Nas ruas do Rio de Janeiro, às duas da manhã,
Você volta sozinho de uma festa, a pé.
Passa por muitas favelas e ruas desertas,
Em uma dessas ruas, você vê um homem se aproximando.
Assim que ele passa por você, cai no chão inconsciente.
Primeiro passo. Você acha que ele levou um tiro.
Segundo passo. Você se abaixa para não levar um tiro
Terceiro passo. Você percebe que não ouviu barulho algum de tiro.
Quarto passo. Você imagina que podem estar usando silenciadores nas armas.
Quinto passo. Você acha tudo isso uma besteira e se convence que não foi tiro algum.
Sexto passo. Você se levanta.
Sétimo passo. Você observa que o homem ainda está no chão.
Oitavo passo. Você pensa em ajudá-lo.
Nono passo. Você pensa duas vezes, afinal pode ser uma armação para te assaltarem.
Décimo passo. Você olha para os lados para ver se não é uma armação.
Décimo primeiro passo. Você percebe que não é uma armação.
Décimo segundo passo. Você percebe que ele ainda está no chão.
Décimo terceiro passo. Você abaixa para ajudá-lo.
Décimo quarto passo. Você pensa que é uma brincadeira de mau gosto.
Décimo quinto passo. Você se levanta e olha desconfiadamente.
Décimo sexto passo. Você percebe que não é uma brincadeira.
Décimo sétimo passo. Você abaixa novamente para ajudá-lo.
Décimo oitavo passo. Você percebe que o caso é grave.
Décimo nono passo. Você percebe que precisa de ajuda.
Vigésimo passo. Você pensa em chamar uma ambulância.
Vigésimo primeiro passo. Você chama uma ambulância.
Vigésimo segundo passo. Você percebe que a ambulância não vai chegar a tempo.
Vigésimo terceiro passo. Você pensa em prestar os primeiros socorros ao desmaiado.
Vigésimo quarto passo. Você vê a ambulância chegando.
Vigésimo quinto passo. Você percebe que não prestou os primeiros socorros ao desmaiado.
Vigésimo sexto passo. Você relata o acontecido aos para-médicos.
Vigésimo sétimo passo. Você observa o trabalho dos para-médicos.
Vigésimo oitavo passo. Você continua seu caminho.
Vigésimo nono passo. Você se preocupa com o homem.
Trigésimo passo. Você se distrái com qualquer coisa na rua.
Trigésimo primeiro passo. Você chega a sua casa e vai dormir.
Trigésimo segundo passo. Você acorda e liga a televisão.
Trigésimo terceiro passo. Você assiste ao noticiário que relata o infarte de um homem que morreu porque a única pessoa presente hesitou em ajudá-lo.
Daí surge a pergunta. Se esse homem fosse um parente seu, ele precisaria passar por isso tudo? A resposta é simples. Claro que não. Então talvez se nós tratassemos todos os seres humanos imparcialmente
o mundo seria melhor.
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