Soube de alguém
que estava triste,
me contou quem,
de dedo em riste,
falou mal do amor,
disse que amava os espinhos,
que negava a flor...
Soube, por acaso,
que havia adotado a solidão,
a pusera na escola do fado
para aprender sobre a dor
de quem não canta em vão..
Soube, por saber,
que havia uma fresta no telhado,
que a lua espiava só para ver
se havia só um mal olhado,
ou se viver é só uma escolha,
como ao vinho impede a rolha...
Bati na porta,
um olho me viu, temeroso,
escutei os latidos da aorta
de quem esperava o gozoso
momento de não ser a morta
esperança esperando o abraço
do mais desnudo amor, imperioso...
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