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Fingindo uma inocência que beira ingenuidade infantil, um tipo de roupa que não cabe em adultos, o ex-presidente Lula se finge de inocente. Diz até ser um “honesto supremo”. Levando uma legião a acreditar. E não pensem que são só aqueles das manifestações nas ruas. As legiões que acreditam em Lula são muito maiores.
Dilma, outra ex-presidente vestiu a mesma roupa do seu criador. Desde as pedaladas que abreviaram seu segundo mandato, se diz uma inocente contumaz. De repente, os criminosos e cínicos são os publicitários e os empresários, que até pouco tempo tinham passe livre pela morada da presidente. Algumas legiões acreditam na sua inocência.
Desde a divulgação da conversa gravada entre o presidente e o agora “criminoso e bandido” da JBS, foi a vez de Michel Temer sair às pressas comprar sua roupa de ingenuidade. Seu grito de inocência ecoando parece estar gerando crenças.
E desta vez, as legiões que começam a acreditar na inocência de Michel Temer não precisam sair às ruas para aparecer. Na verdade, elas nem querem aparecer. Preferem ficar nos “porões escuros”. Santa inocência foi acreditar que o PMDB sairia ileso.
Falo da elite brasileira. Aquela que verdadeiramente governa o Brasil. Muitos ovacionando nossa democracia, acreditam que foi o povo nas ruas que derrubou Dilma do poder. É uma ilusão. Dilma apostou que poderia bater de frente com a elite brasileira e perdeu.
Se pudéssemos ouvir o pensamento da elite brasileira agora haveria gritos de “golpe”. Desde que assumiu o poder, Michel Temer tratou de governar exclusivamente pelo bem das elites. O que já foi aprovado e as reformas propostas não visam o bem do povo. Apenas o enriquecimento das elites. No controle da inflação e juros simulam melhoras.
É possível fingir outra vez? Acredito que sim. A razão é simples. A elite tem a capacidade de acreditar e tratar a “ingenuidade” ainda com mais vigor. Eles têm nas mãos as ferramentas próprias para momentos como este.
Não tenho bola de cristal. É possível que Michel Temer caia. Torço imensamente por este desfecho. Por outro lado, conheço bem o poder das elites. Permeada por uma mistura de corruptos e lucros disponíveis para compra e venda.
Desde quinta-feira a elite não discute o futuro de Michel Temer. Nas entrelinhas da mídia percebe-se claramente que a discussão da elite é sua permanência no poder.
Se não existir um plano B confiável, será preferível para a elite assumir a cumplicidade de um crime e manter Temer desta vez, não como um fantoche. Como um zumbi. Todos sabem estarem nus num lamaçal de vergonha. E que esta nudez não será castigada.
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