosso dia-a-dia exigindo maior esforço e tempo na adaptação, com impactos sobre as tarefas que executamos. É por isso que algumas vezes não conseguimos manter alguns compromissos.
Um aspecto interessante das tarefas de cada um de nós, é a forma como elas acabam influenciando a forma como passamos pelas transformações da vida, decorrentes da nossa necessidade de aperfeiçoamento, para encarar a vida de forma mais abrangente. São situações que se transformam em lições, levando-nos a entender diferentes aspectos de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
Ensina um filósofo, que aqueles que fazem o bem, fazem-nos em grande quantidade: ao provarem aquela satisfação, sentem que é suficiente, e não querem ter o aborrecimento de se preocupar com todas as conseqüências; mas aqueles que sentem prazer em fazer o mal, são mais esforçados, estão sempre atrás de nós até o fim, nunca estão tranqüilos, porque têm aquela idéia fixa que os corrói.
Nossa pretensão de querer construir um mundo melhor, a necessidade de aprender a pensar até as últimas conseqüências, a fim de descobrirmos se porventura aquelas ações que planejamos não poderão provocar maiores males do que bens, vindo talvez a prejudicar alguém injustamente, ou a nós mesmos.
Sabemos que podemos construir alguma coisa, sem destruir outra. Na realidade nada pode se tirar do nada. Tudo que produzimos necessita algum recurso. Não é razoável que empreguemos nosso esforço e nossa capacidade em algo na construção de alguma coisa de menor valor, se para isso precisarmos destruir ou consumir alguma coisa de maior custo ou valor.
Não é assim.
Uma das condições que precisamos satisfazer para identificar o bem, consiste como é óbvio, em avaliarmos, previamente, as suas possíveis conseqüências, nem só das imediatas, mas sim devemos realizar também o exame, criterioso e exaustivo, de todas as conseqüências que poderão ocorrer, tanto no futuro mais próximo, quanto no mais distante.
Fazer o bem de maneira inocente, desavisada, ingênua ou imprudente pode converter-se numa armadilha, que poderá nos levar diretamente à infelicidade e à desgraça, ou que poderá provocar a infelicidade e a desgraça de terceiros, inclusive daquelas pessoas às quais estamos tentando fazer o bem.
É o que acontece quando exageramos na bondade para com os outros, como, por exemplo, quando mimamos um filho, a ponto de transformá-lo num indivíduo genioso, egocêntrico e profundamente infeliz, assim como causador da infelicidade de outras pessoas.
Aqui, devemos contrariar o filósofo. Devemos, sim, ter o aborrecimento de nos preocuparmos com as conseqüências das nossas ações, mesmo quando temos a absoluta certeza de que estamos praticando atos da mais admirável bondade. Não podemos esquecer de tomar este cuidado.
A verdade é que só Deus poderia afirmar que praticou boas ações. Nós, humanos, podemos alcançar altos graus de bondade e sabedoria, mas nunca seremos perfeitamente bons e sábios.
A impermanência do mundo material, que atinge mesmo nosso próprio corpo físico, que se transforma incessantemente, força-nos a não nos apegarmos a esta ou aquela circunstância, força-nos a viver o que vier pela frente e a sermos senhores de nós mesmos independentemente dos fatores externos.
O espírito eterno - que em essência todos nós somos - não pode e não deve estar preso ao transitório, deve encontrar a felicidade não no fato de possuir algo, ou estar em algum lugar ou posição, mas sim em "ser".
E "ser" significa agir de forma a vivenciar a eternidade agora mesmo, significa atuar de conformidade com os princípios em que acreditamos, significa fazer em cada instante de vida o melhor que pudermos dentro do ponto de compreensão que já atingimos.
O Espiritismo é um caminho para atingir este equilíbrio interior, não é o único, existem outras filosofias e religiões que vividas sinceramente levam aos mesmos resultados, mas ninguém pode negar que é um dos mais coerentes e claros.
Assim, existem mudanças na nossa vida cotidiana, mudanças que encaradas da forma correta, pela perspectiva do ser eterno, sempre somam algo de melhor a nós mesmos e aos que nos cercam, e longe de nos apegarmos aos cenários que se vão, devemos nos adequar aos novos cenários que a vida nos apresenta, sob a direção extraordinária desta realidade maior a que chamamos de Deus.
Por outro lado, também sabemos que Deus escreve certo, às vezes por linhas tortas. O processo da existência é um bom exemplo disso, quando enfrentamos determinados problemas que às vezes julgamos injustos.
De qualquer forma, tenhamos a fé necessária para remover as montanhas de nossas imperfeições do dia-a-dia e aguardemos o tempo, que é o melhor remédio para tudo.
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