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A MÁQUINA DO MUNDO
RESENHA
Ismael Monteiro

Resumo:
Interpretação do Poema A Máquina do Mundo de Carlos Drumond de Andrade

RESENHA DO POEMA “A MÁQUINA DO MUNDO”
De Carlos Drumond de Andrade

     O poema “A Máquina do Mundo” é um texto que comove de tão bonito. Este poema foi publicado no livro Claro enigma (Andrade, 1973, pp. 197-200). O texto possui 96 versos e apresenta seis períodos que estruturam toda a narrativa.
     Na primeira narrativa, o autor delineia o espaço temporal onde o acontecimento será narrado, abrangendo o “fecho da tarde” e “a estrada de Minas”. Isso revela que que o viajante encontra-se envolto por sentimentos de introspecção ou renúncia, sempre em busca de um conhecimento que lhe parece ser longe de encontrar. Como se pode observar neste poema, o viajante caminha sozinho e se identifica com a paisagem árdua, provavelmente por fazer parte de seu próprio ser desenganado.
Este caminho árido, pedregoso, se constitui num elemento, a partir do qual ele se define como um ser solitário, que pode revelar um conflito existencial que é peculiar entre muitos poetas.
     Na segunda narrativa aparece, discretamente, o autor do discurso, onde se percebe claramente o clima de introspecção do solitário caminhante. Veja-se os textos: “Abriu-se majestosa e circunspeta,/sem emitir um som que fosse impuro”.
Na terceira narrativa, ele continua em seu tom medidativo: “Abriu-se em calma pura”, [...] “convidando-os a todos, em coorte, a se aplicarem sobre o pasto inédito da natureza mítica das coisas,”. Rapidamente, ele muda de tom: “olha, repara, ausculta: essa riqueza, sobrante a toda pérola, essa ciência/sublime e formidável, mas hermética [...] vê, contempla, abre teu peito para agasalhá-lo”. É importante salientar que os verbos “olha”, “repara”, “vê”, “contempla”, atuam como um reforço, assim como os adjetivos usados: “sublime”, “singular”, “formidável”.
Na quarta narrativa, o viajante continua a sua jornada, mostrando um panorama, possivelmente de uma cidade que chegou: “As mais soberbas pontes e edifícios”. O objeto desta contemplação é o todo: “distância superior ao pensamento, /os recursos da terra dominados, e as paixões e os impulsos e os tormentos/ e tudo que define o ser terrestre, [...] dá volta ao mundo e torna a se engolfar na estranha ordem geométrica de tudo”. Ao contemplar toda a realidade, o viajante supera os limites da existência individual e exerce sobre esta mesma existência uma irresistível atração.
Na quinta narrativa, ele pára, pensa, reflete “Mas, como eu relutasse em responder/a tal apelo assim maravilhoso”. É um momento de dúvida em que o poeta parece querer ter fé, quer continuar. A um momento parece que está livre: “que vou pelos caminhos demonstrando/e como se outro ser, não mais aquele/habitante de mim há tantos anos,/passasse a comandar minha vontade que, já de si volúvel, se cerrava/semelhante a essas flores reticentes”. Nestes textos, ele se deixa levar, mas no final desta narrativa, ele volta a si: “baixei os olhos, incurioso, lasso”.
Na última narrativa, o viajante continua meditando: “a treva mais estrita já pousara/sobre a estrada de Minas, pedregosa”. É nesta situação que o viajante continua a sua viagem, imerso nas trevas, em busca de um conhecimento que não encontra, mas que volta a procurar.


CONCLUSÃO


O poema “A máquina do mundo”, revela um “vazio” que procura Drummond com as suas analogias. Ele revela o mundo interior do poeta em oposição ao mundo exterior, muitas vezes, feito de tédio, de rotina ou prisão.
A Drummond interessa mais a procura, sempre inesgotável e através da linguagem, dos caminhos que possam conduzir à alguma coisa, mas que ele mesmo não aceita. Neste poema Drummond deixa claro a sua personalidade, a busca do vir-a-ser: em alguns momentos ele é superficial, pessimista, cético, triste ou alegre, em outros ele quer fugir a realidade, quer se refugiar em alguma coisa, que ele mesmo não sabe, ou evita saber.
Ele busca, pelas agruras de um caminho que ele mesmo definiu “pedregoso”, chegar a um fim que procura, mas reluta em aceitar.
Ele redesenha um mundo grandioso, fala das paixões, da relação entre dia e noite, luz e sombra, o cheio e o vazio, mas ele se entrega ao saber, ele quer continuar a sua busca. Não quer seguir pelos caminhos da fé, porque é cético, às vezes. De repente, torna-se religioso e neste vai-e-vem, suas opiniões balançam, mas, prefere desprezar o auxílio superior, justamente quando lhe faltam forças para continuar.
Dessa maneira, ele termina o poema, voltando ao início. Sua vontade de continuar a procura é tão grande, que ele precisa sempre mais, escrever versos, colocar prá fora toda sua criatividade, o seu íntimo, a grandiosidade de sua alma. Por isso, toda a sua poesia é tão lida e respeitada por milhões de leitores.









REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro Enigma. São Paulo: Ed. Record, 1951.

BERGES, Daniel et al. Métodos críticos para a análise literária. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 1986.


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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