É esse céu grisalho, o que muito nos aflige.
É o nosso agasalho, o que aos poucos nos cinge.
Que embora vil, nos acolhe como uma luva.
(O mel do orvalho que se forma após a chuva).
Úmida, fria, é brutal como a Selva.
Mas tão necessária para que cresça a relva.
Assim é a verdade, que ao nosso peito agride.
Amputando-nos a vaidade, o que empobrece a vide.
Libertando-nos do mau-senso, nosso próprio caminho.
Aparando-nos as arestas, à espera da chuva.
Para que assim possamos produzir mais uva!
Ou quem sabe, colhermos mais vinho?
Que de tão letal, nos traz à vida.
Matando-nos a alma, conservando-a aparente.
(É que às vezes a verdade dói, e nos corroí de atrevida).
Mas para sempre, uma renovação da mente.
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