Caso nenhum poeta o tenha cantado,
Sempre teria tempo de faze-lo agora:
Ah! Que mundo solidário e belo seríamos se as teorias fossem súditas da prática.
Se as teses dos arquitetos brotassem dos canteiros de obras;
Se os economistas avaliassem suas engenhocas tecnocráticas à mesa dos famélicos;
Se os médicos dedicassem prioritariamente seu tempo aos que sofrem a doença por falta de atendimento à saúde;
Se os jornalistas buscassem sempre a verdade;
Se os advogados priorizassem a verdade;
Se os governantes passassem a ser subordinados aos que permanecem como irremissíveis deserdados sem adjetivos;
Se a maioria dos juízes e dos catedráticos, pretensos guardiões da justiça e do saber imparciais, apeassem de seus olimpos elitistas, sentissem o cheiro do povo, suas angústias, e descobrissem porque, pelos pobres, nunca os sinos dobram.
Que bom seria se a ciência fosse neutra;
Que bom seria se a tecnologia privilegia-se a vida;
Que bom seria se os "anos novos" não fossem feitos por nós repetidamente velhos;
Que bom seria se isto tudo que me veio a cabeça agora fosse improcedente!
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