O Batizado
No dia do batizado Senhor Alberto, Dona Jovelina e Lira seguiram de carro para a igreja Nossa Senhora do Desterro no Centro de Campo Grande. O vestido que Lira usava era de organdi branco. Todas as vezes que respirava, as mangas fofas se mexiam, quase tocavam suas orelhas. No peito, graciosas nervuras e ao redor da cintura, fitas coloridas em forma de trança e dois pequenos buquês de flores de voil engomado rematavam as tranças, deixando suas pontas de fitas aparentes. A saia era franzida, também com nervuras em toda sua roda.
Sua cabeça em pé. E o rabo-de-cavalo empinava o laço branco de fita de seda. Seus olhos castanhos, enxergavam, mas não viam nada. De cabeça erguida, tropeçou no pé do banco enfileirado na igreja. Sentiu o dedo doer dentro da meia e do sapato branco.
Seus padrinhos a levaram para a pia batismal. Ouviu quando o padre falou:
_Eu te batizo Lira, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Molhou sua cabeça, fez o sinal da cruz na sua testa, na sua boca, no seu peito e colocou com o dedo o sal em sua boca. Lira achou bom e pediu mais. O padre riu dizendo:
_Deus seja louvado.
Certamente se fosse a máquina preta apanharia por isso, e as pessoas implicantes teriam algo novo para caçoar dela. De qualquer maneira Lira riu, de alívio, a alegria maior vinha de se livrar daquela igreja que a assustava tanto naquela manhã...
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