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MEU BISAVÔ ME CONTOU...
Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas

MEU BISAVÔ ME CONTOU...
                        Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
        ( Leôncio Francisco das Chagas, meu bisavô que viveu em 1800).

OSÓRIO

Cantou a morte de Osório,
foi testemunha ocular,
da abolição dos escravos
e em versos quis registrar:

“Para lavar-te da nódoa
Do cativeiro eis a fonte,
Refletindo no horizonte,
A aurora da liberdade.”

“Exaltou-se fervoroso
O continente do Sul,
Debaixo dum vácuo azul
A brasileira nação;
As aves em seus gorjeios,
Cruzando os ares se adejam,
Alegremente festejam
A glória da abolição.”

               *
REPÚBLICA

Testemunhou da República,
a sua proclamação,
e em versos a consagrou
escritos assim estão:

“Foi a sete de setembro,
No festejo Nacional,
Que rebelou-se a esquadra
Contra o governo legal.”
       2 de abril de 1894.
               *


FIM DO SÉCULO

Presenciou o fim do século;
segundo meu bisavô,
“século de luz e razão”,
cantado assim com louvor:

“Estamos no fim do século
Século de luz e razão;
Transforma-se a imensidade
Em completa exaltação.”
...
“Começava a interrogar:
- que é da nobre monarquia?
- passou-se à democracia,
Governo livre e exemplar.
Ele tornou a perguntar:
- e a nossa escravidão?
- pela lei da abolição
Tornou-se o país feliz.
Por esse fato se diz –
Século de luz e razão.”
    6 de agosto de 1894.
               *

FLORIANO PEIXOTO

De Floriano Peixoto,
o Marechal Presidente,
falou em versos também,
de forma bem reluzente:

“Dorme em paz na sua pátria, Marechal!
Exemplo de bravura sem igual,
Aspecto de valor.
Ah! perdeu a marinha esse gigante!
A família – o esposo e pai amante!
A pátria – o defensor!
      18 de julho de 1895”
                 *

BELO HORIZONTE

Versejou Belo Horizonte,
com altivez e muito tino,
enobrecendo a cidade
e o belo-horizontino.

Iniciava assim:
“Avante, Belo Horizonte,
Eu te bendigo, Curral,
Não Del Rei mas da república
Florescente – Capital.”
     
E o refrão:
“Quem namorar o papudo
Jamais deve se queixar,
Volta a cara, fecha os olhos,
Deixa o papo brazonar.”
     18 de fevereiro de 1897.
                 *
     

INFÂNCIA COM OS PASSARINHOS

Ele cantou sua infância,
em versos com singeleza,
e com sensibilidade
e primaveril beleza.

“Oh! Que saudade que tenho
De minha infância adorada,
Na mente sempre lembrança,
O tempo a levou...sumiu!..
Como entretinha-me, quando
Do Tico-tico eu ouvia
O seu canto que dizia:
“- Inhavi... ti... tiú... tiú...”
     
Na ponta da gameleira
O pequeno – Bem-tevi,
Gargantea: “- Ziriri.”
Esse volátil finório,
A barriça no valado
Rompe a harmonia do céu:
“-Géco...mongéco.. Léo.. Léo...
Gin... golo...ló ... lorio.”

O colheira empoleirado
Solta o canto que assim diz:
“-Tié... varná ... já ni...jagiz.”
Imitando o Bem-tevi;
A Triága trinitando
Doce harmonia sonora:
“-Fací... narí... nari... angora...
In unzéo?... ti... ti.. ti.. ti.”

O biquinho de latão
Cantando faz escarcéu:
“-Fricocí.... tico.. lium déo.”
Sempre em par alegremente;
No meio dessa harmonia
Eu pequenino me achava,
Com esses pássaros gozava
Essa vida de inocente.

Infância, gozo e alegria,
Que conservo na memória,
Esse conjunto de glória
O tempo tudo levou!...
Como foi pura e risonha
A minha infância de flores
Desses perfumes e olores
Só lembrança me ficou.
                  *


MINAS E ESPÍRITO SANTO

Minas e Espírito Santo
celebraram uma união,
que meu bisavô-poeta
eternizou na canção:

“Teu prado florecera em todo o manto
Aos raios da manhã
Do dia em que uniste ao Espírito Santo,
A essa boa irmã.
...

Em bando adejando pelos prados,
As aves cantarão
O hino da junção de dois estados
Aos laços da união.”
       27 de setembro de 1893.
*


FINANÇAS

Falou até de finanças,
tema não muito poético,
que deixava pasmo o poeta
e chegava a ser patético.

“É o alarma de uma turma desordeira,
Que, se o câmbio o for descendo a zero e nada,
A metrópole ficará indignada,
E teremos bancarrota verdadeira.

Enganai, turma opaca e agoureira,
A nação saíra dessa meada,
Empunhando a bandeira abençoada
Que salvou nossa pátria brasileira.

Não vedes que o Brasil é potentíssimo
Com seu solo criador e fertilíssimo,
E no centro desse solo brilha o ouro?


As riquezas que se estendem por fileiras,
Esmaltando as colinas brasileiras,
Serão, pois, garantias do tesouro!”

***


Biografia:
Advogado especialista nas áreas comercial e tributária. Foi consultor jurídico da ACMINAS – ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS. Sócio do CUNHA PEREIRA & ABREU CHAGAS – Advogados Associados. Curador Especial nomeado por Juízes Federais e Estaduais. Atua junto aos TRIBUNAIS SUPERIORES. Assessor do SIM – INSTITUTO DE GESTÃO FISCAL. marcoaureliochagas@gmail.com
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