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Igual Pluma
José Ernesto Kappel

Caminhar, breve, e

meditar enquanto

o cão sonolenta.



Pensar rápido

como tábua de

contas:

um ano é igual

a tantas eternidades,



E quantas você

puder aspirar.O sumo,

o suco, a fome, no trem das

quatro!



Não aproxime, se canto

enquanto não me visto,

pros arcanjos.



A saia do rei

está enlameada e

mal tricotada.



Reveja seus olhos:

são os mesmos

de ontem?



São os mesmos

de domingo de Páscoa?



Não, já não são.



Distração por

distração vou

jogar xadrez

lá num antro

de Francoise.



Ela, bem ela...



Se casou aos

trezes na antiga

província,

de tantas árvores;



E aos catorze

só sabia jogar

gamão

e descascar frutos e

fazer ninhadas !



Amor?

Perguntei tímido..

amor se foi –disse ela, de encanto.



Começou querendo ir,

E de tanta ameaçar

amassou os lencóis de

seda e, de repente,

numa primavera sem

sol

ele se foi

armada de três guardas

da pompa

e três donzelas videntes e

ajudantes.



Destas - de

suavizar lágrimas

de ontem em lenços

de seda.Cumieiras

de outros.



Talvez não tenha

nada com isso.

Mas deixar ir,

deixar, não deixo.



Prata e acastanhados

são seus olhos.



Os meus de vidros,

feitos pontes

erguidas por cordas

roliças ,grossas

e aventurosas.



Neste rio eu não caio,

nado se puder,

grito de ansiar,

mas nele eu não caio!



Mas deixar

teu corpo assim

juro nunca mais,

nunca mais, juro.



De falências tô

cheio,até

pra pré-morte

já me convidam.



Mas um dia

quando neste mesmo

céu arcanjo que eu vejo,

você ver,

então, sua voz

anodoada perguntará:



Mas quem era este

homem.

Este pobre homem,

este homem de mil vidas

que só procurou uma ?



Este pobre homem, quem

era, que de mortal tinha tudo,

até sua faca lânguida

e opaca, bem afiada e

particular

para certas

ocasiões bem mortais !



E por dizer,

digam todos:



neste

ônibus das cinco, apertado

e suado,

vou no mexe-mexe,

pensando:



Mas que diabos,

Que diabos,

Tô eu fazendo aqui ?

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