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trágicas memórias
jeferson alves bandeira

Sentiu repousar uma onda de obscuridade. Tentou rasgar o cartaz. Anúncio de algo não sepultado. Convenceu-se da aparente fraqueza. Apenas um ser humano. Por mais que lutasse. O implacável fado pode repousar numa paisagem idílica, mas logo regressa. Percebeu, enquanto caminhava, seu passado sendo revisitado na memória. Anos computados. E muitas coisas amputadas. Aos poucos se viu banhado. Lágrimas. Sabia não estar sozinho. A solidão como companhia nas longas caminhadas. Fatos dos mais remotos assaltavam seu pensar. Por segundos chegava a desistir de relembrar. Tudo já havia fugido de seu controle. Mais uma fuga. Perdas. Esta palavra encalacrada em sua vida há tempos. Irreparáveis. Antes tivesse sido ele, pensava. Era linda aquela menininha. Um doce de criança. Cruel é esta vida. Cruel mesmo é o homem. Na flor de seus seis anos virou anjo. E lá no céu deve estar chorando pela fraqueza desse velho que mal tem forças para lembrar. O que tem na cabeça um ser desses? É inacreditável. Ainda hoje isso me corrói. Como ainda não levou minha vida? Um verdadeiro calvário. Sua mãe, minha filha, não agüentou. Perdi-a. Desgosto. E como foi... Trinta anos de cadeia que não trazem minha neta de volta. Não merecia tamanha violência. Ninguém merece. Meus ombros não suportam o mundo. Quase que não suportam carregar essa lembrança. Mas a vida segue. Mas a vida... Esse mundo maculado é meu calvário. Dizem que eu tenho uma aparência de homem forte. Não sabem eles que meu coração ficou tão pequeno, que já não sei onde ele bate, se ainda bate. Enfim, isto deve ser o que ainda me sustenta. Tudo poderia ter tido fim aí, mas seria pouco para uma reflexão e as lágrimas que derramariam não valeriam o esforço desse ser que se arrasta por essa obscuridade. O assassino de sua neta, não se soube por que motivo ao certo, conseguiu escapar. Já não tinha esposa, já não tinha filha e já não teria outra neta. Três mulheres tiradas em tão curto espaço de tempo. E a complicar ou aliviar um pouco sua pena, o assassino queria vingança. Começariam as perseguições implacáveis. Os conluios entre outros marginais. O intuito era fechar o cerco. Aniquilar, como os ratos à mercê da ratoeira. As traças na naftalina. Puro bicho. Sem espaço pra palavra PENA.    


Biografia:
um intervalo entre aspas e parênteses...
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