Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Vingança de Pobre
Coisas do quotidiano de pobre...!
Aderito Celso Benedito Quive

Não conheci meus pais. Nem sei se tive algum. Ohhh... minha mãe! Dizem que morreu de AIDS quando eu devia ter 3 ou 4 anitos. Pois é, prostituia-se para me sustentar... “ishhhh...! não me lembro da última vez que chamei “mamã” Cresci de esmolas em um contentor de lixo do mercado do bairro. No meu contentor só chegava casca de banana, casco de ovo,... eu me perguntava “quando comerei um take-away?”
Quando tinha 15 anos Deus acordou do sono. Um homem bonitoe legante parou de um carro muito bonito que eu não me arrependeria se morresse nele e jogou um plástico com duas bananas. O Xidzundzu e o Xkhuyana “os reis dos contetores mais recheiados dormiam. Por isso que não me tiraram as bananas. Naquele dia dormi feliz! No segundo dia o mesmo homem parou e deu-me um pão redondo com muitas coisas dentro. Os que jogavam lixo no meu contentor sussuravam “Ehhhh, olha, o Molweni está comer Hamburger!” dai aprendi que aquele pão não se chamava pão. Era o tal de hamburger....
No terceiro dia o homem parou e ficou só olhando para mim. Eu estava todo ansioso para um outro pão que não se chamava pão. Minutos depois o homem entrou no carro e partiu sem dar-me algo. Chorei o dia todo e me perguntava “Deus dormiu de novo?” no quarto dia o homem não apareceu; quinto dia; sexto dia; uma semana... o lixo jogado em meu contentor apodrecia mais e mais pois eu achei melhor acabar com tudo: me entregar a morte! Assim foi, fiquei muito fraco que apaguei... quando acordei estava em um lugar desconhecido, muito bonito que falei para mim “só pode ser o tal do paraíso. Se soubesse antes que morrer me traria para um lugar bonito assim, teria morrido há muito tempo...” de repente uma porta abriu e vi o rosto do homem do carro bonito. Olhei-o e perguntei “O Senhor, é o tal de Deus, nem???!!!”, ele disse “não! Sou alguem que cresceu como tu!” De seguida mostrou-me um tal de “guarda-roupa” e disse que aquelas roupas todas eram para mim. Fomos para uma sala muito grande que dava para jogar bola e sentamos numa mesa grande. Trouxeram muita comida que perguntei “onde estão os convidados para a festa? E a música?” ele respondeu “não é festa. Este é nosso jantar!” suspirei profundamente... depois do jantar ele disse “vamos caminhar que te mostro a fazenda e a outra mansão!” levou-me para o estábulo de seus cavalos. Enquanto caminhavamos eu contava os cavalos. Notei que haviam 20 compartimentos de cavalos mas que haviam apenas 19 cavalos e que no último compartimento havia uma cama feita à pau e uma mantinha bem velha. Perguntei porquê havia alí uma cama e uma mantinha ao invês de um cavalo. Ele disse “aqui foi meu quarto quando o antigo dono da fazenda me trouxe para aqui quando eu tinha 10 anos. Dormi aqui por muitos anos.” Perguntei:
-“O senhor foi à escola quando criança?”
-“Não!”
-“como sabe vestir tão bem, escrever tão bem e falar bonito?”
-“O antigo dono da fazenda pagava professores para me ensinarem aqui mesmo porque era grande demais para iniciar a primeira série com meninos de 5 anos!”
-“como a fazenda tornou-se sua?”
-“O antigo dono da fazenda não tinha filhos. Eu aprendi rápido que ele pagou-me universidades do mundo de longe. Ele me tratava feito filho. 5 anos após voltar das américas ele tinha morrido. Deixou um testamento com tudo em meu nome; esta fazenda, as 5 mansões, os 2 hoteis, as lojas, as casas de praia e o banco!”
Fiquei calado...
O homem perguntou qual era meu maior desejo. Eu disse “queria ganhar o respeito de todos que se riam de mim quando passavam do contetor de lixo onde eu vivia; ganhar um aperto de mão dos que me chamavam nomes; de dar uma chapada a senhora da banca que sempre me jogava um balde de água suja quando chegasse para abrir sua banca!; de cuspir na cara daqueles meninos que se divertiam jogando papel e lixo em mim e por vezes praticavam pontaria em mim com pedrinhas; de oferecer um par e sapato à todo menino de rua para não rebentar seu pé no alcatrão quente” o homem ficou ouvindo minha angústia e falou, “Meu filho, Hoje sou PhD. Sou respeitado no mundo todo. Dou aulas nas maiores universidades do mundo. A riqueza triplicou e abri um centro de acolhimento de meninos de rua.
VINGANÇA DE POBRE É IR A ESCOLA!”
MORAL: Lembra daquela vez que:
-que foste humilhado?
-te sentiste a pior coisa do mundo?
-dormiste sem comer?
-não foste a festa por não ter roupas adequadas?
-só ias à igreja pois era o único lugar sem descriminação?
-conquistavas meninas e elas perguntavam “Tens carro?”
-sua menina perguntava “Amor, quando me levarás para tomar sorvete? Ao cinema?” e respondias olhando para o chão com olhar de cão molhado?
-ela te respondeu “Te deixei porque eras pobre. Não tinhas futuro para me dar”?
Pois é...
“VINGANÇA DE POBRE É IR A ESCOLA!”
Eu vou à escola...


Biografia:
Adérito Celso Benedito Quive
Número de vezes que este texto foi lido: 52846


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Padrasto Marido Aderito Celso Benedito Quive
Crônicas Coveiro da minha Própria Sepultura Aderito Celso Benedito Quive
Crônicas Infância Perdida por 50 Centavos Aderito Celso Benedito Quive
Crônicas O que você não sabe que perdeu! Aderito Celso Benedito Quive
Crônicas Vingança de Pobre Aderito Celso Benedito Quive
Artigos A FANTASIA DO OUTRO Aderito Celso Benedito Quive
Crônicas Wrong Turn Aderito Celso Benedito Quive


Publicações de número 1 até 7 de um total de 7.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69013 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57920 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56761 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55838 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55115 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55066 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54954 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54893 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54822 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54816 Visitas

Páginas: Próxima Última